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Cleo Pires: ‘Quero adotar um filho porque me senti adotada na vida’

Em fase de autoconhecimento, a atriz se abre e mostra que não é tão mulher alfa quanto parece ser

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 06h10 - Publicado em 1 abr 2014, 21h00

“Eu sou difícil. Alguns me classificariam como chata. Eu diria que sou trabalhosa”
Foto: Antonio Amado

Cleo Pires, 31 anos, está fazendo aulas de tiros para o filme B.O – Boletim de Ocorrência, do qual participará e será produtora. Gostou tanto da experiência que quer tirar porte de arma. “Meio que nasci para isso”, brinca. Em sua casa, no Rio, tem uma pequena coleção de facas, hobby que mantinha com o ex-marido, o ator João Vicente de Castro, 30. Na série O Caçador, que estreia no próximo dia 11, na Globo, ela interpretará Kátia, que terá sequências tórridas – até presa em uma camisa de força – com Cauã Reymond, 33, o protagonista da história. Mesmo com tantas experiências intensas dentro e fora de cena, Cleo avisa, quase como quem faz uma apelo, que é mulher frágil. “Essa imagem (de forte) deve ser porque sempre tentei me defender muito na vida, porque sempre me senti sozinha”, diz. Sozinha, no caso, não quer dizer solteira. “São questões internas”, explica a atriz, que há um ano namora o ator Rômulo Arantes Neto, 26. Morando juntos, eles pensam em oficializar a união e ter filhos. Biológicos e adotivos. “Eu me senti adotada na vida pela família do meu pai, o Orlando (Morais, 52, casado com Gloria Pires, 50, desde 1987). Senti esse amor que não é de sangue. E amo esse amor por escolha.”

Você e Rômulo Neto estão juntos há um ano e dividem a mesma casa. Pensam em oficializar a união?
A gente fala muito sobre isso, porque se ama muito, mas não me vejo vestida de noiva. Sinto vontade de expressar o que sinto por ele e isso pode ser por meio de uma cerimônia ou de sair falando por aí. Mas cada hora eu acho uma coisa (risos), estou sempre me questionando. O que está funcionando no momento é a nossa parceria, é conhecer o outro por inteiro, ter tesão no esforço e na simplicidade que é amar outra pessoa, com a lama e a maravilha que ela tem. É gostoso identificar essa lama e querer fazer uma flor-de-lótus nascer dali. É difícil, mas é gostoso quando você cai no buraco e tem alguém que diz: “Eu te amo exatamente como você é, nada menos do que isso”. E todo mundo cai em buracos, ninguém é perfeito. Eu já caí.

Tem a ver com traição?
Não necessariamente. Depende de cada um. Às vezes são coisas corriqueiras que podem ser um fardo para o outro. Pode ser algo que estou acostumada a fazer e que machuca o outro. É algo tão intrínseco da personalidade que, mesmo não querendo fazer aquilo, você faz.

Você pretende ter filhos? O relógio biológico está batendo?
Sinto muita vontade de adotar, mas tenho sentido cada vez mais que, primeiro, preciso viver a reação química de ter um filho biológico. Vai ser bom para mim, vai mexer em uma coisa meio atávica minha. Quero adotar porque me senti adotada na vida, pela minha família por parte do meu pai, o Orlando (Morais). Senti esse amor que não é de sangue. E amo esse amor por escolha, acredito nele. Quero estar do outro lado, quero escolher amar um bebê, uma criança. Isso enriquece a vida. Filho enriquece a vida. Sobre o relógio biológico, não sei. Sempre quis ser mãe. Eu me apaixonava e queria ser mãe. Quando a relação acabava, falava: “Não nasci para isso, melhor ficar sozinha”. Sempre fui muito mãe dos meus irmãos, principalmente da Antônia (21).

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Como assim?
Ah, ela era “o meu bebê”. Sempre fui muito mãe dela, até deixava de fazer coisas para cuidar dela. Quando a Antônia foi dar uma entrevista no Programa do Jô (Globo), fiquei louca! Achei que ela teve um jogo de cintura, ali eu senti que fiz um bom trabalho. De jeito nenhum estou tirando o mérito dos meus pais, mas a Antônia é muito cria minha. Eu era louca para ter uma irmã, tinha meus irmãos em São Paulo (por parte de pai, Fábio Jr., 60), mas não convivia muito com eles. Quando a Antônia nasceu, eu pirei! Dormia grudada nela, dava mamadeira, enchia a paciência da babá, só pensava na Antônia. Nem ela aguentava mais.

