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Ana Claudia Paixão

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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood

O preço do desejo: Gilda Nomacce vive personagem radical

Há filmes e séries que fantasiam “como eliminar seu chefe”, mas Lucimar, vivida por Gilda na série da Star+, encontra uma alternativa mais rápida

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 25 abr 2024, 14h21 - Publicado em 24 abr 2024, 17h00
desejos s.a. gulda nomacce
Em exclusiva, Gilda Nomacce conta sobre sua passagem na série da Star+, Desejos S.A. (Hadrien Leite/Divulgação)
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A série Desejos S.A. vem colecionando elogios e liderou as mais vistas da plataforma da Star+, com um conteúdo brasileiro que aposta em uma trama bem amarrada, histórias que guardam surpresas e personagens inesperados. Bati um papo sobre isso com Carol Castro na semana do lançamento, e hoje compartilho a conversa com a atriz Gilda Nomacce, também no elenco.

Em Desejos S.A., o lema de “O que você quiser, quando quiser” vem com pegadinha: para realizar o que você quer, além de uma tarifa simbólica, precisa ajudar outra pessoa, numa corrente que pode ter consequências muito graves caso não tope o preço.

O episódio de Gilda é bem tenso, ela é Lucimar, uma empregada doméstica que encontra no serviço uma alternativa não de apenas mudar seu trabalho, mas eliminar seu chefe, um militar reformado prepotente, autoritário e dependente. Pois é!

Confira nosso bate-papo com a atriz Gilda Nomacce sobre Desejos S.A.:

Gilda Nomacce discute sobre sua participação em Desejos S.A.

CLAUDIA: Qual foi a sua primeira reação ao ler o roteiro de Desejos S.A.?

Gilda: Quando li o roteiro de Desejos S.A fiquei muito impactada e emocionada. Receber um papel de extrema importância na sociedade brasileira, e que também ressoa em diferentes culturas, deixou-me empolgada e feliz. Sabia que seria um grande desafio representar o papel de forma autêntica, mas também sabia que estava muito bem amparada por uma equipe incrível e que seria dirigida pela Mariana Youssef, que é impecável em seu olhar e condução.

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Senti uma mistura de orgulho por estar envolvida em um projeto tão significativo, muita responsabilidade em retratar a personagem de forma respeitosa, e entusiasmo em contribuir para a representação positiva e inclusiva na mídia. Essa oportunidade também gerou em mim um senso de propósito e conexão com questões relevantes, confirmando meu compromisso com a arte como veículo para promover mudanças e ampliar perspectivas.

CLAUDIA: Apostar em “terror” e suspense não era frequente para séries/filmes brasileiros, mas há um grande mercado internacional – a seu ver, quais as principais barreiras e como Desejos S.A. consegue superá-las?

Gilda: É realmente animador ver o investimento no gênero do terror por parte das plataformas de streaming, especialmente considerando o sucesso do cinema brasileiro neste sentido. A contribuição de diretores como Juliana Rojas, Marco Dutra, João Paulo Miranda Maria, Gabriela Amaral Almeida e Rodrigo Aragão, entre tantos talentosos brasileiros, tem sido fundamental para consolidar a presença do terror brasileiro no cenário internacional.

Além disso, outra referência é José Mojica Marins, o Zé do Caixão (Coffin Joe), que completou, recentemente, 88 anos e é mundialmente conhecido. Comecei no cinema em um filme de terror chamado Trabalhar Cansa, que teve sua estreia em Cannes, onde tive o privilégio de passar pelo tapete vermelho. Gosto de fazer terror. A série Desejos S.A. mistura alguns gêneros, também estão presentes comédia e suspense, além do terror.

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CLAUDIA: A corrente do “terror”, usando um princípio já explorado em tantos filmes e séries antes (Pacto Sinistro entre eles), brinca com um desejo comum de solução para a dor. Como a série lida com o tema?

Gilda: A trama faz relações com a exposição do poder e desejo. Até que ponto nos submetemos para a realização daquele desejo sendo o mais obscuro, egoísta ou libertador? Como a ética fica diante do seu desejo? Podemos nos fazer muitas perguntas, mas a série fala do impulso de saciar os nossos desejos.

Em marés turbulentas, das sinapses, o que é o desejo? É orgânico? É sociocultural? É o desejo plantado? Emprestado? Autêntico? E na oportunidade por soluções para a dor, pode levar a caminhos perigosos e imprevisíveis. Ao mergulhar nas motivações dos personagens e na complexidade de seus desejos, Desejos S.A. tem a oportunidade de oferecer uma reflexão profunda sobre as escolhas que fazemos em momentos de sofrimento.

CLAUDIA: O valor “irrisório” prova que o barato pode sair caro. Como os arcos de cada um se cruzam?

Gilda: O barato acaba por ser pago com o que não tem preço estimado em moeda. Cada um dos seis protagonistas tem seu próprio arco narrativo, mas, ao longo da série, os caminhos desses personagens acabam se cruzando de maneiras inesperadas e por vezes assustadoras, o desejo tem consequências que não tem como voltar atrás.

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CLAUDIA: Qual seu desejo que poderia ser realizado?

Gilda: Sonho com uma carreira longeva. Com personagens infinitos, que me levem a comunicar com o meu tempo, questões e sentimentos, que possam existir no lugar da arte. Onde não haja polarizações. Porque cada um desdobra daquela vivência o que comunica com o seu íntimo. Sonho em comunicar livremente. Sem julgamentos e com respeito pelo que o outro recebe do que explorei das minhas perspectivas e, assim, infinitamente com as personagens vivendo com a alegria de descobrir tantos universos durante meu tempo de vida.

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