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Um dos homens mais poderosos de Hollywood é um abusador sexual

Atrizes como Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie e outras vítimas quebraram o silêncio: o produtor Harvey Weinstein assediou e estuprou mulheres por décadas.

Por Júlia Warken
Atualizado em 15 abr 2024, 13h13 - Publicado em 11 out 2017, 15h59
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  • Por ser um dos nomes mais influentes de Hollywood, o produtor Harvey Weinstein parecia blindado. E foi assim durante muitos anos, até que o New York Times e o New Yorker trouxeram a verdade à tona: há décadas, o magnata vem agredindo mulheres sexualmente. As denúncias incluem casos que vão desde ~meras~ propostas indecentes até estupros consumados.

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    Parceiro profissional e amigo íntimo de gente como Meryl Streep e Quentin Tarantino, e tido como responsável pela ascenção de atrizes como Jennifer Lawrence e Gwyneth Paltrow, Harvey tinha como alvo preferencial atrizes iniciantes e jovens funcionárias. No dia 5 de outubro, o New York Times foi a primeira publicação a falar dos crimes.

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    Harvey Weinstein
    Harvey Weinstein dentre outros peixes grandes de Hollywood, no Oscar de 2012 (Kevin Winter/Staff//Getty Images)

    Assédios ao longo de 30 anos, segundo o New York Times

    Na reportagem, a atriz Ashley Judd relatou que, há 20 anos, Harvey a chamou para uma reunião em seu quarto de hotel. Ao chegar lá, ela o encontrou apenas de roupão e, para completar, o produtor pediu que a atriz lhe fizesse uma massagem e que ficasse olhando ele tomar banho. Após recusar as investidas, ela tratou de sair dali o mais rápido possível. Nessa época, Harvey já era o co-fundador da Miramax, estúdio responsável por sucessos como “Pulp Fiction” e “O Paciente Inglês”. 

    Já em 2014, uma moça chamada Emily Nestor contou que estava trabalhando como freelancer para Harvey quando ele lhe fez a seguinte proposta: em troca de favores sexuais, o produtor alavancaria sua carreira no cinema. Na ocasião, Harvey tinha o posto de co-fundador da Weinstein Company, estúdio por trás de filmes como “Django Livre” e “O Lado Bom da Vida”.

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    Um ano depois, também assediou uma outra assistente. Ele teria humilhado a mulher e exigido que ela fizesse uma massagem em seu corpo nu. A denúncia foi feita por uma colega dela, chamada Lauren O’Connor. “Essa empresa [a Weinstein Company] é um ambiente tóxico para as mulheres”, declarou. 

    O New York Times diz ainda que encontrou uma série de evidências referentes a assédios cometidos ao longo de três décadas. O material conta com emails, documentos internos da Miramax e da Weinstein Company e entrevistas com funcionários. Além disso, fontes de ambas as empresas dizem que Harvey fez pelo menos oito acordos com vítimas, para que os casos não fossem divulgados. 

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    Ao menos três estupros, de acordo com o New Yorker

    No dia 10 de outubro, foi a vez da revista New Yorker publicar uma extensa reportagem sobre o comportamento predatório do magnata. Segundo a publicação, foram entrevistadas mais de 10 vítimas ao longo de quase um ano de investigação. Dentre as as mulheres que quebraram o silêncio, a atriz Asia Argento diz que foi estuprada pelo produtor 20 anos atrás. 

    Lucia Evans, que era aspirante a atriz quando conheceu Harvey, e uma terceira mulher que não quis se identificar também o acusam de estupro. Elas relatam que o produtor forçou tanto sexo oral quanto vaginal.

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    Harvey e Meryl
    Ao lado de Meryl Streep: amizade antiga e parceria profissional sólida (Alberto E. Rodriguez/Staff//Getty Images)

    Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow também quebraram o silêncio

    Não é nem um pouco difícil entender por que tantas vítimas permaneceram caladas durante décadas. Seja em Hollywood ou na casa ao lado da sua, milhares de mulheres optam pelo silêncio por causa de ameaças ou por vergonha de serem desacreditadas e culpabilizadas. Quando o agressor é um homem do calibre de Harvey Weinstein, aí fica ainda mais complicado.

