Os produtos de couro de grifes internacionais de luxo como Louis Vuitton, Gucci, Hermes, Chanel, Chloe, Loewe e Carolina Herrera vêm de bem longe das capitais da moda Milão, Paris, Nova York e Londres. A cidade de Ubrique, no sul da Espanha, é a responsável por fornecer bolsas, carteiras e cintos encomendados pelas marcas e produzidos, um a um, pelos artesãos dali.
Só que isso é segredo por lá. Ninguém pode falar sobre sua produção e assina-se inclusive um contrato de confidencialidade, necessário para evitar que o design de ponta sirva de inspiração a cópias baratas.
Há mais de 200 anos a cidade se especializa em couro – do tingimento a tarefas mais qualificadas, que garantem um produto mais refinado, responsável por sua fama hoje em dia. Mais da metade de seus moradores trabalha no comércio de couro e produz a maior parte dos produtos que é vendida no país, além de suprir grandes empresas de moda no exterior.
As técnicas necessárias para produzir itens de alta qualidade são passadas de geração a geração, um negócio que passa de pai para filho. A tradição de Ubrique e a qualidade do material fornecido atraiu os designers das grandes marcas, além da manutenção do artesanato que respeita o tempo de produção de um único trabalhador, e por isso agrega valor.
No entanto, isso nem sempre é valorizado, sobretudo em tempos de crise quando se procura por opções mais econômicas, direcionando os pedidos de Ubrique à China, por exemplo. Por isso, os artesãos do couro defendem a oficialização do reconhecimento de sua técnica por um rótulo “Made in Ubrique”, pois é notável a diferença de qualidade, com cuidado percebido em cada detalhe da peça, o que acaba reconquistando e fidelizando as marcas.