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Livro é acusado de promover racismo e gera polêmica na internet

"A Escrava e a Fera" acendeu um debate nas redes sobre racismo e romantização da escravidão, antes mesmo de ser lançado oficialmente.

Por Ketlyn Araujo
Atualizado em 17 jan 2020, 08h42 - Publicado em 15 fev 2018, 15h54
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  • O livro “A Escrava e a Fera”, da autora mineira Jéssica Macedo, e anunciado no último dia 09 deste mês como um dos próximos lançamentos da Portal Editora, vem sendo alvo de duras críticas internet afora.

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    É que muita gente considerou o conteúdo da obra um verdadeiro desserviço para a comunidade negra, por contar uma história que romantiza a relação entre uma escrava e um senhor de engenho.

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    Capa do livro "A Escrava e a Fera"

    Segundo a sinopse do romance, que se apresenta como uma espécie de releitura do famoso “A Bela e a Fera” durante a escravidão, a protagonista Amali é uma africana que, em 1824, é vendida como escrava doméstica e vem para o Brasil para trabalhar em uma fazenda de Minas Gerais. Lá, ela conhece um barão produtor de açúcar, e os dois acabam se apaixonando:

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    “Amali foi arrancada do seio de sua família na África, transportada em condições desumanas em um tumbeiro, que atravessou o atlântico, e vendida como escrava. Os pesadelos só parecem piorar quando não é capaz de compreender nem os outros que vieram na pavorosa viagem com ela. Presa como um animal, vendida em um mercado negreiro e marcada a ferro vai passar por sofrimentos que jamais imaginou quando vivia em sua terra natal.
    Ela se tornará escrava domestica de um recluso e frio barão, produtor de açúcar do interior de Minas Gerais, que possui mais marcas do que aquelas que tenta esconder. Sua curiosidade, fará Amali questionar sobre a ala queimada do casarão e trará à tona lembranças que ele tenta esquecer a todo custo.
    Em meio a dor, o amor florescerá de uma maneira inesperada para curar a cicatrizes de ambos”.

    Após ser divulgado pela própria página da editora no Facebook, o livro gerou uma série de reações e avaliações negativas pelos usuários, e fez com que alguns deles chamassem atenção para a naturalização do racismo e do abuso presentes na história.

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    A influenciadora Lív Teodoro, inclusive, fez um paralelo entre o enredo de “A Escrava e a Fera” e o livro “Casa Grande e Senzala”, do sociólogo Gilberto Freyre, também considerado uma obra racista pelo movimento negro. Ela ainda chamou atenção para uma das ilustrações presentes no livro de Jéssica, que mostra a personagem principal sendo marcada a ferro por um homem:

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    “A escritora achou ‘romântico’ retratar em ilustrações de seu livro uma mulher negra sendo marcada a ferro, achou romântico descrever um romance entre uma mulher negra em cárcere privado e escravizada com seu senhor”, aponta Lív, em trecho da publicação, postada na última terça-feira (13) – o texto já conta com mais de 1250 compartilhamentos.

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    Leia Mais: H&M publica foto racista e The Weeknd desfaz parceria com a marca

    Depois de ser cobrado um posicionamento, tanto da editora quanto da autora do livro sobre a polêmica, nesta quarta-feira (15), Jéssica Macedo fez um post, também no Facebook, respondendo às acusações:

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    Nele, ela defende seu enredo e assume que irá fazer algumas alterações na sinopse da publicação:

    “Conversando com os meus pares, entendi que a sinopse do livro não apresentou a sua real proposta. Ela será refeita para ser mais focada no verdadeiro objetivo do livro, que é a exaltação da força do povo negro e dos princípios de liberdade e igualdade entre todos, sobretudo entre as mulheres, que são ainda mais discriminadas em todos os tempos e em qualquer cultura”, escreveu. Jéssica afirmou, ainda, que irá mudar o título do livro. Agora, em vez de “A Escrava e a Fera”, a obra passa a se chamar “Amali e a Fera”.

    Por fim, a Portal republicou a nota de Jéssica, assumindo que não apoia conteúdos que oprimam ou prejudiquem outras pessoas:

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    Entretanto, nem o lançamento do livro e nem sua venda, aparentemente, serão suspensos.

     

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