Arte com agulhas

O paulistano Thiago Rezende faz dos trabalhos manuais uma forma de expressão artística. Suas criações lúdicas em crochê e tricô inspiram e tiram o fôlego!

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 06h13 - Publicado em 30 mar 2014, 21h00

O artista paulistano Thiago Rezende
Foto: João Ricardo de Abrahão e Alice Vergueiro

Impossível não se surpreender ao ver o paulistano Thiago Rezende, 32 anos, com suas gigantescas agulhas em mãos. Além de exercitar uma atividade que por anos ficou restrita ao universo feminino, ele derruba por terra outro mito: o de que o tricô e o crochê não podem ser usados para criar obras de arte.

Thiago prova que podem, sim! E, para tal missão, ele deixa de lado as lãs macias e as substitui por cordas rústicas e coloridas; em vez de usar agulhas finas, opta pelas ferramentas gigantes; e os gestos delicados são substituídos por movimentos rápidos e vigorosos. “Dar forma a objetos usando fios e cordas é muito mágico”, afirma. Foi na faculdade de Artes Visuais, há cerca de cinco anos, que Thiago teve o primeiro contato com os trabalhos manuais. “Comecei com o bordado, mas vi que não era a minha praia. Então, fui aprender tricô e crochê assistindo a vídeos no YouTube”, conta ele, que atualmente trabalha como supervisor de setores educativos de espaços culturais e mantém um site (www.homemnaagulha.com) onde expõe e vende algumas peças, como capas de bancos, tapetes e amigurumis (aqueles bichinhos divertidos feitos de crochê).

Thiago crochetou dezenas de tapetes que, juntos, formam a Nascente, uma de suas obras mais lúdicas
Foto:João Ricardo de Abrahão e Alice Vergueiro

As agulhas de tricô e crochê gigantes, que são usadas em suas performances artísticas e despertam a curiosidade das pessoas, foram criadas pelo próprio Thiago durante uma exposição, em 2012, no Sesc Pompeia, em São Paulo. “Exageradas e divertidas, elas me possibilitam potencializar os movimentos bonitos do ato de tecer. De longe, as pessoas reconhecem os gestos, e logo a memória afetiva é despertada”, conta o artista plástico. Mas as obras de arte também podem surgir do trabalho com as agulhas tradicionais.

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É o caso de Nascente, um de seus projetos mais lúdicos, que consiste em um enorme tapete de crochê ligado a uma torneira (que Thiago carrega para onde quer que vá expor a peça), simulando um grande lago azul. “Foram cerca de três meses crochetando dezenas de tapetes com linhas de algodão”, conta o artista.

SEM BARREIRAS DE GÊNERO

É arte! As performances realizadas em espaços culturais costumam atrair a atenção de adultos e crianças
Foto: João Ricardo de Abrahão e Alice Vergueiro

Thiago conta que costuma atrair olhares curiosos quando está tricotando no metrô ou quando vai a alguma loja comprar lã. Segundo ele, isso se deve a seu visual, que foge dos clichês ligados ao mundo do tricô: ele é jovem, forte e barbudo! “As pessoas ficam curiosas, mas eu acho isso ótimo, pois o maior objetivo do meu trabalho é quebrar essas barreiras de gênero. Em Nova York, por exemplo, existe até um grupo de executivos que faz tricô durante o happy hour”, afirma o entusiasmado artista. Como um presente para as leitoras de MANEQUIM, Thiago disponibilizou a receita do ursinho amigurumi que você vê na foto.