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Por que algumas mulheres não conseguem fazer sexo

Sentir dor durante o sexo ou até mesmo ser impossível transar tem nome, não tem idade e tem tratamento.

Por Gabriela Kimura
Atualizado em 21 jan 2020, 13h10 - Publicado em 16 mar 2016, 14h47

Talvez você já tenha passado por isso, ainda passe ou conhece alguém que enfrenta esse problema. Ficar “dolorida” após uma transa mais selvagem é OK, sentir um leve incômodo quando você está de TPM é normal – o problema é quando toda e qualquer relação envolve uma dor latente, persistente e inibidora.

Estudos estimam que 5% da população tenha o problema, mas há quem diga que esse número pode ser maior. O termo não é muito conhecido e, muitas vezes, o diagnóstico demora a aparecer. O vaginismo é uma disfunção da musculatura que envolve o canal vaginal (o famoso assoalho pélvico), quando ela contrai involuntariamente – o certo é que os músculos relaxem quando há excitação, mas independente do desejo isso não ocorre.

Apesar de parecidos, a dispareunia e o vaginismo não são a mesma coisa. A penetração é o item que separa os dois distúrbios: na dispareunia ela pode ocorrer, por mais que haja dor, enquanto quem tem vaginismo não consegue realizá-la. A fisioterapeuta de uroginecologia especializada em vaginismo e dispareunia Débora Pádua explica:

Por mais que as mulheres sintam desejo, tenham interesse em ter a relação, elas não conseguem fazer com que a penetração aconteça. Em casos mais graves é impossível usar absorventes internos e até mesmo realizar exames ginecológicos.

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A dor pode variar muito de paciente para paciente, principalmente dependendo da gravidade do caso. Porém o termo que Débora mais escuta é este: “Elas costumam chegar ao consultório e relatar que parece haver uma parede no canal vaginal”. E isso pode acontecer em casos de vaginismo e dispareunia, tanto primários quanto secundários. A diferença entre primário e secundário é que no segundo a dor é decorrente de uma causa psicológica ou física, não sendo a primeira relação sexual. “Pode ser uma alteração orgânica como candidíase ou uma infecção urinária que causa dor na relação e cria a memória sexual daquilo. Então quando tiver uma nova tentativa, ela vai acabar contraindo involuntariamente para ‘fugir’ da dor”, afirma a fisioterapeuta.

Leia mais: 12 razões pelas quais você sente dor na hora do sexo

Ao contrário do que muita gente pode pensar mulheres com vaginismo não têm dores tão agudas por não estarem excitadas. “As relações externas são boas, mas o momento da penetração é que é ruim. Muitas vezes elas chegam no consultório e já desistiram da penetração, e preferem fazer sexo oral e ficar com a masturbação, podendo ter orgasmos”.

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Então qual é a causa?

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Para essa pergunta os especialistas e estudos não têm uma resposta única. “Causas psicológicas como educação, religião e questões relacionadas a autoestima podem interferir, mas é difícil traçar um perfil. As pacientes que atendo têm desde 18 até 60 anos e são entre 200 e 250 por mês”, afirma Débora. O fato é que seja qual for o gatilho, a cada tentativa de penetração cria-se uma memória de dor, transformando o sexo em um momento torturante.

Tudo que a gente pensa que vai agredir o nosso corpo, a gente tenta evitar

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Porém não se confunda: o tamanho do pênis não tem relação com a dor. Ele pode sim causar um incômodo, mas nunca transformar a transa em algo horrível. “O pênis sempre parece maior do que o canal vaginal, mas a verdade é por sua musculatura estar mais rígida a penetração é difícil ou dolorida. A anatomia vaginal se modifica para ‘receber’ o membro”, alerta a fisioterapeuta. Basta encontrar uma posição confortável para vocês dois!

Mas há luz no fim do túnel

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Não pense que você veio “quebrada”, “com defeito” ou é “anormal” por ter vaginismo (nem dispareunia). Isso é mais comum do que parece e o tratamento é mais simples do que você imagina. “Muitas vezes é mais fácil tratar a dispareunia do que o vaginismo, pois eliminando a dor, você cria uma nova memória sexual. Já no caso do vaginismo primário é mais difícil por não existir um contato anterior que prove que não há dor. Nesses casos o tratamento pode demorar mais tempo”, explica Débora.

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Se notar que não consegue ter penetração de jeito algum – ou que transar está sendo algo mais doloroso do que deveria -, corra para o(a) ginecologista. Assim você já elimina possíveis causas orgânicas dessa dor. Após constatar que não há nada de errado com a saúde da sua pepeka e ainda assim não conseguir fazer sexo, experimente uma consulta com um(a) fisioterapeuta especializado(a) em uroginecologia.

De acordo com Débora há uma avaliação para compreender o que acontece com você: se há alguma alteração muscular na região perineal, qual o grau de medo e dor que a paciente sente quando é tocada e se existem contrações musculares também em outras regiões. Uma vez detectado o problema, o tratamento pode variar de acordo com a gravidade do caso. “Na fisioterapia fazemos uma massagem dentro do perineal para ir soltando a musculatura e ganhar mais flexibilidade no canal vaginal. Além disso, utiliza-se a eletroterapia para estimular a musculatura. Na maioria dos casos inicia-se com o aparelho de superfície até conseguir inserir o aparelho no canal vaginal. Há também o uso de vibradores clitorianos para aumentar a circulação no local, dependendo da paciente”, ensina.

Para cada caso um tempo diferente – pense como uma terapia: é completamente individual e depende do seu progresso mais do que qualquer outro fator. Mas se você quiser ter uma ideia, casos mais “leves” podem levar entre dois e três meses (aproximadamente 10 sessões, uma vez por semana) e os mais graves acima de 20 sessões, podendo ocorrer até duas vezes por semana.

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Dois cuidados essenciais

Thinkstock/Getty Images Thinkstock/Getty Images

Por mais que você se empolgue com os avanços e tudo mais, é melhor evitar a penetração enquanto ainda estiver em tratamento. “A indicação é que não se tente durante o tratamento, pois a musculatura ainda tem a memória da dor. A partir de um determinado tamanho de dilatador (parte do processo) é liberada a relação com indicações de posições”, aconselha Débora.

E deixe as técnicas de pompoarismo para depois do tratamento – aliás, não faça isso como tratamento! “O pompoarismo é contrair a musculatura para diminuir o canal vaginal e causar mais atrito durante a penetração. Para as mulheres que têm vaginismo já existe essa contração involuntária, ou seja, contrair mais vai piorar. Após a correção da musculatura, ela pode testar a técnica”, alerta.

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