Após quatro décadas, Geraldo Vandré sobe aos palcos com a norte-americana Joan Baez
Desde que retornou do exílio, em 1973, o autor do hino da resistência à ditadura militar, 'Pra não Dizer que Não Falei das Flores', se mantém longe da mídia
Geraldo Vandré manteve-se ao lado de Joan Baez enquanto ela cantava a canção mais popular dele
Foto: Reprodução/Twitter @Rituska_
Joan Baez finalmente voltou ao Brasil. Proibida pela censura de se apresentar no país, em 1981, a cantora e violinista folk norte-americana realizou seu show neste domingo (23), em São Paulo, e garantiu um momento raro na música nacional. Joan levou ao palco Geraldo Vandré. Sim, Geraldo não cantou, também pouco se moveu. Mas o público, surpreso, o ovacionou com grande reverência.
“Eu vou convidar para subir ao palco um mito. Ele não gosta disso, prefere ser somente um homem. Ele virá aqui, mas não vai cantar, vai ficar do meu lado”, explicou ela antes de chamá-lo para a apresentação de Pra não Dizer que Não Falei das Flores, hino da resistência à ditadura militar. Ele se manteve como uma estátua enquanto o teatro se enchia com o coro.
Vítima da censura, exilado em 1968, Geraldo Vandré viveu na Chile, Alemanha e França antes de retornar ao Brasil, em 1973. Sua história é considerada, até hoje, um enigma. Ao retornar do exílio, escreveu sua última canção, Fabiana, um hino às Forças Aéreas Brasileiras. Desde então, renega o sobrenome Vandré. Decidiu por aposentar-se da carreira artística e vive anonimamente em São Paulo. Usa o nome de Geraldo Pedrosa, prefere não ser reconhecido.
O show de Joan Baez também teve a presença de Eduardo Suplicy, que recebeu aplausos e vaias, e cantou Blowing in the Wind, de Bob Dylan. Ex-esposa de Dylan, Baez é também um dos grandes ícones da contracultura dos anos 1960.
Assista à apresentação de Joan Baez com a presença de Geraldo Vandré:
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