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A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
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“Broto Legal”: filme reconta a história de Celly e Tony Campello

Marianna Alexandre, que interpreta a cantora, conversou exclusivamente com CLAUDIA sobre o filme e o preparo para um papel importante em sua carreira

Por Ana Claudia Paixão
17 jun 2022, 11h48

Marianna Alexandre tem apenas 21 anos. Em casa, seus pais mostraram alguns sucessos dos anos 1950, que ouvia com interesse, mas jamais sonhou ou o quanto poderiam ser importantes para sua carreira. É porque coube a essa carioca, que passou por uma transformação física, dar vida nas telas para a icônica Celly Campello, no filme “Um Broto Legal”.

A cinebiografia dirigida por Luiz Alberto Pereira já está em cartaz e mostra, no ano em que a cantora completaria 80 anos, sua inimaginável trajetória de sucesso no país, quando se transformou na primeira popstar do rock nacional. O lançamento, como muitos outros filmes, teve a estreia adiada por causa da pandemia. Marianna, que viu o resultado alguns dias antes do nosso papo, contou com relatos de amigos e do principal colaborador de Celly, seu irmão e parceiro nos palcos, para construir sua interpretação.

Celly Campello tinha um sorriso angelical e uma voz clara, límpida e extremamente afinada. Quando regravou o hit italiano “Tintarella di luna”, da dupla italiana Fillipi e Migliacci, traduzida como “Banho de Lua”, já era a artista mais imitada e adorada no Brasil. Inspirou artistas como Rita Lee e Os Mutantes, entre outros.

Nascida Célia Benelli Campello, em 18 de junho de 1942, na cidade de São Paulo, passou a infância em Taubaté, interior do Estado. Foi lá que, aos 15 anos e com o irmão, Tony Campello, nome artístico de Sérgio Campello, estreou em rádio e popularizou o rock entre os jovens de sua época. O filme vai apresentar Sérgio e Célia, ou Tony e Celly, e como ascenderam ao sucesso.

Celly, que por sua vez se inspirava em estrelas como Brenda Lee e Connie Francis, era uma adolescente quando ganhou o estrelato e teve até bonecas criadas baseadas no seu visual. Ela surpreendeu os fãs quando, no auge, deixou a carreira para se casar e ter filhos. Com a novela da Globo, em 1976, reviveu uma onda de sucesso, mas não quis voltar a cantar profissionalmente. Faleceu em 2003, em consequência de um câncer de mama. O filme “Um Broto Legal” promete trazer uma onda nostálgica em tempos tão difíceis. Marianna está i-gual a Celly (até cantou um trechinho de “Estúpido Cupido”, maravilhosa).

Elenco do filme “Broto Legal”, que reconta a história de Celly e Tony Campello, irmãos que fizeram sucesso e trouxeram o rock para o Brasil
Elenco do filme “Broto Legal”, que reconta a história de Celly e Tony Campello, irmãos que fizeram sucesso e trouxeram o rock para o Brasil (| Foto: Divulgação/Divulgação)

Quem sabe vai seguir os passos da estrela? Veja aqui nosso papo:

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Sendo de uma geração mais jovem, começo pelo óbvio. Me fala uma coisa: você conhecia Celly Campelo?

Marianna: Sim porque meus pais sempre colocaram pra tocar as músicas dela então eu super conhecia, mas não conhecia a história dela, querendo ou não, quando ela faleceu eu era supernova, então eu não tive esse esse contato todo, né? Mas as músicas sempre fizeram parte da minha trajetória. Então, porque não tem uma coisa assim que é muito engraçada, eu não sei como.

Viajando muito, mas, nos dias de hoje, vemos a relação criativa bem sucedida dos irmãos da Billie Eilish com o Finneas O’Connell. Celly também tinha algo parecido com o irmão dela, Tony. Como era aos irmãos fazendo música?

