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Por que algumas mulheres não conseguem fazer sexo

Sentir dor durante o sexo ou até mesmo ser impossível transar tem nome, não tem idade e tem tratamento.

Por Gabriela Kimura
Atualizado em 12 abr 2024, 09h21 - Publicado em 16 mar 2016, 14h47
Juliana Mavalli (/)
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Talvez você já tenha passado por isso, ainda passe ou conhece alguém que enfrenta esse problema. Ficar “dolorida” após uma transa mais selvagem é OK, sentir um leve incômodo quando você está de TPM é normal – o problema é quando toda e qualquer relação envolve uma dor latente, persistente e inibidora.

Estudos estimam que 5% da população tenha o problema, mas há quem diga que esse número pode ser maior. O termo não é muito conhecido e, muitas vezes, o diagnóstico demora a aparecer. O vaginismo é uma disfunção da musculatura que envolve o canal vaginal (o famoso assoalho pélvico), quando ela contrai involuntariamente – o certo é que os músculos relaxem quando há excitação, mas independente do desejo isso não ocorre.

Apesar de parecidos, a dispareunia e o vaginismo não são a mesma coisa. A penetração é o item que separa os dois distúrbios: na dispareunia ela pode ocorrer, por mais que haja dor, enquanto quem tem vaginismo não consegue realizá-la. A fisioterapeuta de uroginecologia especializada em vaginismo e dispareunia Débora Pádua explica:

Por mais que as mulheres sintam desejo, tenham interesse em ter a relação, elas não conseguem fazer com que a penetração aconteça. Em casos mais graves é impossível usar absorventes internos e até mesmo realizar exames ginecológicos.

A dor pode variar muito de paciente para paciente, principalmente dependendo da gravidade do caso. Porém o termo que Débora mais escuta é este: “Elas costumam chegar ao consultório e relatar que parece haver uma parede no canal vaginal”. E isso pode acontecer em casos de vaginismo e dispareunia, tanto primários quanto secundários. A diferença entre primário e secundário é que no segundo a dor é decorrente de uma causa psicológica ou física, não sendo a primeira relação sexual. “Pode ser uma alteração orgânica como candidíase ou uma infecção urinária que causa dor na relação e cria a memória sexual daquilo. Então quando tiver uma nova tentativa, ela vai acabar contraindo involuntariamente para ‘fugir’ da dor”, afirma a fisioterapeuta.

Leia mais: 12 razões pelas quais você sente dor na hora do sexo

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Ao contrário do que muita gente pode pensar mulheres com vaginismo não têm dores tão agudas por não estarem excitadas. “As relações externas são boas, mas o momento da penetração é que é ruim. Muitas vezes elas chegam no consultório e já desistiram da penetração, e preferem fazer sexo oral e ficar com a masturbação, podendo ter orgasmos”.

Então qual é a causa?

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Para essa pergunta os especialistas e estudos não têm uma resposta única. “Causas psicológicas como educação, religião e questões relacionadas a autoestima podem interferir, mas é difícil traçar um perfil. As pacientes que atendo têm desde 18 até 60 anos e são entre 200 e 250 por mês”, afirma Débora. O fato é que seja qual for o gatilho, a cada tentativa de penetração cria-se uma memória de dor, transformando o sexo em um momento torturante.

Tudo que a gente pensa que vai agredir o nosso corpo, a gente tenta evitar

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Porém não se confunda: o tamanho do pênis não tem relação com a dor. Ele pode sim causar um incômodo, mas nunca transformar a transa em algo horrível. “O pênis sempre parece maior do que o canal vaginal, mas a verdade é por sua musculatura estar mais rígida a penetração é difícil ou dolorida. A anatomia vaginal se modifica para ‘receber’ o membro”, alerta a fisioterapeuta. Basta encontrar uma posição confortável para vocês dois!

Mas há luz no fim do túnel

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Não pense que você veio “quebrada”, “com defeito” ou é “anormal” por ter vaginismo (nem dispareunia). Isso é mais comum do que parece e o tratamento é mais simples do que você imagina. “Muitas vezes é mais fácil tratar a dispareunia do que o vaginismo, pois eliminando a dor, você cria uma nova memória sexual. Já no caso do vaginismo primário é mais difícil por não existir um contato anterior que prove que não há dor. Nesses casos o tratamento pode demorar mais tempo”, explica Débora.

Se notar que não consegue ter penetração de jeito algum – ou que transar está sendo algo mais doloroso do que deveria -, corra para o(a) ginecologista. Assim você já elimina possíveis causas orgânicas dessa dor. Após constatar que não há nada de errado com a saúde da sua pepeka e ainda assim não conseguir fazer sexo, experimente uma consulta com um(a) fisioterapeuta especializado(a) em uroginecologia.

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De acordo com Débora há uma avaliação para compreender o que acontece com você: se há alguma alteração muscular na região perineal, qual o grau de medo e dor que a paciente sente quando é tocada e se existem contrações musculares também em outras regiões. Uma vez detectado o problema, o tratamento pode variar de acordo com a gravidade do caso. “Na fisioterapia fazemos uma massagem dentro do perineal para ir soltando a musculatura e ganhar mais flexibilidade no canal vaginal. Além disso, utiliza-se a eletroterapia para estimular a musculatura. Na maioria dos casos inicia-se com o aparelho de superfície até conseguir inserir o aparelho no canal vaginal. Há também o uso de vibradores clitorianos para aumentar a circulação no local, dependendo da paciente”, ensina.

Para cada caso um tempo diferente – pense como uma terapia: é completamente individual e depende do seu progresso mais do que qualquer outro fator. Mas se você quiser ter uma ideia, casos mais “leves” podem levar entre dois e três meses (aproximadamente 10 sessões, uma vez por semana) e os mais graves acima de 20 sessões, podendo ocorrer até duas vezes por semana.

Dois cuidados essenciais

Thinkstock/Getty Images Thinkstock/Getty Images

Por mais que você se empolgue com os avanços e tudo mais, é melhor evitar a penetração enquanto ainda estiver em tratamento. “A indicação é que não se tente durante o tratamento, pois a musculatura ainda tem a memória da dor. A partir de um determinado tamanho de dilatador (parte do processo) é liberada a relação com indicações de posições”, aconselha Débora.

E deixe as técnicas de pompoarismo para depois do tratamento – aliás, não faça isso como tratamento! “O pompoarismo é contrair a musculatura para diminuir o canal vaginal e causar mais atrito durante a penetração. Para as mulheres que têm vaginismo já existe essa contração involuntária, ou seja, contrair mais vai piorar. Após a correção da musculatura, ela pode testar a técnica”, alerta.

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