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Conversa de Vó

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Natália Dornellas é jornalista, podcaster e ativista da longevidade. Procura por avós e avôs para prosear e histórias de #avosidade para contar. É criadora do podcast Conversa de Vó e cofundadora da plataforma 40+ AsPerennials

Vovós no comando

30 mulheres foram fotografadas pela norueguesa Anne Helen Gjelstad, em 2017, para um ensaio que ganhou o mundo

Por Natália Dornellas
Atualizado em 4 jun 2021, 16h42 - Publicado em 4 jun 2021, 16h38
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 (Anne Helene Gjelstad/Reprodução)
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Conhecida com a “Ilha das Mulheres”, Kihun, uma pequena península estoniana perdida no Báltico, foi aos poucos se transformando na“Ilha das Avós”. Das 30 mulheres fotografadas pela norueguesa Anne Helen Gjelstad, em 2017, para um ensaio que ganhou o mundo, 10 já haviam falecido em 2020.

Segundo artigo publicado na BBC, Anne Helene tinha ido à ilha para pesquisar e catalogar trabalhos manuais, mas o destino quis que fosse convidada para um funeral (sim, a morte por ali é lindamente celebrada) que mudaria o curso das coisas. Vestiu-se com roupas de luto azuis, um costume local, e foi colocada diante do corpo de Koksi Leida, na cozinha de sua casa.

Durante a cerimônia, as mulheres rezaram, se lamentaram e cantaram, antes que os homens chegassem para levar o caixão. A experiência do velório acabou se transformando no “Big Heart, Strong Hands”, um livro de fotografia que nos permite entrar na história do último matriarcado da Europa.

Pra quem chegou agora, Kihnu tem apenas 7 km de comprimento e 3,3 km de largura, e sua população é estimada em 300 residentes, com maioria de mulheres.

Como o matriarcado ali é que governa, as mulheres de Kihnu e da ilha vizinha Manija cuidam de tudo em terra firme, enquanto seus homens trabalham fora de casa, muitas vezes no mar, caçando e pescando focas. Tanto eles quanto elas suportaram uma ocupação soviética de 50 longos invernos que isolaram Kihnu do mundo. Esse talvez seja seu trunfo, pois acabou por isolar e proteger os costumes por ali.

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Essas ilhas já foram descobertas por turistas atentos,que, no verão, se aglomeram para ver as mulheres realizando shows folclóricos de música e dança cheios de cores e energia feminina.

Prontas para partir

Ainda na matéria publicada pela BBC, chama atenção a relação daquelas vovós com a morte. Seguindo a tradição, quando uma mulher chega aos 60 anos em Kihnu, ela começa a preparar o enxoval de seu funeral. Para isso costura indumentárias especiais e luvas de tricô para os homens que escolhe para carregar seu caixão, uma honraria e tanto. A partir dali, está preparando-se para partir e, graças a Anne Helene, todas elas terão o seu legado preservado.

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