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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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O lockdown na China e como ele impacta a todos nós

Vamos aproveitar a temática do lockdown para conscientizar os jovens sobre a importância de acompanhar os acontecimentos do mundo

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
10 Maio 2022, 08h09

É interessante pensar no que está acontecendo na China neste momento. Enquanto no Brasil a maioria das medidas contra a Covid-19 vem sendo abolidas e a vida vai, aos poucos, voltando ao normal, várias cidades chinesas estão submetidas a restrições, como o rígido lockdown em Xangai, para conter o avanço do vírus. Durante a imposição do confinamento, moradores só podem sair de casa para fazer testes, drones monitoram as ruas para evitar que as pessoas descumpram as medidas restritivas e os infectados são levados para centros de controle do novo coronavírus – incluindo crianças e bebês.

Embora tenha tido um aumento no número de casos nas últimas semanas, a China segue sem um grande número de óbitos – na última semana de abril, o país, que tem mais de 1,4 bilhão de habitantes, teve média diária de mortes abaixo de 10 pessoas. As medidas fazem parte da política “covid zero” do governo chinês, que tem como objetivo evitar ao máximo que casos da doença surjam no país. Entre 2020 e 2021, a China investiu pesadamente em restrições de circulação, testagem em massa e acompanhamento constante da disseminação do vírus, o que garantiu que, nesses dois anos, o país somasse números baixos de casos e mortes, comparando às estatísticas de outras nações.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o início da crise sanitária, o território chinês acumulou cerca de 1,1 milhão de casos e 15 mil mortes pela doença. Ao mesmo tempo, os Estados Unidos já registraram mais de 80 milhões de casos e mais de 986 mil mortes. No Brasil, de acordo com o Ministério de Saúde, já são mais de 30 milhões de casos e passamos de 663 mil óbitos.

Porém, mesmo com todos os procedimentos e medidas para controlar o avanço da doença no território chinês, não foi possível evitar um aumento expressivo no número de casos nas últimas semanas. Por isso, o governo começou a impor severos lockdowns em diversas cidades do país, incluindo Xangai, um dos principais centros econômicos da nação, com mais de 26 milhões de pessoas. Segundo as autoridades, as medidas têm como objetivo evitar que o vírus se espalhe de forma descontrolada e diminuir o risco do surgimento de uma nova variante – o que tem mais chances de acontecer quando o novo coronavírus está fora de controle em um determinado lugar. Ao mesmo tempo, há quem critique as atitudes do governo chinês e diga que as medidas são muito radicais.

Uma parcela dos chineses, por exemplo, afirma que está tendo dificuldades para conseguir alimentos e remédios, já que as pessoas não podem sair de casa durante o confinamento e muitas não possuem estoque suficiente desses itens em casa. Diante desse cenário, a procura por comida e medicamentos aumentou muito, o que fez com que os serviços de entrega ficassem sobrecarregados e a aquisição das mercadorias se tornasse mais difícil para a população. Mesmo a ação do governo de entregar suprimentos para a população parece estar tendo dificuldade para dar conta de tantas demandas. Cidadãos se queixam de não receberem itens suficientes para sustentar toda a família e há relatos de alimentos que chegaram estragados nas residências.

Tenho uma amiga que mora em Xangai e afirmou, em entrevista ao Joca (jornal para crianças e jovens que fundei há 10 anos), que acha um exagero o governo impor tantas medidas restritivas diante de um cenário em que as UTIs não estão lotadas e as estatísticas de mortes estão baixas. Em vez disso, ela defende que as autoridades invistam mais na imunização dos idosos, que está baixa – entre as pessoas com mais de 70 anos, apenas 48% tomaram a terceira dose. Eu imagino que todas as dificuldades relacionadas às medidas restritivas, somadas ao confinamento por si só, devem estar trazendo muitos problemas de saúde mental para a população chinesa. No Brasil, nem tivemos um lockdown nacional, como ocorreu em alguns países da Europa, e mesmo assim muitos de nós enfrentamos sérios problemas psicológicos durante o período em que ficamos em casa para conter a disseminação do vírus.

