O grisalho mais cortejado do momento
Foto: TV Globo/Divulgação
Os cabelos acinzentados dão o maior charme a Reynaldo Gianecchini e a mulherada cai matando. “É impressionante como elas gostam de um grisalho”, diverte-se o ator, que continua solteirinho da Silva. Ele assumiu esse tom natural depois do tratamento de quimioterapia ao qual se submeteu há três anos, para vencer um linfoma não-Hodgkin (câncer no sistema linfático).
Totalmente recuperado, o artista agora está na nova trama global das 9, Em Família, na pele de Cadu, marido da personagem de Giovanna Antonelli, que o troca por outra mulher.
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Mais maduro e lindo, ele não desistiu de encontrar a parceira ideal. O sonho de ter um filho, biológico ou adotado, anda rondando o belo, principalmente depois da perda do pai, o professor Reynaldo Cisoto Gianecchini, que faleceu vítima de um câncer no sistema digestivo em 2011.
Em homenagem ao seu pai, o ator está construindo uma fundação na sua cidade natal, Birigui (SP), que assistirá crianças, jovens e idosos. “Esse é o projeto da minha vida”, garante.
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Além da emoção de fazer a última novela de Manoel Carlos, que o lançou em Laços de Família (2006), há mais uma novidade na vida de Giane. Com a colega de elenco Giovanna Antonelli, ele está abrindo um restaurante de comidas orgânicas no Rio.
Mas sua maior meta, no momento, se constitui num desafio que bem poderia ser incorporado por todos nós. Viver e com imenso prazer um dia de cada vez. Vamos descobrir como o galã está conseguindo isso?
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Para você, Em Família é uma novela de reencontros, com Manoel Carlos, Giovanna…
Reynaldo Gianecchini Maneco é meu padrinho artístico. Estou na televisão porque ele bancou, foi corajoso, já que eu não tinha experiência nenhuma. Ele me deu um papel lindo, numa novela linda, que foi Laços de Família. Sou eternamente agradecido pela confiança que ele teve em mim. Admito que foi muito difícil fazer aquela novela. E agora, depois de 13 anos, faço a última trama do Maneco. Parece que também estou fechando um ciclo. Por causa do Edu, tive a chance de continuar minha carreira.
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Agora está mais fácil?
Eu que achava tão difícil fazer novela lá atrás, continuo achando tudo muito difícil (risos). Esse texto é tão bom e é tão simples… E o simples é tão difícil de fazer. Eu estou ralando de novo, mas feliz pra caramba.
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E como está sendo gravar com Giovanna, com quem você já fez par romântico?
É uma grande alegria. E o Cadu é um personagem leve, gostoso, sem grandes questionamentos. Ele é tão apaixonado por comida, que deixa a mulher de lado e ela acaba se apaixonando por outra pessoa.
Para o papel, você fez laboratório relacionado a culinária?
Fiz, estou muito atento, cozinhando com amigos que são chefs, entrando em cozinhas. E estou montando um restaurante com Giovanna e Andréa Henrique que é uma chef maravilhosa. Tenho conversado muito com ela, que também é apaixonada por gastronomia.
E já está se arriscando na cozinha?
Ainda não. Acho maneiro ser chef, acho chique, mas não tenho nenhum talento. Ainda estou na fase de conseguir fritar um ovo.
Se você fosse trocado por uma pessoa do sexo oposto, como reagiria?
A dor de ser trocado é a mesma, independente de ser por um homem ou mulher. Não sei como eu reagiria. Acho que essas coisas você só sabe quando vive. Essa questão de traição é muito dolorosa e cada um lida da forma que consegue. Relação é muito difícil. Sou um cara que sempre tenta compreender o que leva as pessoas a tomarem determinadas decisões e procuro aceitar. Em minha vida, busco priorizar o perdão e o entendimento.
O personagem também vai encontrar um novo amor, correto?
Sim. A traição da esposa abre uma brecha para ele voltar a se apaixonar. E ele vai encontrar um novo amor, que será vivido pela Bianca Rinaldi.
Como está a emoção ao saber que está fazendo a última novela de Manoel Carlos?
Acho que todo mundo que está fazendo essa novela está buscando homenageá-lo. Todo mundo querendo fazer bem essa novela para ele, que é um cara incrível. Eu pertenço a esse time. E me sinto honrado. É muito emocionante para mim.
Ao lado de Carolina Dieckmann em sua estreia na TV- Laços de Família de Manoel Carlos
Foto: TV Globo/Divulgação
Se você não tivesse começado numa novela do Maneco, acha que sua carreira seria diferente?
É difícil afirmar com certeza, mas acho que seria, sim. Penso que a exposição que ele me proporcionou me abriu as portas para outros trabalhos, que do contrário eu levaria anos para conseguir. Nesse ponto, foi um impulso enorme, porque foi muito rápido.
Como você analisa sua trajetória nesses 13 anos?
Foi um longo aprendizado. A minha relação com a fama, a forma de lidar com o fato de estar exposto, eu não sabia nada disso… Ao longo desse tempo aprendi a me preservar, mas sofri. É difícil você dar esse salto de ser uma pessoa anônima e se tornar famoso. Eu era um cara ingênuo e tive de aprender a me colocar na vida.
Pode explicar melhor?
