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Dor durante e depois do sexo: 4 causas não tão óbvias

Ainda hoje, mulheres têm dificuldade ou se sentem constrangidas demais para buscar ajuda, o que pode ser perigoso, além de impactar a qualidade de vida

Por Vanessa Lima
8 fev 2024, 13h18

Sentir dor durante ou depois do sexo não é normal e, certamente, indica algum problema, que pode – e deve! – ser tratado com ajuda médica. Porém, o assunto ainda é um tabu, o que impede muitas mulheres de buscarem um diagnóstico.

De acordo com a pedagoga com especialização em Sexologia Clínica, Claudia Petry, membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH), aproximadamente 3 em cada 10 mulheres experimentam algum tipo de dor durante a atividade sexual, em algum momento da vida.

“A dor durante ou após a relação sexual, também conhecida como dispareunia, é uma queixa comum entre as mulheres”, diz ela. Muitas ainda enfrentam dificuldades em buscar ajuda. “Existem vários fatores, sociais inclusive, que contribuem para essa relutância: estigma, vergonha, falta de educação adequada sobre sexualidade, o que contribui para a crença de que a dor é uma parte inevitável da experiência sexual feminina, desvalorização ou minimização dos sintomas, medo de julgamentos e até falta de acesso a cuidados de saúde ou falta de recursos financeiros, como falta de transporte ou a ausência de clínicas especializadas, entre outros”, exemplifica. 

Esse silêncio e essa demora em procurar um diagnóstico prolonga o sofrimento. “Sentir dor no sexo não é normal”, afirma a sexóloga clínica e educacional Bárbara Bastos, especialista em Terapia Cognitiva Sexual e sócia da boutique Désir Atelier.

“A dor na região genital é um alerta de que há algo de errado, assim como ocorre em qualquer outra parte do corpo, e que demanda avaliação médica”, explica.

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E o problema tem até nome. “O Transtorno de Dor Gênito-Pélvica/Penetração (DGPP) significa que a mulher tem dispareunia ou vaginismo, que compreende os seguintes sintomas: dificuldade da penetração vaginal, medo associado à penetração e tensão da musculatura do assoalho pélvico”, explica a especialista.

As causas podem ser psicológicas ou físicas, como infecções ou falta de lubrificação, por exemplo. Entender a origem da dor é fundamental para o tratamento, que, em muitos casos, exige atenção multidisciplinar.

Quando a dor no sexo pode indicar problemas mais graves?

A dor ou incômodo durante ou logo após as relações sexuais pode estar associada a problemas mais graves, que requerem atenção médica urgente. Por isso, Claudia lembra que é importante observar os seguintes sinais:

– Se a dor é intensa e persistente, o que pode indicar alguma infecção ou condição ginecológica. 

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– Se há sangramento, sobretudo excessivo, o que pode indicar uma lesão ou condição ginecológica séria, como pólipos ou câncer.

– Se é acompanhada de outros sintomas, como febre, corrimento anormal, dor abdominal intensa ou alterações no ciclo menstrual.

-. Se há alterações na aparência ou textura dos órgãos genitais, como feridas, inchaço ou erupções cutâneas.

A dor, por si só, já é um indicativo da necessidasde de buscar um especialista. Se observar esses sinais extras, é importante relatá-los ao médico, já que podem dar pistas sobre o diagnóstico e, assim, agilizar a indicação do tratamento correto e a resolução do problema. 

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4 causas não óbvias de dor na relação sexual

Além das infecções ou de condições ginecológicas, que podem levar à dor, existem algumas explicações que não costumam ser as primeiras hipóteses levantadas, por não serem tão óbvias, mas que podem acontecer até com uma certa frequência. Com ajuda das especialistas, listamos quatro delas: 

Alergia ao látex

Algumas mulheres têm alergia ao látex, material que compõe a maioria dos preservativos. Nesse caso, durante ou depois da relação sexual com uso de preservativo, a pessoa pode notar desconfortos, como coceira, queimação ou vermelhidão na região genital.

“Felizmente, existem opções de preservativos feitos de outros materiais, disponíveis para quem tem alergia ao látex”, explica Claudia. “Esses materiais, além de serem seguros, também oferecem proteção contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez”, acrescenta. 

Alergia ao sêmen

Embora pareça um problema inusitado, ele não é assim tão rato. “Existe um estudo que apontou que 70% das mulheres já tiveram reação alérgica ao sêmen”, aponta a sexóloga Bárbara.

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“A mulher alérgica ao sêmen possui hipersensibilidade ao plasma seminal humano (HSP), o que pode acontecer com qualquer parceiro, inclusive depois de anos de relacionamento”, diz ela.

Os sintomas são parecidos com os de infecções e, por isso, é importante uma investigação precisa de um médico. Eles podem variar de leves a graves e incluem coceira, vermelhidão, inchaço, erupções cutâneas, irritação e, em casos mais graves, dificuldade respiratória e até choque anafilático.

O ideal, nesse caso, além da investigação urgente, é usar preservativo, para evitar que a mulher tenha contato com o sêmen. Ao constatar o problema, o especialista também pode indicar tratamentos. Uma das opções é a dessensibilização, que é quando a mulher é exposta, gradualmente, a pequenas quantidades de sêmen para ajudar o sistema imunológico a se acostumar com a presença do alérgeno. 

Anatomia

“No caso dos homens, o formato do pênis, como a curvatura ou o tamanho, pode afetar a experiência sexual, tanto para ele mesmo, quanto para a parceria”, explica Claudia.

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Uma curvatura excessiva, por exemplo, pode levar à dor ou ao desconforto durante a penetração. Além disso, o tamanho do pênis pode influenciar a sensação de prazer ou de desconforto.

A anatomia da vagina também pode desempenhar um papel importante nas sensações durante o sexo. “A vagina varia em tamanho e forma entre as mulheres”, diz a especialista.

Algumas podem ter um canal mais curto, estreito, mais ou menos elasticidade. A sensibilidade do clitóris e da área ao redor da vagina pode variar de mulher para mulher, afetando as sensações durante o sexo. “A qualidade da lubrificação também é fundamental para uma relação sexual sem dor”, completa. 

Traumas

O fator psicológico também afeta as sensações durante as relações sexuais. “O assunto sexo/sexualidade envolve muito preconceito e tabu”, ressalta Barbara. “O que mais vejo em meus atendimentos são que as queixas existem por falta de conhecimento no tema e por ausência de uma boa educação sexual. A relação entre a mente e o corpo é complexa.”

“Fatores emocionais e psicológicos podem influenciar a percepção da dor, tornando-a mais intensa ou prolongada. Traumas emocionais, como experiências passadas de abuso, acidentes ou eventos estressantes, podem desencadear respostas psicofisiológicas que afetam a sensibilidade à dor”, diz Claudia.

“A preocupação constante, a antecipação da dor e o próprio medo de que essa dor se torne crônica podem amplificar a experiência. A dor crônica em si pode levar a sintomas de ansiedade e depressão, criando um ciclo de interação entre os aspectos psicológicos e a dor física”, aponta. Nesses casos, é importante buscar ajuda especializada e, em muitas situações, multidisciplinar.

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