Cleo Pires: 'Quero adotar um filho porque me senti adotada na vida'

“Fiz um bom trabalho… Antônia é muito cria minha. Eu era louca para ter uma irmã e quando ela nasceu, pirei!”
Foto: Antonio Amado

Você tem uma forma de falar de uma mulher muito forte…
Uau, se você soubesse!… Às vezes, isso me atrapalha um pouco porque, na verdade, sou muito frágil. Essa imagem deve ser porque sempre tentei me defender muito na vida, porque sempre me senti sozinha. Até hoje, mesmo com o Rômulo, tem vezes em que me sinto solitária. Mas eu tenho me permitido mostrar mais o meu lado frágil. E tudo certo, a gente precisa mesmo de outras pessoas.

Você se acha uma pessoa difícil?
Eu era muito autoafirmativa, bélica, voluntariosa, ficava sempre na defensiva. Ainda me sinto voluntariosa, mas estou aprendendo a encontrar o equilíbrio, a pegar mais leve. É ruim para mim, mas não tenho nem para onde ir, não posso sair de mim mesma. Eu sou difícil. Alguns me classificariam como chata. Eu diria que sou trabalhosa.

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Como o Rômulo encara tudo isso?
É uma convivência difícil, mas saborosa. É muito bom quando alguém te ama tanto que diz: “Ok, tudo bem, você está meio enlouquecida porque está aprendendo a ceder em certas coisas, mas, daqui a pouco, vai relaxar um pouco”. O Rômulo tem um core (âmago) emocional muito bom.

O que você mais admira nele?
Ele tem uma personalidade forte, mas é mais “easy going”, pega mais leve. Acho que ele é assim porque cresceu praticando muito esporte, e com o pai (o ator e nadador Rômulo Arantes, que morreu em 2000, aos 42 anos, em um acidente de ultraleve) muito próximo dele, cheio de amor por ele. Eles compartilhavam uma vida ligada aos esportes. Nossa, ele me conta cada história! Eu piro! E digo: “Cara, quero dar isso para meus filhos”.

O que exatamente?
Acho que essa convivência de amor profundo que o pai tinha por ele, e os dois fazendo esportes, isso muda muito o caminho de uma pessoa, é algo que te dá estrutura emocional e disciplina, te ensina a ser mais forte, meio samurai com a vida. São muitos desafios e superações. E ele trouxe isso para minha vida, eu observo ele e penso: “Nossa, que lindo, que energia, eu quero isso!”

Está praticando algum esporte?
Estou fazendo crossfit, em que seus limites ficam muito claros. Descobri que morro de medo de altura, de ficar pendurada, que tenho medo do mar. Estou querendo superar tudo isso. Acordo pensando nisso e sempre odiei malhar.

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Está seguindo a dieta de alimentos sem glúten e sem lactose?
Comida sem glúten, para mim, foi uma fase. De vez em quando dou uma radicalizada porque acho bom fazer uma limpeza no organismo. Mas sou hedonista, preciso tomar meu drinque quando jogo meu pôquer. Mas parei de fumar há dois meses.

Sabe perder quando joga?
Sou péssima perdedora. Sou muito fêmea alfa. Mas estou tentando melhorar e assumir que sou sensível.

Como você lida com sua beleza?
Demorei para virar mulher, no sentido mais forte da palavra, porque era tímida demais. No fundo, tinha muito medo da vida, de tudo, das pessoas, então, me defendia. Ficava encolhida dentro de mim. Quando comecei a ter essa consciência, vim para fora com tudo. Aí escancarei, fui para o outro extremo (ela posou nua para a Playboy em 2010). Mas, de um tempinho para cá, parei e pensei: “Eu tenho a minha timidez mesmo, vamos com calma”. Quando fui para o outro extremo, vi que não queria nada disso. Gosto de estar bonita e tal, mas não vivo para isso. Só Deus sabe o quanto é difícil para mim estar aqui, fazendo fotos. Hoje eu queria estar na minha casa, fazendo a limpa no meu armário, tranquila (risos).

