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Gop Tun: DJs Joy e Suelen Mesmo falam sobre inclusão na música eletrônica

Festival traz line-up diverso com destaque para DJs mulheres

Por Raíssa Basílio
Atualizado em 21 abr 2023, 13h36 - Publicado em 20 abr 2023, 10h22

A segunda edição da Gop Tun Festival acontece no próximo sábado, dia 22 de abril, em São Paulo. Em um line up composto por mais de 30 artistas, com atrações inéditas no Brasil, temos muita presença feminina – algo ainda raro em festivais grandes. A headliner é a canadense Jayda G, produtora e DJ canadense de house music, indicada ao Grammy Awards.

Dentre os destaques temos também DJ Seinfeld, Partiboi69, Bambounou, Roza Terenzi, Acemoma, Harvey Sutherland, Bradley Zero, Jasmine Infiniti, Kamila Govorcin e Balearic Banana que tocam pela primeira vez no país. A programação da Gop Tun tem uma presença forte brasileira e conversamos com duas artistas: Suelen Mesmo e Joy. Já bem conhecidas na cena eletrônica, elas falaram sobre a importância de diversidade nesses grandes eventos e de suas carreiras.

Conheça um pouco das DJs

Suelen é a cofundadora da Turmalina, coletivo que articula criadores negros em diálogo com pesquisa e produção de música eletrônica na cidade em que nasceu. “Eu sou de Porto Alegre e lá existe uma cena de musica eletrônica muito forte, feita pela galera  independente. Temos uma parte identitária que é bem importante também, então a galera sempre criou em seus nichos grupos para conseguir tocar um som que se identifica”, conta Suelen Mesmo.

DJ Suelen Mesmo, parte do line up do festival eletrônico Gop Tun.
DJ Suelen Mesmo, parte do line up do festival eletrônico Gop Tun. (@suelenmesmo/Instagram)

Ela foi entrando na cena como parte do público e, aos poucos, passou a tocar em festas de amigos e a fazer seu nome. No começo da carreira, ela tocava mais funk. Agora, faz sets que misturam rap, D&B, grime, funk, house, UK garage e mais. Suelen tem como uma de suas referências a Jayda G, headliner do festival, e os artistas da BATEKOO.

Suelen conta que demorou para entender o papel da representatividade da música. Isso só ficou claro depois que ela passou por diversos cenários, não só musicalmente falando, mas também de transformações sociais. “Eu acho que esse lance todo da noite, de cenários noturnos na performance, é que a gente se entrega, né? A gente tem um personagem. Essa construção de identidade mesmo, eu vejo isso circulado em vários meios da música. A eletrônica tem esse lado um pouco mais lúdico sabe? Te dá mais possibilidades”, conta.

Joy é idealizadora do Coletivo Terral em São Luís, sua cidade natal, que desde 2019 promove eventos que buscam a inclusão de minorias e igualdade de gênero na cena eletrônica underground. A artista queria ser DJ antes mesmo de saber o que era isso.

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DJ Joy Velas, parte do line up do festival eletrônico Gop Tun.
DJ Joy Velas, parte do line up do festival eletrônico Gop Tun. (@lucascgibson/@joyvelas/Instagram)

“Quando eu tinha uns uns 12 anos, comecei a realmente me conscientizar do era e que eu queria trabalhar com isso. Lá com uns 14 anos, passei a frequentar a festas de música eletrônica lá em São Luís, as matinês”, conta Joy. “Tudo que eu conhecia de música eletrônica era o que tocava na rádio e em festas assim, era muito diferente do que vemos hoje em dia”, completa. A ideia não era necessariamente trazer uma pesquisa nova para a pista e sim promover o que já tocava nas rádios.

Joy morou um tempo nos Estados Unidos e, quando voltou ao Brasil, veio para São Paulo, em 2016, e foi a guinada que sua carreira precisava. Foi em sua primeira vez no clube D-Edge que tudo mudou: lá, ela realmente percebeu como a música eletrônica surtia um efeito nas pessoas. “Eu me vi nesse lugar assim de me sentir completamente hipnotizada, fiquei realmente encantada e me deu uma outra virada de chave. Exatamente esse tipo de efeito que eu comecei a buscar em minhas pesquisas, que foi se afunilando e aprimorando.”

A inclusão por inclusão

As duas vêm de contextos diferentes, mas têm coisas em comum, como a gana de que o cenário musical eletrônico tenha mais presença feminina. Grandes festivais de músicas – e não só de eletrônica – falham em dar espaço para mulheres, ou cedem apenas para cumprir uma tabela. É aquela inclusão por inclusão. Este é um grande diferencial do Gop Tun, que apoia mulheres e artistas brasileiros.

“Você pensa que por ser mulher, por ser mulher negra, conquistar um espaço em um festival grande [nível Tomorrowland] por exemplo, pode ser muito legal, mas ao mesmo tempo aquele espaço não tem como uma pauta receber uma mulher negra. Então não é só sobre estar lá, mas é sobre o que o ambiente onde você está inserida vai oferecer para fazer como você se sinta parte daquilo“, conta a artista e completa ao dizer que muita mulher não quer participar de um evento que não vai trazer um lugar seguro e acolhedor. “A gente acaba ficando no lugar um pouco mais inchado, mas eu acho que aos poucos é isso. Vai se escrevendo uma consciência”.

As coisas estão melhorando, mas Joy comenta que, quando começou, não se via representada na cena eletrônica. “Eu passei bastante tempo acreditando que tocar não era para mim e eu não entendia exatamente o porquê. Depois de muito tempo, estando aqui e já mais velha, eu fui entender o porquê. Não tinham DJs mulheres em nenhuma das festas que eu ia, nem se ouvia falar delas nas rádios, só tinham DJs homens na cidade. É muito necessário as pessoas se verem para ter uma identificação, seja por qualquer recorte. Ver alguém que te representa ocupando aquele espaço que você gostaria de ocupar, dá um senso de possibilidade de que se essa pessoa conseguiu também posso conseguir”.

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Joy pontua que a preocupação por diversidade nasce em um contexto muito nichado, ainda não chegou nas camadas mais comerciais, que é onde se faz ainda mais relevante essa representatividade – é o que atinge mais pessoas. Suelen cita o exemplo do Rock the Mountain, festival que trouxe um line up é composta apenas por  mulheres, como Maria Bethânia, Marisa Monte, Pitty, Daniela Mercury e mais.

Ela comenta também a necessidade de existirem festas específicas para pessoas negras, LGBTQ+, com a mesma ideia. “É uma iniciativa muito importante. Mas é muito louco pensar que a gente precisa disso, tentar fazer meio que uma segregação para as pessoas entenderem. É sempre uma luta mesmo, não é mesmo?”

Suelen Mesmo e Joy tocam na Gop Tun neste sábado, dia 22, no Live Stage Canindé em São Paulo. Serão 18 horas ininterruptas de festa, para mais informações de ingressos acesse o site de vendas do festival.

 

 

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