Marianna: E isso é uma coisa que pode falar muito com essa geração, né? Porque ela era jovem, tão jovem quanto a Billie na época. Quem estava muito voltado pra música e sucesso era o Tony.  Na verdade, acho que era ele quem mais queria ser um astro. Dos dois, ele que tocava rock no clube e a Celly ia só curtir mesmo. O Tony, que se chamava Sergio, foi escolhido pelos empresários da gravadora Odeon e a Celly era uma garota normal como qualquer outra menina da época que sempre teve um contato muito grande com a música porque o pai sempre foi um grande incentivador. A mãe nem tanto, mas isso pela cabeça de uma mulher daquela época. Só que, da mesma forma, também nunca impediu nada. Até que surgiu uma oportunidade quando Tony estava em São Paulo, na capital, e a Celly em Taubaté (eles são do interior de São Paulo). Tony conseguiu de gravassem um disco com dois lados e duas músicas. Ele cantou e depois, ela cantou. Meu Deus. E tinha a voz! Na verdade, eles [a gravadora] queriam uma veterana e aí ele [Tony] falou, “não, eu tenho uma pessoa certa”, e chamou a Celly. Eles amaram a voz e aí começou o burburinho.

E como foi o caminho para o sucesso nacional?

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Marianna: Aí eu vou contar a história do filme! Só pra gente contextualizar pros mais jovens, né? O caminho inicial era a rádio. Tinham que tocar na rádio e a Celly teve um programa na Rádio Cacique, de Taubaté, e super dava certo, tanto que os pais escutavam na rádio e a apoiavam. Tanto que ela cogitou também, depois que gravaram esse disco e acabou não dando muito certo, ela falou para o Tony “acho que vou ficar mais no programa da rádio que está fazendo sucesso a galera gostava pedia música para cantar ao vivo”.

E tudo mudou quando gravaram a versão em português para a canção “Stupid Cupid”, na tradução, “Estúpido Cupido”, não?

Marianna: Sim, carreira ladeira acima! Só tem ascensão, cada hit, cada coisa maravilhosa.

E ela tinha uma figura bem comportada, me fala um pouco da Celly que a gente não conhecia.

Marianna: Celly era uma “boa moça” no rock então, sim, era uma contradição, querendo ou não. Isso porque o rock era visto – como falam no filme – para pessoas transviadas. Não era a galera certinha. Tony foi aos nossos ensaios e contou que a irmã era uma um amor de pessoa, um doce, que sempre o que passava na televisão ou nas entrevistas era ela de verdade. Não era uma outra pessoa, sabe? Ela não inventava. Ela uma figura muito angelical e foi por isso que virou a namoradinha do Brasil. Era uma figura que as meninas queriam muito seguir.

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A atriz Marianna Alexandre interpreta a cantora Celly Campello
A atriz Marianna Alexandre interpreta a cantora Celly Campello (| Foto: Divulgação/Divulgação)

Uma influencer do seu tempo?

Marianna: Tem uma cena [no filme “Broto Legal”], que mostra que Celly tirou uma foto de calça e, [“boa”] moça só usava saia ou um vestido. Então as meninas começaram a usar calça porque Celly usou calça. Ela tinha um impacto muito grande que é o que a gente também pode relacionar hoje em dia com a rede social com influenciadores postando e os seguidores copiando. Desde aquela época já acontecia! Isso é bem legal de falar.

E podemos para e pensar que, se Celly tivesse continuado a carreira, talvez a gente não tivesse conhecido Wanderleia? Porque ela se recusou entrar pra “Jovem Guarda” dando a oportunidade para a cantora, mas também porque largou tudo por amor. Como foi esse relacionamento, se casar com o primeiro namoradinho?

Marianna: Largou tudo no auge! Com vinte anos decidiu pelo casamento. Lembro quando li o roteiro pela primeira vez, embora soubesse da história, falei “foi muito romântico”. A gente aborda tudo muito bem no filme. Porque é isso. Todo mundo que a conheceu, todo mundo que falou comigo, falou que tudo acabou acontecendo muito rápido e que não era muito da essência dela. Celly tinha o sonho de se casar, de ter a família. Quem sentiu muito essa decisão foi Tony, porque ele colocava nela o lugar de estrela, mas Celly queria ser “normal”, ter uma vida, ter filhos, casar e acabou que ficou junto com o primeiro namorado dela, Eduardo. Ficaram juntos até o final da vida dela.

E como foi a relação de Eduardo com o estrelato dela?

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Marianna: Celly estava na música, com um programa de rádio, aparecendo na televisão e ele deu apoio, mas no filme, que é feito pra dramaturgia, há cenas em que questiona coisas do tipo “mas não é você”, tem alguns embatezinhos de casal, mesmo que no final dê “tudo certo”. Havia a mentalidade na época de que ela “não precisava trabalhar” e a Celly bate o pé e diz “quero e vou cantar”. Ela viajava, fazia shows e ele ficava em Taubaté porque tinha passado em um concurso público. Eles super conciliavam, mas, querendo ou não, acho que devia dar um estressezinho…

E como que era a relação dela com o Tony?

