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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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A importância de desenvolver resiliência na juventude

"Acredito que nós, pais ou responsáveis, podemos ajudar os jovens a desenvolver resiliência de várias formas", escreve Stéphanie Habrich

Por Stéphanie Habrich
9 fev 2021, 11h17

Durante a pandemia, temos ouvido muitas pessoas usando a palavra “resiliência”. Alguns dizem até que foi o termo que melhor resumiu a vida em 2020. Segundo o dicionário Michaelis, resiliência significa “capacidade de rápida adaptação ou recuperação”. E é exatamente isso o que tivemos que fazer com a chegada da Covid-19: nos adaptar ao novo cenário que foi imposto e nos recuperar das perdas que tivemos ao longo do percurso.

Mas atingir o tal estado de resiliência não é fácil. Para isso, acredito que precisamos ter confiança, otimismo, pensamentos positivos, capacidade de tomar decisões e de administrar a pressão. Pode ser desafiador contemplar todos esses elementos, mas a vida tem nos mostrado que é importante trabalharmos nesse sentido – e ajudar nossos filhos a alcançarem esse objetivo também.

Você certamente já ouviu algum especialista ou até mesmo um conhecido dizer que a atual geração de jovens é menos resiliente do que as anteriores. Os mais velhos costumam reclamar que os mais novos têm dificuldade para suportar situações que envolvem conflito e pressão. Na primeira oportunidade, revoltam-se, fogem ou fingem que as circunstâncias desafiadoras não existem. É quase como se tivessem “alergia” ao lidar com problemas.

Vários fatores contribuem para esse perfil das novas gerações. Um deles é o fato de, muitas vezes, os pais ou responsáveis acabarem por proteger as crianças e adolescentes além da conta. Alguns adultos, na ânsia de fazer com que os mais novos tenham uma vida plena e feliz, os colocam em bolhas, defendendo-os com unhas e dentes de tudo que pode de alguma forma atingi-los.

É claro que desejamos que nossos jovens sejam felizes e realizados, mas não podemos esquecer que também é importante ensiná-los a lidar com a frustração e com os próprios problemas. Afinal, por mais protegidos que eles estejam, eventualmente vão ter que enfrentar dificuldades – é inevitável. Então, não seria melhor que estivessem preparados para encarar de peito aberto o que vier pela frente?

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Nesse sentido, acredito que nós, pais ou responsáveis, podemos ajudar os jovens a desenvolver resiliência de várias formas. Uma delas é ensinando-os a avaliarem as situações desafiadoras com uma perspectiva mais positiva e madura. Isso inclui saber administrar a própria raiva e frustração e aprender a estipular metas que os auxiliem a lidar com o que está acontecendo. Não se revoltar contra tudo ou fugir do ocorrido, e sim usar seus talentos e habilidades para analisar a situação de forma pragmática e, se possível, pensar em soluções realistas para sair dela. Em resumo: assumir a responsabilidade pelos seus atos e tomar decisões consistentes, seja na escola, comunidade ou com os amigos.

Outro fator que contribui para a falta de resiliência dos jovens é a própria dinâmica da sociedade atual e do estilo de vida “fast food”. O mundo virtual faz com que tenham acesso a uma quantidade enorme de informações e estímulos rápidos – e tudo isso em uma fase em que o cérebro ainda não está totalmente desenvolvido. Isso pode levar à impaciência, ansiedade, a autoimagens distorcidas, baixa autoestima e depressão. Todas essas consequências afetam a capacidade de ser resiliente. A pessoa não tem energia ou confiança para se adaptar ou resolver situações difíceis, então prefere se revoltar contra elas, fugir ou fingir que não existem – ou que não são tão graves quanto parecem.

Ao mesmo tempo, os jovens passam muito tempo “convivendo” com máquinas, que garantem recompensas instantâneas, como curtidas ou centenas de visualizações, e não aprendem como é, de fato, interagir com pessoas reais. Usuários e pessoas não são a mesma coisa. Para se relacionar com um indivíduo de verdade, é preciso dedicar tempo, atenção e paciência. Porém, muitas vezes, os mais novos não são capazes de contemplar esses requisitos, pois passaram tanto tempo presos na lógica do virtual que não sabem como é, verdadeiramente, se relacionar com pessoas de carne e osso. Assim, quando alguém faz algo que não os agrada, desmoronam e não conseguem usar a resiliência para lidar com aquela situação da melhor forma.

Para driblar essa dificuldade, acredito que uma boa dica é ajudar os jovens a encontrar um propósito, algo que tenham muita vontade de fazer. Pode ser praticar um esporte, aprender um estilo de pintura, criar uma ferramenta nova… Se for possível, seria interessante que essa atividade também envolvesse outras pessoas, para estimulá-los a sair das telas e conviver com indivíduos reais – e não usuários.

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Ao depararem com algo que amam tanto, provavelmente serão incapazes de abandonar aquilo, apesar dos obstáculos. Isso fará com que aprendam a enfrentar os desafios de frente, seja em relação a questões técnicas ou ligadas ao relacionamento com as pessoas envolvidas no projeto. Ao longo dos dez anos de existência do Joca, jornal para crianças e jovens que criei em 2011, enfrentei diversas dificuldades. Porém, como sempre fui apaixonada pelo projeto, nunca desisti da empresa e sempre procurei superar as adversidades. Tudo isso fez com que eu aprendesse muito sobre força de vontade e resiliência.

Enfim, sabemos que não é fácil desenvolver capacidade de adaptação ou recuperação, mas a pandemia do novo coronavírus nos ensinou que, sem essa habilidade, temos muito mais chances de travar ou desmoronar, especialmente em tempos sombrios. Então, por que não fazer do limão uma limonada e aproveitar o momento desafiador para ensinar uma habilidade valiosa para nós mesmos e para os nossos jovens? Será uma lição para levar por toda a vida.

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