Esta vovó pernambucana domina o ritmo coco e as danças de roda
Com 12 netos e próxima dos 90 anos, Dona Glorinha ainda tem vitalidade para subir aos palcos e representar o ritmo, que é carregado de ancestralidade
![Dona Glorinha do Coco](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/06/41873324474_2683cd4d7a_k-800x529-1.jpg?quality=85&strip=info&w=800&h=529&crop=1)
Não penso numa avó melhor para essa coluna que comemora, com um certo atraso, os tímidos festejos de São João que Maria da Glória Braz de Almeida, a Glorinha do Coco. Pequenina e faceira, Dona Glorinha tem apenas 50 quilos, mas vira uma gigante nos palcos quando o batuque começa.
Sua história com o ritmo, que nasceu entre os escravos e os negros nos engenhos de açúcar de Pernambuco, começou bem cedo. Filha da “conquista” Maria Belém, a pequena Glorinha ganhou um tamborete do padrasto e aos 7 anos já subia nele para “responder” aos cânticos da mãe. Quando a matriarca partiu, ela tinha 44 anos e se afastou da folia para garantir o sustento da família.
![28719629628_95c03a2d71_k-800×530 Dona Glorinha do Coco](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/06/28719629628_95c03a2d71_k-800x530-1.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
Lavando roupas para fora, ela fazia apresentações locais que não lhe rendiam nada além do prazer. “Antigamente, o coco não tinha esse negócio de receber dinheiro. A gente fazia as coisas por amor à brincadeira. Onde a gente chegava nem água na jarra pra beber tinha, mas a gente brincava até o dia amanhecer no chão de barro. Quando a gente terminava, os pés ficavam cheios de poeira”, relembra.
![27725858037_004685ed1d_k-800×529 Dona Glorinha do Coco](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/06/27725858037_004685ed1d_k-800x529-1.jpg?quality=85&strip=info&w=1024&crop=1)
A sorte começou a mudar em 2007, quando participou do documentário “O coco, a roda, o pneu e o farol”, de Mariana Brennand. O material abriu caminho para ela ser convidada para a coletânea “Coco do Amaro Branco Vol. 2”, no ano seguinte, e chamou a atenção da produtora Isa Melo, que dona Glorinha chama de anjo por razões óbvias. Isa foi a responsável pela gravação e o lançamento de seu primeiro disco, em 2013, quando a artista estava perto de chegar aos 80 anos.
![_EPS6295 Dona Glorinha do Coco](https://claudia.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/06/EPS6295.png?&w=1024&crop=1)
Sua primeira viagem de avião foi em 2014 para Lisboa, quando foi selecionada para participar do Ano do Brasil em Portugal. Em seguida, o destino foi o Rio, onde concorreu ao prestigiado Prêmio da Música Brasileira de 2015, profecia que não se cumpriu, mas abriu muitas portas. Muitos shows e parcerias depois, Dona Glorinha lançou seu segundo disco, em 2018, aos 84 anos.
Avó de 12, ela já tem a herdeira para o seu “anel de coco”, a neta Renata, sua companheira de grupo. Enquanto isso, segue em atividade e não pretende parar, afinal não está velha “…só um pouco gasta”.
Essa rainha é minha convidada do Conversa de Vó, na próxima quarta-feira (30), às 19h, no Instagram @nataliadornellas. Esperamos você!