Se nós já sofremos, imagine os chineses, que estão submetidos a um dos confinamentos mais rígidos do mundo. Quantos casos de depressão, ansiedade e síndrome de pânico não devem estar acontecendo por lá nesse momento? E se os adultos estão sofrendo, crianças e adolescentes não ficam de fora desse processo. Na verdade, podem ser ainda mais impactados. Como já discutimos em vários artigos desta coluna, o isolamento pode gerar muitos reflexos negativos na saúde mental dos jovens. Então, imagine como deve ser estar no auge da sua energia física e não poder sair nem para ir ao mercado ou à farmácia. Ou ainda contrair Covid-19 e ser levado para um centro de atendimento, onde você não poderá receber visitas nem dos pais ou responsáveis. É de se pensar

.Impactos no mundo

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Sempre falo aqui na coluna sobre a importância de acompanhar o noticiário internacional para entender o que está acontecendo no resto do mundo e sair de nossas bolhas – até porque, em um mundo globalizado, o que ocorre em um lugar pode ter impactos em vários outros. Hoje, a China é a segunda maior economia do mundo (atrás apenas dos Estados Unidos) e é o país que mais exporta mercadorias em todo o globo. Além disso, é uma grande importadora de produtos – é a nação que ocupa o 1º lugar no ranking de importações brasileiras, por exemplo. Sendo assim, um lockdown na China traz consequências para todo o planeta.

Para se ter ideia, o porto de Xangai, o maior do mundo em movimentação de cargas e um dos mais importantes para o comércio internacional, está operando com sérias dificuldades. Devido ao confinamento, caminhões que levam mercadorias do porto para outros lugares ou que pegam produtos do porto e distribuem para outros pontos estão tendo problemas para acessar a cidade. Ao mesmo tempo, muitos funcionários portuários não podem ir até o trabalho, o que prejudica ainda mais a logística do local. Como resultado, há um grande número de contêineres sendo acumulados. Além disso, as fábricas que ficam em Xangai e nos arredores da cidade estão fechadas. Muitas delas produzem itens que são vendidos em larga escala no mundo inteiro, como celulares, máquinas de lavar, aspiradores e notebooks.

Portanto, pode ser que, em breve, ocorra uma diminuição da oferta desses itens no mercado internacional. No caso do Brasil especificamente, a situação da China pode resultar em alguns impactos negativos. Um deles está relacionado aos preços da economia local. Como está difícil embarcar as exportações para a China, as taxas de embarque estão subindo, o que aumenta o preço das mercadorias e resulta na subida da inflação no país. Outra consequência está relacionada à oferta de alguns medicamentos, que já estão em falta em farmácias brasileiras. Muitos dos produtos químicos que usamos para produzir remédios são feitos na China e, com o lockdown e o envolvimento do governo chinês na guerra na Ucrânia, a importação desses itens ficou mais difícil.

Ao mesmo tempo em que nós, adultos, devemos estar atentos a todos esses acontecimentos que impactam diretamente em nossas vidas, é importante que nossos filhos, crianças e adolescentes, também estejam por dentro dessas notícias. Quanto antes eles adotarem essa prática, mais fácil será criar o hábito de ficar antenado no que acontece no Brasil e no mundo e pensar criticamente sobre a realidade que os cerca. Como eu já disse em outras colunas, os pais ou responsáveis podem discutir os acontecimentos recentes com os mais novos de uma forma espontânea, sem colocar pressão nos jovens. Você pode aproveitar uma matéria de um jornal para crianças e jovens ou uma reportagem que está passando no rádio ou na TV, por exemplo, para fazer perguntas a eles, a fim de incentivá-los a falar sobre o assunto. “Você sabia do lockdown na China?”, “O que você acha das medidas que estão sendo adotadas pelo governo chinês?”, “Como você acha que o confinamento da China pode impactar o Brasil?”

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A partir disso, o assunto começa a ser discutido de forma natural, valorizando as falas do jovem e tomando o devido cuidado para não impor suas ideias. Vamos aproveitar a temática do lockdown da China para conscientizar os jovens – e nós mesmos, adultos – sobre a importância de acompanhar os acontecimentos do mundo. Brasil e China estão intimamente conectados e, hoje, talvez não seja exagero dizer que, para entender a vida de um brasileiro, é preciso entender também a vida de um chinês. 

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