“Não deixe a vontade passar. Vá com medo mesmo!”, diz Cynthia de Almeida
Você quer se sentir LIVRE? SEGURA? ATIVA? AMADA? LEVE? PODEROSA? RECONHECIDA? A lista é extensa, pessoal e intransferível
Se você já disse (ou pensou em dizer) essa frase, não deixe a vontade passar. Não importa em que estágio ou situação profissional esteja, já tem a ferramenta mais poderosa para qualquer processo de mudança: o desejo. As mais jovens entendem melhor do que estou falando. São geralmente mais atentas à própria voz interior – embora, por isso mesmo, acusadas de hedonismo ou imediatismo. As mais velhas costumam se ouvir menos e ser mais comprometidas com as expectativas externas – e se autossabotam para atender a elas.
Nenhuma geração resolveu a equação. Millenials: não basta ouvir o coração, é preciso concretizar sua aspiração. X e boomers: não basta cumprir o que os outros esperam, é preciso fazer aquilo que se aproxima do próprio desejo, ter clareza da sua essência. A clareza virá da reflexão necessária para transformar uma crise profissional, demissão, falência ou aposentadoria em oportunidade de uma vida melhor. Pode dar muito certo e é mais simples do que se imagina. Como tudo, porém, depende de autoconhecimento, estratégia, foco e coragem.
“Trata-se de identificar o que você sente, antes do ser, do ter e do fazer”, conta a coach Karinna Forlenza, autora do livro recém-lançado Propósito – 20 Dicas para Criar o Seu (Editora Pólen, 44 reais). Criadora de uma metodologia que batizou de “coaching com alma”, Forlenza parte da pergunta-chave “Como você quer se sentir?” para ajudar seus clientes a saber o que querem fazer de verdade e “alinhar o coração com a ação”. Aos que respondem, automaticamente, “felizes” ou “mais felizes”, a coach ajuda na tradução do que é felicidade para cada um. Você quer se sentir livre? Segura? Ativa? Amada? Relaxada? Leve? Poderosa? Reconhecida? O checklist interior é extenso, pessoal e intransferível.
A maioria de nós conhece todas as respostas, só nunca parou para dar atenção a elas: queremos sentir aquilo que já registramos internamente como bom, agradável, prazeroso, estimulante. Quando estamos desconfortáveis com a vida que escolhemos ou somos obrigadas por fatores externos a sair da nossa zona de conforto, começamos logo a pensar em como agir. E a racionalização é o que nos leva a fazer mais do mesmo ou insistir naquilo que é esperado de nós. Assim, fugimos do nosso propósito.
“Quando as pessoas me procuram em busca de um propósito, elas estão buscando uma revelação. Como se ele fosse uma instância divina a ser descoberta por quem se dispõe a ir atrás do seu Graal”, conta Forlenza. “Propósito não é revelação, é criação. É agir numa direção que tem tudo a ver com quem você é. E a clareza virá não do pensamento, mas da ação.”
Ao passarmos a viver e agir de acordo com quem somos, conseguimos identificar os obstáculos e fazer o esforço necessário para nos livrar daquilo que não faz sentido: pessoas negativas, roupas demais no armário, empregos frustrantes, crenças limitantes. Isso é terrivelmente desafiador, especialmente porque depende só de você. Pode dar um medo danado essa história de descobrir e fazer o que realmente quer. Mas não deixe sua vontade passar: vá com medo mesmo.
Cynthia de Almeida é jornalista e estudiosa do comportamento feminino. Escreva para ela: redacaoclaudia@gmail.com.