Cleo Pires: 'Quero adotar um filho porque me senti adotada na vida'

“Gosto da vida boa, de dinheiro, de viajar, do luxo, adoro tudo isso como qualquer pessoa. O que eu gostaria era de trazer o mundo todo comigo”
Foto: Antonio Amado

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Você tem 13 tatuagens no corpo. O que a leva a fazer tantas tattoos?
Elas têm ensinamentos profundos, nas quais acredito. São marcas fortes da minha vivência, de coisas que aprendi, sensações, de viradas na minha trajetória.

O que significa a do braço esquerdo?
É um símbolo árabe que diz: “Só enriquece aquele que dá”. É um ensinamento que aprendi desde criança com minhas avós. Elas eram mulheres fortes, que tinham uma noção de comunidade muito humana. Em algum momento da minha vida eu me vi voltando para essa noção de olhar o outro. É enriquecedor fazer algo de bom para outra pessoa.

Você procura ajudar o próximo?
Eu apoio algumas iniciativas, tenho parcerias. Já disseram até que eu deveria ter uma ONG. Mas que fique claro: eu gosto da vida boa, de dinheiro, de viajar, do luxo, adoro tudo isso como qualquer pessoa. O que eu gostaria era de trazer o mundo todo comigo. Não acho bom ter tudo sozinha. Quando era mais nova, ficava muito melancólica durante dias ao ver que uma criança não tinha o que eu tinha. Eu me sentia culpada. Ficava numa depressão horrível. Parava a minha vida por causa da dor do outro e isso não é bom. A dor tem que te incentivar a ser melhor, para você poder estender a mão e ajudar quem precisa.

Você faz terapia?
Fiz terapia quando tinha 17 anos. Há um ano, voltei porque estou em busca de um centro mais forte dentro de mim. Na minha profissão, existe um universo muito sedutor de você acabar vivendo os personagens, de acabar sendo aceito por causa deles. Você vai ser aplaudida, vai ser tudo maravilhoso. E é ótimo se sentir aceito, amado. Mas é uma espécie de ilusão. Então, comecei a me questionar por que estava mais gostoso viver a vida das minhas personagens do que a minha vida? E estou mais a fim de viver a minha vida! Não sei se tem a ver com os 30 anos, mas quero descobrir o meu core, sair menos de mim e de me sentir bem na própria pele.

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Ciúme das cenas de sexo

Cleo Pires e Rômulo Arantes Neto usam uma aliança de esmeraldas na mão direita. A dela, mais fininha. “É um anel de amor, de parceria, a gente está muito fechado um com o outro”, diz Rômulo. E ele admite que não gosta de ver a mulher em cenas de sexo, como as que vão ao ar na série O Caçador. “Não tem como negar que é chato saber que, enquanto estou surfando, ela está lá fazendo uma cena de sexo. Também sou ator e não tem como ser legal. Mas nossa relação não é baseada em posse. É algo mais profundo”, declara.

Arrebatadora

Na série O Caçador, Cleo Pires vive Kátia, uma mulher bipolar que trairá o marido, Alexandre (Alejandro Claveaux, 30) com o cunhado, André (Cauã Reymond, 33). “Procurei uma psicóloga porque acho que todo mundo é meio bipolar. Mas com o bipolar, o humor e a emoção, quando são altos, são muito altos, e os baixos, muito baixos. Há dias que eu acordo com o pé esquerdo, só que meu nível de buraco não é tão profundo quando o de um bipolar. Mas me tocou bastante. Gosto desse universo obscuro das emoções”, avalia. No programa de 14 episódios, ela fará cenas de nudez e sexo. “Sou a favor, vale a pena pela história”, diz, totalmente desencanada. Diretor do programa, José Alvarenga Jr., 53, diz que a entrega de Cleo é tão grande que chega a ser surpreendente. “Às vezes, preciso até falar com ela para segurar um pouco mais sua entrega. Ela é arrebatadora”, frisa ele.

Cleo Pires: 'Quero adotar um filho porque me senti adotada na vida'

A atriz e Rômulo Arantes Neto: “A gente está muito fechado um com o outro”, diz ele
Foto: AgNews

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