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50 anos de novelas – Capítulo 10

Lucineide (Regina Dourado) e Odaísa (Isadora Ribeiro) participaram do movimento real das mães da Cinelândia em Explode Coração

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 11h12 - Publicado em 2 dez 2013, 21h00
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Lucineide (Regina Dourado) e Odaísa (Isadora Ribeiro) participaram do movimento real das mães da Cinelândia em Explode Coração
Foto:Divulgação

Durante o regime militar, instaurado um ano após o nascimento da telenovela diária, a teledramaturgia foi um alvo constante da censura. Temas como adultério, homossexualismo e drogas eram proibidos de ser abordados explicitamente. Mesmo assim, alguns autores tratavam de assuntos considerados polêmicos de forma velada. As novelas das 10 da Globo tinham mais liberdade nessa questão por ter linguagem inovadora que camuflava tabus aos olhos dos censores. Assim, por exemplo, Verão Vermelho (1970) e O Bem Amado (1973), ambas de Dias Gomes, abordaram a questão da reforma agrária e do coronelismo, respectivamente.

Quando escrevia Escalada (Globo, 1975), Lauro César Muniz, 75, não pôde mencionar o nome do ex-presidente Juscelino Kubitschek durante a inauguração de Brasília inserida na história. E, apesar de ser uma trama de época, o autor conseguiu driblar a censura e tratar da questão do divórcio por meio do protagonista, Antonio Dias (Tarcísio Meira, 77), que queria se separar de sua mulher, Cândida (Suzana Vieira, 70), para ficar com Marina (Renée de Vielmond, 59). O tema, durante a exibição da novela, já era discutido no Congresso Nacional e nas rodas sociais e só foi legalizado em 1977.
 
Com a abertura política no fim dos anos 70, as novelas passaram a abordar mais os assuntos polêmicos que faziam parte do dia a dia. Aproveitando a oportunidade, Ivani Ribeiro escreveu Os Adolescentes (Band, 1981), em que, de uma vez, tratou da gravidez entre jovens por meio da personagem Bia (Julia Lemmertz, 50), do problema das drogas vivido por Doca (André de Biasi, 56) e da homossexualidade de Caíto (Flávio Guarnieri, 53), entre outras questões. Só depois de A Próxima Vítima (Globo, 1995), personagens gays foram apresentados mais explicitamente com Sandrinho (André Gonçalves, 37) e Jefferson (Lui Mendes, 42).
 
Não demorou muito para temas tabus começarem a ser tratados como utilidade pública pela ficção. A novelista Gloria Perez, 64, que atualmente mostra o tráfico de pessoas em Salve Jorge (Globo) e foi a pioneira em abordar a aids em Carmem (Manchete, 1987), passou a pautar suas tramas pela realidade com Barriga de Aluguel (Globo, 1990), em que Ana (Cássia Kiss Magro, 55) e Clara (Claudia Abreu, 42) brigam pelo bebê da primeira gestado pela segunda. Em Explode Coração (Globo, 1995), Odaísa (Isadora Ribeiro, 47) tem seu filho desaparecido e se junta ao movimento real das mães da Cinelândia, no Rio de Janeiro, ampliando a campanha e ajudando 64 crianças a reencontrarem seus pais. Esse movimento, que ficou conhecido como merchandising social, chegou ao ápice em Mulheres Apaixonadas (Globo, 2003), de Manoel Carlos, 80, em que foram discutidas questões como maus tratos aos idosos, violência doméstica, alcoolismo e amor obsessivo, representado pela personagem Heloísa (Giulia Gam, 46). Esses e outros autores são o tema do próximo capítulo. Até lá.
50 anos de novelas – Capítulo 10


 

 

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