Uma mulher trabalha, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana, de acordo com a pesquisa divulgada pelo IBGE. Isso quer dizer que, por mês, nós trabalhamos 30 horas a mais que eles – sem considerar o trabalho doméstico, claro – e 390 horas a mais por ano. Em resumo, são DEZESSEIS dias completos a mais do que qualquer espécime masculino.
O estudo “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, feito entre 1995 e 2015 pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domícilios (PNAD) traz esses dados chocantes sobre a forma como o gênero e etnia são percebidos na sociedade. Estranho seria se não revelasse aquilo que muitas mulheres passam todos os dias, não é?
Além de contabilizar as horas trabalhadas fora de casa, a proporção de tarefas domésticas também se manteve ~quase intacta~ nos últimos 20 anos: 90% delas afirmam realizarem as atividades, contra 50% deles. Até aí, nada de novo sob o sol: o que chama atenção, mesmo, é que as mulheres negras são as principais responsáveis por esse número.
Quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção de quem cuida dos afazeres do lar, caindo de 94 para 79,5%. Ainda que, proporcionalmente, o rendimento das mulheres negras tenha sido o que mais se valorizou entre 1995 e 2015, elas continuam sendo a base da pirâmide social. Homens brancos são os que têm melhores rendimentos, depois as mulheres brancas, seguidas pelos homens negros e, por último, mulheres negras. A taxa de desemprego, inclusive, é a mais alta para elas: 13,3% contra 7,8% de homens brancos.
Até porque, se considerarmos a dificuldade enfrentada por mulheres para conseguir emprego, esse número não é surpresa. Se ela for negra e com ensino médio completo (ou incompleto), soma-se 17,4% de desocupação em idade ativa.
Assim como a entrada no mercado de trabalho é bem mais difícil para as negras e negros, o acesso à educação também é complicado: 12% é o número da população adulta que tem 12 anos ou mais de estudo. Para os brancos? Praticamente dobrou nesses 20 anos. No caso das mulheres negras acima dos 15 anos, a taxa de analfabetismo pode chegar à 10,2% – sendo que o plano é a redução para 6,5%.
E há quem diga que já alcançamos igualdade, não é mesmo?