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Cynthia de Almeida

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Coluna da jornalista e estudiosa do comportamento feminino Cynthia de Almeida
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Coluna da Cynthia: “Descanse, você precisa”

Pesquisas forneceram uma riqueza de insights sobre o papel da pausa no cérebro como forma de aumentar a capacidade de aprendizagem e o potencial criativo

Por Cynthia de Almeida Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 16 Maio 2017, 09h00 - Publicado em 16 Maio 2017, 09h00
 (ThinkStock/Reprodução)
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Estamos exaustas. Para ser justa, estamos todos, homens e mulheres, exaustos. Paradoxalmente, no entanto, quanto mais cansados, menos espaço criamos na vida para descansar. “Se aprendemos a nos definir pelo trabalho, se somos vistos pela nossa dedicação e eficiência, quando cessa o trabalho, deixamos de existir.”

Quem define essa contradição é o consultor norte-americano Alex Soojung-Kim Pang, autor do livro Rest: Why You Get More Done When You Work Less (em tradução livre, Descanse: Por que você faz mais quando trabalha menos). A tese é um bálsamo: ao contrário do senso comum, descansar não é escapar do trabalho. O repouso é seu parceiro (ufa!). “Não é algo que o mundo nos oferece. Nunca foi uma dádiva. Não é algo que você faz quando termina tudo. Se você quer relaxar, deve tomar essa decisão. Deve resistir à tentação da ocupação, criar tempo para a pausa, levar a determinação a sério e protegê-la do mundo, que vai tentar roubá-la de você”, explica ele.

O resultado dessa ação é um trabalho melhor. O autor pesquisou alguns dos personagens mais criativos da história e viu que levavam o repouso a sério. Hoje, vivemos uma corrida contra o tempo e somos reconhecidos não apenas pelo que fazemos, mas pelo que parecemos fazer.

Na era do conhecimento, o resultado do nosso esforço intelectual é menos tangível do que a produção de uma fábrica. Ficamos o dia todo no escritório ou conectados a ele em “horários flexíveis” e somos reconhecidos pelas jornadas cada vez mais longas, por parecermos engajados ou estarmos disponíveis a um clique. Folgar, definitivamente, não é símbolo de status, mas uma licença que pedimos, envergonhados, ao padrão cultural, aos empregadores, clientes e… a nós mesmos.

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Dessa forma, escreve Soojung-Kim Pang, caminhamos, sem perceber, na contramão da criatividade, da produtividade e da sustentabilidade. Nas últimas décadas, pesquisas forneceram uma riqueza de insights sobre o papel da pausa no cérebro como forma de aumentar a capacidade de aprendizagem e o potencial criativo.

Falta repensar a conexão profunda com o trabalho. “Quando paramos, não somos punidos pela criatividade, na verdade investimos nela”, diz o autor. O livro sobre a ciência do repouso traz quatro grandes ideias:

  • Trabalho e descanso são parceiros. A neurociência está próxima de decifrar o processo cognitivo do cérebro quando ele nos traz um insight. A atividade criativa nunca para e aprendendo a descansar nós a apoiamos.
  • Descanso é ativo. Quando pensamos em relaxar, imaginamos deitar no sofá, assistir TV, tirar uma soneca. Essas são formas de parar, mas não as únicas. O exercício físico e o hobbie são igualmente vitais e repousantes – mantêm nossa mente afiada e proporcionam a energia para a tarefa difícil.
  • Descanso é uma habilidade. Como fazer sexo, correr ou respirar. Se nos dedicarmos, faremos melhor. Aprender a descansar e saber o que nos deixa mais relaxados e inspirados é um talento a ser cultivado.
  • Descanso programado estimula a criatividade. As pessoas mais criativas concentram o esforço profissional em suas horas mais produtivas, intercalando a jornada (curta) com atividades prazerosas como caminhadas, sonecas, leituras… o que for gostoso. Sem culpa nenhuma.
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