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The Town 2023: os erros e acertos da 1ª edição do festival

Com falhas técnicas e alguns tropeços no line-up, The Town chega ao fim com momentos celebrados, mas muito o que arrumar

Por Naiara Taborda
Atualizado em 13 set 2023, 10h56 - Publicado em 11 set 2023, 13h51

A primeira edição do The Town chegou ao fim. E, como esperado da estreia de um festival de grande porte, foram muitos os erros e acertos que marcaram os 5 dias de música, que reuniram mais de 500 mil pessoas no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Nós estivemos por lá, e te contamos todos os destaques (positivos e negativos) do evento.

Quem já participou de algum festival no Autódromo sabe que o local é enorme – e talvez seja o tamanho grandioso o grande responsável pelos maiores pontos altos e baixos do evento. A área extensa permite apostar em uma cenografia espetacular, algo que o The Town entregou: os prédios clássicos de São Paulo, como a Pinacoteca, Catedral da Sé e até os prédios da Avenida Berrini, foram bem representados. Isso, no entanto, não quer dizer que a distribuição dos palcos funcionou ou foi impecável: enquanto os centrais se amontoaram em uma área menor, gerando ruídos e uma dificuldade grande de locomoção entre shows, outros espaços ficaram quase que vazios.

O palco de música eletrônica, o New Dance Order, parecia completamente descolado do evento. Enquanto milhares de pessoas se abarrotavam entre os dois palcos centrais, The One e Skyline, o restante do terreno estava ali, abandonado. Não deu certo, e era comum ouvir reclamações vindas do público sobre a dificuldade de locomoção ou os sons misturados com o de outros shows.

A chegada e saída do evento tampouco ocorreram facilmente. Relatos de longas filas e atrasos nos trens e ônibus expressos tomaram as redes sociais, e a acessibilidade – tão celebrada pelo evento – em diversos momentos deixou a desejar. No feriado de 7 de setembro, estava comigo uma pessoa com mobilidade reduzida, que não teve problemas para chegar (foi levada pelo shuttle interno do portão 2 aos palcos centrais), mas que precisou andar quilômetros e subir uma escada extensa sem que qualquer pessoa da produção oferecesse suporte na hora de ir embora. Mesmo se apoiando em uma bengala, não recebeu qualquer ajuda e ainda foi solicitado que saísse rapidamente do topo da escada enquanto tentava recobrar o fôlego. O mesmo aconteceu com muitas outras pessoas, como o jovem que teve acesso PCD negado mesmo mostrando suas próteses.

Telões pequenos ou apresentando falhas (como o do palco principal bem durante as apresentações de Yeah Yeah Yeahs e Foo Fighters), filas descomunais para os pouquíssimos banheiros, line-up nem sempre bem distribuído e até um incêndio ainda entraram para a conta negativa. No lado positivo, shows empolgantes, boas opções de alimentação, o visual e as apresentações intimistas e gostosas do Palco Square SP, um dos refúgios mais agradáveis do festival.

Os destaques musicais do The Town 2023

Demi Lovato

Demi Lovato e Luísa Sonza
Demi Lovato e Luísa Sonza dividiram o palco no The Town. (Diego Padilha/Divulgação)

Como contamos, o show de Demi Lovato no primeiro dia de The Town foi empolgante e animou de fato os fãs, mesmo que tenha sido quase que idêntico ao apresentado no último Rock in Rio. É impossível não se encantar pela voz belíssima de Demi, que também ganhou muitos pontos com o look azul, amarelo e verde, e o tão aguardado feat com Luísa Sonza, que foi chamada ao palco para apresentar Penhasco2.

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Um furacão chamado Bruno Mars

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Bruninho só é pequeno mesmo em estatura: no palco, torna-se gigante! Suas duas apresentações foram impecáveis, e o ponto alto do festival. Falou e cantou em português – levando o publico ao delírio durante Evidências – brincou e dominou o local como nenhum outro. Bruno Mars apresentou todos os seus maiores sucessos, finalizando de maneira arrebatadora com Uptown Funk. Ninguém ficou parado ou desanimado, mesmo com a garoa e o vento persistentes no autódromo durante suas duas apresentações.

Foo Fighters e o show impecável (que muita gente não viu)

Foo Fighters the town 2023
Foo Fighters fez apresentação explosiva no The Town. (Renan Olivetti/Divulgação)

Foo Fighters era provavelmente a banda mais aguardada de todo o festival, especialmente depois da morte do baterista Taylor Hawkins, em 2022. A banda liderada por Dave Grohl apostou na apresentação de seus maiores hits, tocados com um vigor que levantou o público. Para delírio geral, Dave teceu diversos elogios aos fãs brasileiros, que diz serem os mais malucos do mundo, e deu espaço para que todos soltassem a voz.

O que não foi perfeito, recai mais sobre os ombros da produção. O público compareceu em peso, descendo até a frente do palco The One. Quem ficou lá atrás, no entanto, teve uma péssima surpresa – desta vez, o palco secundário não exibiu o show principal em seu telão. Pior ainda, tocava no palco Factory o MC Don Juan, que, apesar de ter poucos fãs presentes no momento, não se abalou e cantou sem inibição. O resultado? Uma grande parcela dos que tentavam curtir o show do Foo Fighters não conseguiu ver a banda e, em muitos momentos, nem mesmo ouvi-la, já que o som do funk ali era bem mais alto do que o da atração central do festival.

