O jeito certo de falar com os filhos sobre assuntos delicados
Falar sobre morte, violência, drogas... com as crianças exige tato, paciência, mas é necessário. Para ajudá-la nessas conversas difíceis, reunimos as melhores dicas de especialistas.
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SEXO
Como falar – “Caso a clássica pergunta aconteça – `como nascem os bebês?¿ -, explique que ele é formado a partir de um momento de amor e intimidade entre o homem e a mulher, e que isso deve acontecer só na fase adulta”, ensina a psicóloga Robertha Haddad Blatt (RJ). Entrar em detalhes sobre órgãos genitais, anticoncepcional etc., só quando o seu filho tiver 11 anos, ok?
Idade certa – Quando a criança perguntar.
“Desde que minha filha deu o primeiro beijo, eu falo com ela sobre a responsabilidade necessária para ter relações sexuais. Graças a essa liberdade, ela me contou quando estava pronta para a primeira vez.”
Mariana Mayer (RS)
DROGAS
Como falar – Se os pais bebem ou fumam fica mais difícil abordar o tema, pois eles são exemplo. “Ainda que em sua casa bebidas alcoólicas sejam consumidas socialmente, reforce para os menores de 18 anos que o álcool prejudica a formação física e mental se consumido na fase de desenvolvimento”, alerta Maria Teresa Sauer* (SP).
Idade certa – A partir dos 11 anos.
“Antes do nosso filho de 12 anos ir para a primeira festa sozinho, meu marido e eu alertamos para que ele não chegasse perto de fumantes e não bebesse nada do copo dos outros. Ele respondeu: `Não vou usar drogas porque não quero cair nessa¿”.
Regilene Malengo (SP)
HOMOSSEXUALISMO
Como falar – Não é necessária uma explicação aprofundada sobre orientação sexual. Durante a conversa, é comum os pais contextualizarem o tema de acordo com os seus valores morais e religiosos, no entanto, o ideal é evitar transmitir preconceitos e permitir que a criança forme a sua própria opinião quando tiver maturidade.
Idade certa – O assunto deve ser tratado quando o seu filho demonstrar interesse. É preciso estar atento à maturidade que ele tem para lidar com a questão, à curiosidade e ao motivo que o fez abordar o assunto – ouviu na escola? Alguém da família comentou? Viu na TV?
“Outro dia meu filho de 5 anos falou: `Que coisa gay!¿. Perguntei a ele o que era `gay¿ e ele explicou que é quando menino namora menino e menina namora menina. Ficou por isso mesmo.”
Amanda Barbosa (RJ)
MORTE
Como falar – O tema precisa ser encarado como um fato natural. “Para as crianças entenderem, vale comparar o ciclo da vida humana com o de uma plantinha que secou ou de um animal que já morreu. Se a família tiver crenças religiosas que ajudem a confortar, elas são bem-vindas”, afirma a psicóloga Robertha. É importante que os pequenos sintam que, apesar da perda, vai ficar tudo bem. Já a experiência do velório deve ser evitada para não causar traumas. É que é difícil para os pequenos acreditarem que está tudo certo ao verem a família em prantos.
Idade certa – Por volta dos 4 anos, fase em que as crianças começam a ter noção da perda.
“Quando a minha sobrinha era pequena, contei que tinha ganhado da mãe dela a roupa que eu estava vestindo. Ela perguntou se a mãe tinha jogado o presente do céu! Como elas nem se conheceram, porque minha irmã morreu no parto, para a menina era natural que a mãe morasse lá em cima.”
Bruna Gimenez (SP)
DIVÓRCIO
Como falar – Não tente esconder a situação. Ainda que os pais pensem que estão disfarçando bem uma crise, a criança percebe que há algo errado. Quando chegar o momento de viver em casas separadas, é preciso explicar que o papai e a mamãe tomaram a decisão para serem mais felizes, porém continuam sendo os pais dela. “Não entre em pormenores dos problemas conjugais e lide com paciência diante até de chantagens que podem surgir”, sugere Robertha. As crianças necessitam de tempo para assimilar a nova rotina.
Idade certa – Com 1 ano os bebês já entendem a dinâmica familiar e sentem a falta dos pais. Sendo assim, já merecem explicação.
“Quando me separei, o meu filho tinha 10 meses. Aos 4 anos, ele perguntou se o pai e eu tínhamos nos casado. Disse que sim e que quando ele era um bebê nós deixamos de morar juntos para sermos mais felizes. Lembrei-o que agora o pai dele gosta de outra pessoa e eu também. Ele comemorou por ter duas casas!”
Joyce Moretti (SP)
*Coordenadora Educacional e Pedagógica do Colégio Nossa Senhora do Morumbi.