Teve ralação e aprendizado. De repente, eu me encontrei no meio dessa profissão tão bonita, mas tão difícil, tão cheia de vaidades. Precisei me salvar como ser humano nisso tudo… Conseguir me posicionar, delimitar onde as pessoas podem e não podem invadir minha privacidade. E o aprendizado com a própria profissão mesmo. Tudo o que eu fiz me ajudou a me tornar um ator mais cheio de recursos. Agora posso brincar, me divertir mais. Esses 13 anos foram um intensivão de vida. Parece que vivi 50 anos.
Seu personagem, a exemplo do que aconteceu com você na vida real, vai enfrentar uma doença ainda não definida por Manoel Carlos. Não será doloroso para você reviver tudo após estar recuperado?
Não terei o menor problema, mesmo que fosse a mesma doença. Maneco também me perguntou se isso iria me incomodar e eu disse que não e que inclusive poderia ser a mesma doença. Sabe por quê? Encarei tudo que eu passei de forma decidida, tive um processo de entendimento de vida bonito com a minha doença. Não foi um processo baixo-astral, ao contrário, me levou para um nível de humanidade que eu agradeço. Estou prontíssimo e entregue. Aliás, no dia 22 de janeiro, fez dois anos que ganhei uma medula nova.
Parabéns, é um orgulho conhecê-lo. Você é uma lição de vida. E quais são seus planos para o futuro?
Estou abrindo o restaurante Pomar Orgânico com a Giovanna aqui no Rio. Ela é uma ótima parceira. A gente fez muito trabalho junto e a maioria como par romântico. Inclusive, vamos estrear um filme bem legal, SOS Mulheres ao Mar, de Cris DAmato. Tenho uma relação deliciosa com Giovanna. A gente estabeleceu uma intimidade que é gostosa de levar para o trabalho. Ela é uma pessoa com muita energia e a gente tem tudo a ver. Meu santo bate com o dela. É tanta afinidade, que resolvemos virar sócios.
Foi coincidência ou vocês se animaram com as histórias dos personagens da novela?
Foi uma coincidência enorme. Fui chamado por último para o restaurante. Giovanna até já tinha entrado no projeto. A Andrea Henrique, nossa outra sócia, é uma pioneira nesse segmento de alimentação orgânica com sabor aqui no Brasil. Eu tenho uma preocupação enorme com minha alimentação. Juro que eu me associei porque quero comer neste restaurante todos os dias (risos). Quero que o restaurante seja a minha casa e vou receber todo mundo por lá.
Você sempre se preocupou com a alimentação?
Sim. Depois que virei modelo tive que fazer uma reeducação alimentar porque tinha que cuidar muito do corpo. Eu achava que comia superbem. Até que descobri que um frango grelhado e uma salada podem estar cheios de hormônios e agrotóxicos. Procurei eliminar tudo isso da minha alimentação, assim como açúcar e gordura. Durante o meu tratamento, fiz a dieta Ayurveda, que prega que alimento é remédio. Ela me ajudou muito a me recuperar da quimioterapia. Hoje, não a sigo de forma radical, mas cortei o glúten e a lactose, porque acho que não fazem bem ao meu corpo.
Como reconstruiu sua vida depois do transplante de medula?
Vivendo um dia de cada vez. Aprendi no meu tratamento que tenho que viver o presente e buscar o prazer do meu dia. Não importa o que aconteça, com todo o estresse da vida, eu quero aprender a respirar e só dar importância ao que merece. Eu faço esse exercício diário, o que não é fácil. Me considero bastante espiritualizado, mas continuo buscando muito minha espiritualização, que se intensificou durante o período da doença.
E seu projeto de montar uma fundação de assistência social?
Esse é um dos assuntos que mais me dão prazer em falar hoje em dia. Minha fundação está indo bem, graças a Deus. Funciona com uma estrutura pequenininha em um local que eu aluguei. Lá, já oferecemos alguns cursos. Mas temos um projeto para começar a construir e até o segundo semestre termos uma estrutura enorme. E aí o céu é o limite. Quero ajudar crianças, adolescentes e idosos, que são muito carentes no interior. O Centro de Apoio Professor Reynaldo Gianecchini, que é uma homenagem ao meu pai, é o projeto da minha vida.
E você adotou mesmo o cabelo grisalho, hein?
Ninguém mais deixa eu pintar o cabelo (risos). E, na verdade, descobri que a mulherada adora um bom grisalho. É impressionante como elas me param na rua para falar do tom do meu cabelo, para elogiar. Honestamente, não acho tão mais legal assim, mas estou gostando muito dessa reação do público feminino (risos).
Pretende ter filhos?
Tenho pensado muito sobre isso. Não estou na condição de querer ter. Mas essa ideia começou a me rondar depois que meu pai morreu. Tive muito esse questionamento de continuidade. Se eu encontrar uma parceira ideal, pretendo ter um filho. Acho que vou me agarrar a essa oportunidade. Quem sabe começo a pensar mais?
Teria um filho de produção independente ou adotaria?
Acho muito bonito o ato de adotar, mas sozinho não faria, não. Se eu achar uma parceira muito legal, tô dentro.
Está numa boa solteiro?
Ah, numa ótima! Continuo solteiro convicto. É, estou solteiro, mas não estou morto. Ando praticando bastante (risos). Mas falando sério: casamento é um encontro na vida. Prefiro estar sozinho a estar com alguém que não tem um encaixe na minha vida. Eu não sou um cara que precise estar com alguém. Lido bem com a solidão. Ao encarar a morte, descobri que a gente é muito solitário. A gente veio ao mundo sozinho, vai embora sozinho. Mas é delicioso quando a gente encontra alguém para encaixar. Eu estou esperando aparecer (risos).