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Qual o sentido de colocar estas duas atrações simultaneamente, sabendo do quão próximos são os palcos e quanta gente foi atraída ao festival pelo headliner? Talvez você diga nenhum – por aqui, seguimos tentando compreender.

H.E.R

H.E.R no the town
H.E.R durante sua apresentação no The Town. (Wesley Allen/Divulgação)

Muita gente não estava no palco Skyline para ouvir a cantora californiana, mas isso não a impediu de apresentar um dos melhores shows do festival. Os fãs que esperavam por Bruno Mars foram surpreendidos por uma apresentação cativante, que misturou R&B, reggae, pop eletrônico e bossa nova. Cheia de energia e talento, Gabrielle tocou guitarra e bateria, cantou um trechinho de Quero te Encontrar, de Claudinho & Buchecha, e fez o público ficar com vontade de participar e interagir com aquele momento. Com um Oscar e cinco Grammys, ela realmente não é uma voz a ser ignorada – mesmo que você esteja ali por outro arista.

Yeah Yeah Yeahs: um bom show ignorado pelo público

Yeah Yeah Yeahs no the town
Yeah Yeah Yeahs fez um ótimo show, mas público não engajou. (Ariel Martini/Divulgação)

Alguns shows internacionais foram ótimos, mas encontraram um público pouco animado, que só estava ali para aguardar os headliners. Caso do grupo Yeah Yeah Yeahs, que foi escalado para substituir Queens of Stone Age. Karen, a vocalista, entregou uma apresentação empolgante e deliciosa de assistir: dançou muito, trouxe hits e conversou com a plateia diversas vezes, mesmo sendo aparentemente ignorada pela maioria.

A força do line-up nacional

ludmilla apresentação the town
Ludmilla na primeira parte de sua apresentação no The Town. (Anne Karr/Divulgação)

Se nem todas as atrações internacionais brilharam, o mesmo não pode ser dito das nacionais. No dia 07/09, Ludmilla entrou no palco Skyline ainda durante a tarde – e arrebentou! Com cenografia excelente, trocas de roupa, coreografias bem ensaiadas, show de fogos e pirotecnia e muita energia, ela levantou o público como poucos outros artistas. A cantora abriu a sua apresentação com hits mais atuais, recebeu Lulu Santos, fez uma apresentação sensual com Bruna, passou pelo pagode e fechou com o funk carioca, que fez o The Town gritar, pular e rebolar. Parecia que estávamos diante do headliner do dia, e bem poderia ter sido.

ludmilla apresentação the town
Show de Ludmilla foi um dos mais empolgantes do festival. (Ariel Martini/Divulgação)

O único defeito, novamente, veio por parte da produção: com um show tão grandioso visualmente, não fez sentido colocar Ludmilla para tocar durante o dia, ainda mais seguida por uma morníssima – e pouco aclamada – Joss Stone, com seu palco simples e que pouco aproveitava o céu noturno. O resultado não podia ser diferente: não empolgou, e a cantora, apesar da linda voz, encontrou um público apático.

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Iza no the town
Iza se apresentou no palco Skyline. (DiegoPadilha/Divulgação)

No último dia de festival, tivemos o maior número de atrações brasileiras de destaque. Iza se apresentou no Skyline para um público animado, com um repertório diversificado que teve direito a um medley com a voz de Beyoncé, Tá Ok, de Kevin o Chris e Dennis DJs, e feats com Mc Carol, Djonga – que cantou Leal enquanto os telões exibiam a frase “fogo nos racistas” – e L7nnon.

pabllo vittar e liniker - the town
Pabllo e Liniker em apresentação no palco The One. (Diego Padilha/Divulgação)

No The One, uma das atrações mais aguardadas, Pabllo Vittar, também impressionou o público. Pela primeira vez, a artista subiu ao palco com uma banda instrumental que deixou seus arranjos ainda mais potentes. Ela também recebeu Liniker, sua amiga de longa data, para Disk Me e Baby 95, além de Jup do Bairro. Com figurinos sexys, ela fez bonito nas coreografias e na interação com o público.

Gloria Groove no The Town
Gloria Groove no The Town. (Renan Olivetti/Divulgação)

Outro show que não decepcionou foi o de Gloria Groove, que entrou no The One logo após Pabllo. Nossa Lady Leste incendiou o público, que ficou grande demais para as dimensões do segundo maior palco. Figurinos impecáveis, coreografias bem ensaiadas e uma escadaria construída para dar suporte ao caráter quase teatral da apresentação tornaram sua passagem pela Cidade da Música uma das mais aclamadas de todo o festival.

jão no the town
Jão fechou o palco The One. (Renan Olivetti/Divulgação)

Para fechar com chave de ouro, Jão acertou em cheio! O dragão de asas abertas tomou quase todo o palco, e o cantor se mostrou mais alegre e pronto para viver as paixões e o que elas trazem de bom, deixando seu show dançante. A plateia pulou por conta própria, cantou junto e gritou elogios. Como de costume, o artista abriu o coração, conversou e trocou o figurino.

Os artistas nacionais mostraram que, de fato, não ficam mais atrás das performances internacionais e que merecem sim lugar nobre nos line-ups de qualquer festival – algo que esperamos que o The Town tenha aprendido. Entre erros e acertos, é fato que o saldo positivo, afinal, nada como acompanhar seus artistas favoritos em cenários especiais e maratonas empolgantes. Há, no entanto, muito a ser feito para que a próxima edição aconteça como deveria.

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