Marianna: O filme mostra essa relação e é muito linda. Eu tive um trabalho muito legal com o Murilo Armacollo, que faz o Tony. É muito bonito de ver.  Depois que assisti o filme pela primeira foi super nostálgico ver o trabalho que a gente teve na sala de ensaio e depois ver na tela. Formamos uma família emocionalmente, sabe? Criamos conexões muito legais e eu acho que é isso que eles sempre quiseram passar assim pra gente. Tony tinha o sonho de fazer sucesso e ele estava lá, ao lado de Celly, fazendo também pra ela. Estava sempre a colocando pra cima, no pedestal, dando suporte. É uma relação muito bonita de se ver.

E você tem algo assim na sua vida como Celly teve?

Marianna: Tenho uma irmã também e me baseei nessa relação. Sou a mais velha, no caso de Tony e Celly, ela era a mais nova, mas, pra mim, foi muito natural. E também conhecia o Murilo de outros trabalhos, então foi maravilhoso.

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A atriz Marianna Alexandre interpreta a cantora Celly Campello
A atriz Marianna Alexandre interpreta a cantora Celly Campello (| Foto: Divulgação/Divulgação)

Como surgiu o convite pra esse projeto?

Marianna: Fiz um teste. Estavam procurando opções para as personagens e minha agente achou que era a minha cara. Falei, está bom, vamos mandar um teste e fiz um vídeo tocando piano, cantando “Estúpido Cupido”. Gal [Luiz Alberto Pereira, diretor do filme] depois me compartilhou que foi o diferencial porque eu já estava cantando parecido com ela. Me acharam muito parecida, mesmo que na época tivesse um cabelo desse tamanho [longo]! [risos].  Mas enfim, a primeira parte foi esse teste por vídeo. Depois vim pra São Paulo fazer o teste presencial [sou do Rio, sou carioca], toquei ao vivo [porque tinha piano na sala de audição] e fiz o teste de cena com o Murilo. Três semanas depois me chamaram para mais um teste, mas houve nenhum, só reuniram a galera que tinha passado – Eu, Murilo e o Danilo – os três protagonistas e nos falaram que estávamos no elenco. Foi muito bonitinho. Eu adorei.

Como que você se preparou?

Marianna: Foi uma grande responsabilidade porque interpretar uma pessoa que existiu é difícil. Sem muito acervo, mas vi muitos vídeos em preto e branco, mesmo que muita coisa que já tivesse sido perdida. Tinha mais fotos e relatos das pessoas que conviveram com ela. Mas prestei muita atenção para ficasse muito real, não caricato até porque sou carioca, tenho sotaque e ela era de Taubaté. Existe uma grande diferença, mas sempre tive muita facilidade em pegar sotaque e escutei como pessoas [de Taubaté] falavam. E o cabelo, óbvio, o cabelo foi uma grande mudança. Tivemos semanas de preparação antes de gravar e aí bem pertinho de começar a rodar, me falaram “Mariana hoje é o dia de você cortar seu cabelo”. Nunca tive problema, sabe? Amo fazer transformação, ainda mais por uma personagem. Até fiz um vídeo no meu Instagram, que foi muito legal, com tinha tufos de cabelo na mesa [risos]. Foi um corte fixo, aquele bem curtinho.

E teve alguma cena, alguma canção que te emocionou mais? Ou te desafiou mais?

Marianna: Conhecia muitas delas, praticamente todas assim, mas, cantar “Banho de Lua” e “Estúpido Cupido” foi incrível, ainda mais porque a gente fez vários shows então puderam compilar tudo. Quando vi o filme fiquei cantando na cadeira, muito emocionada porque é muito gostoso ver nosso trabalho depois de tanto esforço e dedicação.

E qual é a importância de recuperar essa história, a memória de Celly nos dias de hoje?

Marianna: É muito importante porque ela é meio imortal, transcende gerações. Até tem gente que quando que fiz o filme às vezes não conhece o nome dela, mas quando falo que é aquela que canta “Estúpido Cupido” todo mundo conhece. Ainda toca nas festas!  E é importante mostrar o lugar de onde ela veio, como tudo aconteceu. Mostrar que ela já tinha contato com a música, que é uma história super leve, superdivertida. A gente precisa dessas histórias mais tranquilas.

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