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Bruno Gagliasso conta como se preparou para viver o esquizofrênico Tarso, de “Caminho das Índias”

O ator acredita que a história do personagem da novela vai mudar o conceito de "loucura"

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 21 jan 2020, 09h00 - Publicado em 30 mar 2009, 21h00

Antes da novela, Bruno Gagliasso já vivia 
o papel de um esquizofrênico, o pintor 
Van Gogh
Foto: Rafael França

No capítulo de sexta (20) de Caminho das Índias, começou a ouvir vozes. A partir daí, ficou mais claro que o personagem, interpretado por Bruno Gagliasso, sofre de esquizofrenia. Como o rapaz é inspirado em Hamilton de Jesus Assunção, vocalista do grupo Harmonia Enlouquece, formado pelos pacientes do Centro Psiquiátrico do Rio de Janeiro, Bruno fez várias visitas ao espaço, conversou com os integrantes da banda, leu os trabalhos da psiquiatra Nise da Silveira… Enfim, mergulhou fundo na “loucura” para dar conta do recado. O trabalho ainda ficará mais intenso. “Vamos ter várias cenas fortes. Tudo do jeito que eu gosto (risos)”, explica o ator, que não esconde a preferência por personagens densos.

Seu personagem terá uma banda como a Harmonia Enlouquece?
Vai ser a própria Harmonia Enlouquece. Tarso passará por vários tratamentos e o que, realmente, vai ajudá-lo é o tratamento que Nise da Silveira dava, que é por meio da arte. No caso dele, é a música. A novela vai falar da reintegração do esquizofrênico, do louco, na sociedade. Essa é a minha função.

A preparação para o Tarso foi a mais difícil na sua carreira?
Não digo a mais difícil, talvez até a mais prazerosa. Gosto disso. Vivo disso, só sei fazer isso, é o meu trabalho, é esse desafio que me estimula. Foi assim com o Júnior (de América, também de Gloria Perez, exibida em 2005), quando tive de estudar Lacan (o psicanalista Jacques Lacan). Fui tentar entender o que leva alguém a ser homossexual. Não é uma opção. A pessoa não escolhe ser discriminado, ser desrespeitado… E agora não é diferente com Tarso.

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O fato de ter montado Um Certo Van Gogh (peça que esteve em cartaz ao longo de 2008) o ajudou?
Sem dúvida. Eu lembro que, quando Gloria me ligou, a 1 hora da manhã (risos), disse: “Tenho um presente para você. E eu: “Mais do que o Júnior?” “Você não está entendendo… Você fará um esquizofrênico”. Eu: “Como assim? Estou fazendo Van Gogh”. “Não acredito!” E Van Gogh era esquizofrênico, bipolar… Eu já tinha lido muita coisa, inclusive livros da Nise da Silveira. Foi muita sincronicidade mesmo, energia, tudo conspirou a favor. Era para ser.

A esquizofrenia do Tarso já começou a dar sinais na história…
É lógico que ele já tem predisposição à esquizofrenia, mas o que desencadeará tudo é a pressão familiar. A pressão do pai, essa história com a mãe, que projeta nele tudo e esquece a irmã, que é rejeitada. O negócio do Tarso é outro, é a arte.

O que será mostrado no ar?
Será mostrado como acontece as primeiras internações, o preconceito da família em não levar o doente para uma clínica porque não quer que ninguém saiba… É uma campanha linda! Vai modificar a vida de muita gente, de todos nós. Mudará muito nosso conceito sobre o louco.

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Você emendou Ciranda de Pedra com Caminho das Índias…
Não tinha como não aceitar. Acabei Ciranda… em outubro, continuei com a peça em novembro e comecei a gravar em janeiro. Mas já estava dentro da novela antes. Até porque não tem como entrar na novela sem estudar tudo o que estudei. É muita informação, é muita coisa rica. Sou novo, tenho 26 anos e muito tempo ainda para descansar. Ter feito Van Gogh foi um estímulo e me deu uma força enorme para encarar esse novo desafio.

O que mais o surpreendeu durante a pesquisa para compor o Tarso?
A consciência deles (dos esquizofrênicos). Vou dar um exemplo: havia um dos integrantes da banda, que, quando eu fui a um ensaio, ele não compareceu. Ele estava em crise. Tempos depois, quando eu o encontrei, ele disse: “Pô, hoje eu não estou tão doidão”. Eles têm consciência, sabem muito bem que estão em crise.

Chegou a ficar assustado?
Você fica um pouco, não tem como não ficar. Quer dizer… Assustado não é a palavra, você fica hipnotizado. Fica ali olhando, querendo entender tudo aquilo. E só vai conseguir com o tempo, estudando, conhecendo…

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Dizem que de médico e louco todos têm um pouco. Qual é sua loucura?
Ser ator (risos).

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