Iluminação poética transforma o apartamento de 30 anos
Uma distribuição inteligente e o uso poético da luz foram as chaves para o escritório de Toninho Noronha redesenhar os ambientes e a atmosfera deste apartamento na capital paulista.
*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012
Reunir irmãos de geração, como Tarsila do Amaral e Ismael Nery, e primos tão distantes, como Alfredo Volpi, Abraham Palatnik, Tunga e Franz Krajcberg, requer um senso agudo de equilíbrio desafiante para qualquer curador com uma grande sala em branco por ser ocupada. Juntar peças tão fortes, díspares e vibrantes respeitando a individualidade de cada uma sem tirar o senso de conforto e aconchego numa residência não é esperar pouco de um projeto de reforma. O apartamento de 30 anos tinha espaço para a coleção de arte moderna e contemporânea do casal paulistano, mas o acabamento neoclássico, excessivo em detalhes desnecessários, não condizia com a elegância da coleção e as expectativas do casal. “Eles tinham acabado de assistir ao filme The Ghost Writer e estavam interessados naquela atmosfera retilínea de tons neutros e sóbrios das tomadas internas da película de Roman Polanski”, lembra o arquiteto Toninho Noronha. “Por isso o piso de carvalho e o cinza das paredes”, emenda. Para criar um ambiente fluido, um quarto foi desfeito e incorporado à sala, e algumas divisórias foram derrubadas. “Retiramos as paredes que separavam a sala de jantar do living.
O quarto ocupava o local onde hoje está o home theater, também conectado com as áreas sociais”, comenta o arquiteto Renato Andrade, que participou do projeto. Esse grande salão, de piso de carvalho- americano e teto de gesso branco, se tornou o cenário para a raríssima coleção de arte brasileira distribuída nas paredes, mesas de centro e lateral e no chão. “Trabalhamos com desejos nem sempre muito próximos. O casal, muito discreto, queria um espaço para receber. Mas, sendo eles pais de duas crianças, entendemos que seria importante propor uma demarcação entre as áreas íntimas e o grande espaço de atenção, onde ficariam as obras”, conta Toninho. “Por isso, a iluminação de passagem assinada pelo Maneco Quinderé tem um papel importante de sinalização”, explica. Os desenhos de luz, combinados com a sinalização discreta da arquitetura, contribuem com forte mudança de tom ao entrar no núcleo social desta morada. Como se, ao cruzar o corredor, encontrássemos um templo particular. Um templo adornado com imagens sagradas da arte nacional.
*Matéria publicada em Casa Claudia Luxo #31 – Novembro e Dezembro de 2012