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Bárbara Brito deixou posição de executiva para empreender no Brasil

Ela quer incentivar outras mulheres, principalmente pretas, a terem trabalhos e carreiras de sucesso

Por Paola Carvalho
19 set 2023, 08h58

Na vida e no trabalho é preciso escolher entre liberdade e segurança. “Imagina um passarinho dentro da gaiola, o gato não pega, mas ele também não voa. Para mim, pior que morrer é não viver pelo medo de dar errado.” Esse é um dos aprendizados compartilhados pela comunicadora e estrategista Bárbara Brito em sua rede social e que alavancou centenas de likes. Aos 29 anos, ela optou pela liberdade, mesmo diante de tantas incertezas. Acaba de deixar posição de alta executiva (C-level) no Grupo Selina, uma rede hoteleira internacional com foco no público jovem, que nasceu no Panamá, em 2014, e estreou na Nasdaq, bolsa de valores norte-americana na qual estão presentes as maiores empresas de tecnologia do mundo, em 2022. Depois de passar por 34 países a trabalho, retorna e se estabelece no Brasil, onde quer empreender, investir e empoderar outras mulheres pretas.

Bárbara nasceu em Irajá, na Zona Norte, do Rio de Janeiro. Filha única de uma funcionária pública e de um marketeiro, encarou uma educação conservadora e religiosa em outro canto da cidade, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Transitava pelo catolicismo e o candomblé, entre outros choques culturais. “Escola e faculdade não são escolhas, mas sobrevivência. É futuro”, afirma. Logo que concluiu o ensino médio, embarcou para Dublin, na Irlanda, onde estudaria Comunicação Social e Inglês na University College Dublin. Nesse tempo, trabalhou como babá, tinha uma intensa jornada com três crianças antes de ir para a aula, e nas folgas atendia demandas de limpeza de casa por meio de aplicativo. Também trabalhou na rede Subway, montando sanduíches. “Eu não tive uma vida de universitária como os meus colegas”, conta.

Quando concluiu o curso, a mãe foi visitá-la. O santuário de Fátima, próximo a Lisboa, em Portugal, era um destino importante. Foi quando Bárbara conheceu o calor europeu e abriu os olhos para outros encantos do antigo continente. Resolveu se hospedar em um hostel onde havia piscina: trocou serviços por cama e café da manhã. E ali mesmo já foi contratada. Afinal, falava português e inglês, se comunicava também em espanhol e francês. Em pouco tempo, entre apertos para se regularizar no país, virou chefe da recepção do lugar e, na sequência, gerente de quatro unidades. Sua então chefe foi para o Selina, onde ela nunca poderia, até então, imaginar seguir uma carreira. Foi convidada e aceitou. “Liberdade já era algo importante para mim, queria ser independente e encarei as oportunidades com muita perseverança”

"Liberdade já era algo importante para mim, queria ser independente e encarei as oportunidades com perseverança", Bárbara Brito.
“Liberdade já era algo importante para mim, queria ser independente e encarei as oportunidades com perseverança”, Bárbara Brito. (Foto: Rodolfo Sanches Carvalho/Ilustração: Catarina Moura/Divulgação)

Era 2015, o Selina estava no início de sua história. Quando entrou na empresa eram 16 hotéis. Desde então, se tornou uma das startups de hospitalidade que mais crescem no mundo. No Brasil, são sete unidades: São Paulo, Rio de Janeiro (Copacabana e Lapa), Búzios, Foz do Iguaçu, Florianópolis e Bonito. Hoje, são 118 endereços pelo mundo, quase 30 mil acomodações e um faturamento anual de mais de US$ 180 milhões (2022). “Eles apostaram em mim, fui crescendo até ser a única C-level preta da empresa com menos de 30 anos de idade”, afirma. Bárbara encerrou a carreira na multinacional como chefe do departamento de marca e criatividade. “Claro, vai haver obstáculos o tempo inteiro, é preciso persistir”, reforça Bárbara, que coleciona indignantes casos de racismo e etarismo.

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Depois de ter morado em Londres, Cabo Verde e Lisboa, onde comprou uma casa aos 25 anos, a agora cidadã brasileira e portuguesa retorna ao país para viver pertinho do mar em Copacabana, se dividindo entre Rio e São Paulo. Está se lançando em outras frentes, sendo uma delas a expansão de sua presença nas redes sociais, onde tem se tornado cada vez mais popular por falar sobre mundo corporativo, carreira e experiência de trabalho de forma assertiva e leve para que as pessoas, principalmente mulheres pretas, acreditem nelas mesmas. “Isso me faz ter um grande orgulho: essas pessoas param para me ouvir, se identificam. E eu também me vejo nelas. Isso é o maior reconhecimento que eu poderia ter nessa aventura que é a rede social e o mundo da internet”, conta.

Bárbara conversou com CLAUDIA por chamada virtual, direto de Madrid, onde estava em viagem com o namorado. Acabava de chegar de Paris, uma cidade que não gostou na primeira vez que visitou, mas se rendeu na última passagem. “Para mim, era a capital da moda e também da soberba e do preconceito. Vi mudanças, mais respeito e carinho. Fui à parada LGBTQIA+ e, como boa geminiana, quero morar lá”, brinca. Foi nesses últimos dias de férias, pós Selina, que ela contou sobre os seus mais novos planos. 

Ocupando vários espaços, Bárbara é investidora da loja Diosa, e-commerce de moda feminina que abriu junto com a influencer Thamires Hauch. E não para por aí. Inquieta, ela participa de todos os negócios dos quais investe. Também colocou no mundo o Mequelab, junto com a jornalista, fundadora da multiplataforma @mequetrefismos e pesquisadora de moda e cultura Luiza Brasil. O laboratório de comunicação cria narrativas que não são superficiais, mas coerentes e inclusivas com o público que uma marca de luxo quer atingir. Entre os seus primeiros clientes estão Arezzo e Animale.

Liberdade já era algo importante para mim, queria ser independente e encarei as oportunidades com perseverança

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Bárbara quer focar no “investimento preto”, projetos inclusivos e trabalhos de impacto social, uma raiz que vem expandindo e encontrando os seus caminhos desde a adolescência. Ela foi, por exemplo, voluntária da ONG Teto Brasil, que atua há mais de 15 anos no país para garantir o direito à moradia em regiões invisíveis e precárias. Como lições que carrega para a vida, em razão de tudo o que viveu até aqui, ela faz questão de compartilhar duas: “Falar menos (aprendi a me preservar e falar apenas o que o outro precisa saber e no momento certo) e cuidado com as pessoas (quem não as entende, não entende de negócios; é preciso aprender a lidar com o jeito de cada uma e não  impor a sua maneira de ser)”. 

Mulheres negras são grandes demais para caber onde o machismo e o racismo querem colocá-las. Bárbara não só ocupa esses espaços, como extrapola limites. E, nesse transbordamento, traz aquelas pessoas em quem acredita, que fazem sentido para ela mesma. Como diz, ela investe em suas verdades. “Eu sou uma pessoa muito orgulhosa de quem eu sou, da trajetória que eu trilhei. Hoje, a minha liberdade está atrelada à segurança. Meu autoconhecimento e sucesso andam lado a lado.”  Não há dúvidas! 

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