    Mas, assim como no caso envolvendo Bill Cosby, a reunião de tantas denúncias faz com que as vozes dessas mulheres finalmente ganhem força. E, como era de se esperar, mais vítimas finalmente estão se sentindo seguras para engrossar esse coro.

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    Em entrevista ao New York Times, Gwyneth Paltrow e Angelina Jolie também revelaram ter sido assediadas pelo produtor. O caso de Angelina aconteceu em 1998, após a premiere do filme “Corações Apaixonados”. Na ocasião, ele foi até o quarto de hotel da atriz e a assediou. “Eu escolhi nunca mais trabalhar com ele e passei a alertar outras pessoas”, revelou.

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    Gwyneth contou que tinha 22 anos quando Harvey a contratou para o filme “Emma” e que, antes das gravações, ele chamou a atriz até seu quarto de hotel para uma reunião – como fez com Ashley Judd. Lá, Harvey colocou as mãos nela e sugeriu que Gwyneth lhe fizesse uma massagem. “Eu era muito jovem, já havia assinado o contrato, fiquei petrificada”. Ela relatou o assédio a Brad Pitt, seu namorado na época, e o ator chegou a confrontar o homem. Depois disso, Gwyneth preferiu relevar o ocorrido por medo de ser demitida.

    Em entrevista ao Huffpost, a jornalista Lauren Sivan disse que Harvey a encurralou no porão de um restaurante e se masturbou em frente a ela. Segundo esse relato, o fato aconteceu 10 anos atrás e os dois estavam em meio a um grupo, num restaurante do qual Harvey é dono. Pensando que ia conhecer a cozinha do estabelecimento, Lauren foi levada até uma espécie de porão e lá o produtor tentou beijá-la. Quando ela disse não, o homem bloqueou a saída e mandou que ela ficasse quieta. Logo após, começou a se masturbar.

    “Ele agiu de maneira muito casual ao me levar lá para baixo e ele sabia exatamente o que estava fazendo. Aquilo me deu a impressão de que definitivamente eu não era a única e que aquilo devia acontecer com frequência”, disse Lauren ao canal NBC.

    Harvey Weinstein e Gwyneth Paltrow
    Gwyneth Paltrow ao lado do produtor, em 2002 (Getty Images/Staff//Getty Images)

    Pedido de desculpas, ameaças, demissão e divórcio

    Frente à chuva de denúncias, Harvey Weinstein resolveu fazer um pedido de desculpas ao melhor estilo José Mayer. Em nota oficial, a advogada Lisa Bloom (a mesma de Bill Cosby), disse que ele é “um velho dinossauro aprendendo coisas novas” e que o produtor vai “usar essa dolorosa experiência de aprendizado para se tornar um homem melhor”.

    O próprio Harvey também se pronunciou: “Eu reconheço que a maneira como me comportei com colegas no passado causou muito sofrimento, e eu peço desculpas sinceras por isso”. Apesar da mea culpa, ele declarou que muitas inverdades foram publicadas pelo New York Times e que ele iria processar o veículo – o comunicado foi anterior à reportagem do New Yorker.

    Com a repercussão do escândalo, o magnata disse que iria se afastar da Weinstein Company, mas a diretoria da empresa – que pertence também ao irmão dele, Bob Weinstein – decidiu demiti-lo. Nesse meio tempo, amigos poderosos de Harvey, como Barack ObamaHillary Clinton e Meryl Streep também publicaram notas de repúdio. 

    Por fim, nem a esposa do cara ficou a seu lado. Após o estouro das denúncias, Georgina Chapman enviou um comunicado à revista People dizendo que irá se separar. Dona da badalada grife Marchesa, Georgina é 24 anos mais nova que Harvey e está há 10 casada com ele.

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    “Meu coração está partido por todas as mulheres que sofreram uma dor tremenda, causada por esses atos imperdoáveis. Eu resolvi deixar meu marido. Cuidar dos meus filhos pequenos é minha maior prioridade e eu peço que a imprensa nos dê privacidade nesse momento”, declarou.

    Harvey Weinstein e Georgina
    Harvey Weinstein com a esposa Georgina Chapman (Neilson Barnard/Staff//Getty Images)

     

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