Angelita Gama, da USP, é uma das cientistas mais influentes do mundo
Cirurgiã e pesquisadora brasileira é considerada pela Universidade de Stanford uma das que mais contribuíram para o desenvolvimento da Ciência no mundo
A pesquisadora e cirurgiã brasileira Angelita Habr-Gama, professora emérita da USP, entrou na prestigiosa lista das cientistas mais influentes do mundo, feita pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que a incluiu entre os 2% de profissionais da área que mais contribuíram para o avanço da ciência no mundo. O nome de Angelita entrou na atualização do rol de dados sobre ciência, feito no final de 2021 pela Universidade em parceria com a editora Elsevier BV.
Mesmo antes desse reconhecimento, Angelita, de 90 anos, já era conhecida por ser uma referência mundial em coloproctologia, especialidade que estuda as doenças do intestino grosso e delgado, do reto e ânus. Pioneira, ela, que nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, começou a estudar Medicina aos 19 anos, quando iniciou sua carreira marcada pela excelência em ensino, pesquisa e extensão. Já formada, foi a primeira mulher residente de cirurgia no Hospital das Clínicas, em São Paulo, criou a disciplina de Coloproctologia na unidade e também a primeira a chefiar os departamentos de Cirurgia e Gastroenterologia na Faculdade de Medicina da USP. Angelita fundou ainda a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci), em 2004.
Ao longo de décadas de trabalho, Angelita publicou centenas de trabalhos científicos, que lhe renderam mais de 50 prêmios em todo o mundo, e foi designada coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal pela Organização Mundial de Gastroenterologia (OMGE). Ainda hoje, a nonagenária preside inúmeras sociedades científicas, é membro honorária no centenário American College of Surgeons. Em sua lista de pioneirismos, a pesquisadora também tornou-se a primeira mulher a integrar o seleto grupo de 17 Membros Honorários da European Surgical Association e foi reconhecida pela revista Forbes, em 2020, como uma das mulheres mais influentes do Brasil.
Naquele mesmo ano, o primeiro da pandemia, Angelita Gama chegou a ficar 50 dias sedada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na capital paulista, com covid-19. “Acho que saí mais forte e alegre da covid-19. Voltei ao meu cotidiano extremamente ativa. Trabalho é a minha condição de vida”, declarou ela ao Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) logo após a recuperação. Desde então, ela retornou às suas atividades no consultório e às cirurgias de alta complexidade no trato intestinal.