Exposição gratuita traz acervo do Museu de Imagens do Inconsciente
Artistas que frequentaram o ateliê terapêutico de Nise da Silveira ganham exposição aprofundando suas histórias e reforçando a relação entre arte e mente
![Obra de Adelina Gomes](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/CULTURA-PICADO.jpg?quality=85&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Em 1926, a alagoana Nise da Silveira se formava em medicina – a única mulher da turma de 75 alunos. Dez anos depois, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, foi denunciada por uma enfermeira por causa de livros sobre marxismo em sua mesa e acabou dividindo cela com Olga Benário.
Longe da prisão, a psiquiatra voltou a trabalhar com sua especialidade para revolucionar os tratamentos. Ela recusava os rotineiros eletrochoques e surras. Em vez disso, preferia tintas e pincéis. O resultado positivo não só causou furor no meio como deixou seu nome marcado na história da saúde brasileira – e garantiu fama internacional.
Contudo, há outra contribuição importante a ser destacada: a criação, em 1952, do Museu de Imagens do Inconsciente (MII), localizado no Rio de Janeiro. O rico acervo reúne as obras de estudos dos pacientes em ateliês terapêuticos – são cerca de 400 mil itens.
Agora, a exposição Três Artistas de Engenho de Dentro, inteiramente online, resgata o trabalho de três brasileiros, com comentários da própria Nise, morta em 1999. São pessoas que estiveram no ateliê terapêutico e deixaram suas trajetórias pessoais contadas através da arte.
![Cultura – Três Artistas de Engenho de Dentro O quadro de Adelina Gomes, de 1950](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/CULTURA-PICADO4.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Uma delas é Adelina Gomes, internada após a família relatar comportamentos agressivos. Aos 30 anos, ela foi levada ao ateliê, onde, através do trabalho com barro, conseguiu exprimir o que guardava em seu inconsciente. Sua pintura inspirou um dos estudos mais famosos de Nise. Adelina morreu aos 68 anos, após extensa produção.
![Cultura – Três Artistas de Engenho de Dentro Quadro de FernandoDiniz, de 1953](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/CULTURA-PICADO3.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Junto ao trabalho de Adelina, serão expostos quadros de Fernando Diniz, baiano levado a um manicômio judiciário depois de ser encontrado nadando nu na praia de Copacabana. Suas obras coloridas – foram mais de 30 mil – chegaram até o cinema e renderam elogios de artistas e estudiosos renomados da área. Fernando morreu em 1999.
![Obra de Octávio Ignácio, de 1975 Obra de Octávio Ignácio, de 1975](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/05/CULTURA-PICADO2.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Para completar o trio, o bombeiro e serralheiro mineiro Octávio Ignácio, que não ficava internado no ateliê, mas o frequentou até sua morte, em 1980. Nesse período, destacou-se nos desenhos com lápis de cera. Para ver a mostra gratuita, basta acessar este link.