Especialista em medo (isso mesmo), a socióloga Margie Kerr estuda o que nos assusta, o que nos atrai naquilo que nos assusta e o que nos faz, depois de tudo isso, voltar em direção àquilo que nos assusta.
Ela é a pessoa ideal, portanto, para ajudar a entender o porquê de sermos, muitos de nós, absolutamente fascinados por filmes de terror.
As teorias que a estudiosa conseguiu desenvolver até agora têm muito do biológico: afinal de contas, são exatamente os mesmos hormônios que nosso organismo libera quando vemos cenas horripilantes na TV que dominam o nosso corpo quando estamos surpresos, rindo e quando estamos muito, mas muito felizes nessa vida – adrenalina, endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina, por exemplo.
E tem mais: “Faz parte da natureza humana o fato de investigarmos, de sermos curiosos e de irmos em direção a lugares aos quais somos geralmente proibidos de ir”, opina Kerr, em entrevista à revista norte-americana Flavorwire.
De acordo com um estudo realizado pela Dra. Deirdre Johnson em 1995, existem quatro motivações principais para os espectadores de filmes de terror: ver sangue, ação, independência ou problemas. Diretor (e obviamente um grande fã) de filmes desse tipo, Scott Weinberg acredita que, ao longo da vida, as motivações de cada um mudam – junto com o grupo com o qual, enquanto espectadores, somos capazes de estabelecer empatia. “Quando você é mais novinho e assiste a Halloween – A Noite do Terror, se identifica com um dos babysitters ou uma das crianças – e só quer se afastar do assassino”, ele conta à Flavorwire. “Enquanto adulto, você pode assistir e se sentir como os pais das crianças – e sua perspectiva a respeito do terror é completamente diferente”.
A empatia, inclusive, é uma habilidade que parece ser impulsionada pelos filmes de terror. Para Margie Kerr, eles possibilitam esse tipo de conexão com diferentes personagens, o que causa uma reflexão sobre nós mesmos. “A maneira de entendermos, de nos conectarmos uns aos outros tem a ver com o ato de recriarmos em nós mesmos os sentimentos das outras pessoas”, ela diz. “Por exemplo: quando você olha o cérebro de alguém que está gritando, ele se parece muito com aquele de alguém que está vendo alguém gritar, ou com aquele de alguém meramente pensando em uma pessoa gritando”. Curioso, né?
Considerado por muitos o ~mestre do terror~, Stephen King também tem uma teoria a respeito desse tipo de filme. “Nós inventamos horrores para nos ajudar a suportar horrores verdadeiros”, ele diz no livro Dança Macabra, de 1981. Será que, no fundo, é mesmo só disso que se trata?