Arteterapia produz efeitos positivos no tratamento de doenças
Estudos sugerem a eficácia da técnica na luta contra problemas físicos e psicológicos
Consultório branco, médicos sérios e métodos tradicionais. É difícil imaginar um tratamento contra alguma doença que fuja desse cenário. Mas e se eu te contasse que há um complemento bem diferente do que a sociedade está acostumada, com resultados comprovados cientificamente? Chama-se arteterapia, que é definida como “uma modalidade da psicoterapia cuja abordagem surge da união entre psicologia e as artes, como pintura, música, dança, escultura, colagem e artesanato”, afirma a psicóloga Mariana Kirschner. Enfim, é a arte de curar.
O que é arteterapia e quais seus benefícios?
O tratamento é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde e pela legislação brasileira, e atua na melhoria da saúde mental e da saúde física, a partir da estimulação de hábitos saudáveis, de acordo com relatório produzido pelo Escritório Regional para a Europa da Organização Mundial da Saúde. Crianças, adolescentes, adultos e idosos se beneficiam dos efeitos positivos oferecidos por ela.
“Ela permite não só desbloquear a criatividade, como também desenvolver resiliência frente às situações dificultosas e a melhorar sintomas oriundos de experiências traumáticas”, explica Mariana. Considerando que mais de 11 milhões de brasileiros têm depressão e 18,6 milhões têm ansiedade, segundo dados da OMS, os benefícios da arteterapia são importantes para o Brasil. Do ponto de vista das doenças físicas, pode diminuir ou retardar manifestações das enfermidades.
A música, inclusive, apresenta resultados efetivos no tratamento de pessoas com Alzheimer ‒ síndrome cerebral progressiva que gera impactos negativos à memória, ao pensamento, emoção e comportamento, especialmente quando as canções foram produzidas por elas mesmas, pois isso é capaz de trazer lembranças e estimular sentimentos e sensações, por exemplo, e, consequentemente, amenizar sintomas relacionados, de acordo com uma pesquisa de gerontologia realizada na USP por Mauro Amoroso. O estudo indica que isso não só é proveitoso para os indivíduos acometidos pelo distúrbio, como também melhora a qualidade de vida do cuidador.
A arteterapia é ainda associada a desaceleração da progressão do Parkinson e diminuição dos efeitos colaterais do câncer, como desaparecimento da falta de apetite, sonolência e náusea. Do ponto de vista da saúde mental, de acordo com a especialista, a prática é uma maneira de demonstrar emoções e lidar com elas a partir da arte.
O método, no entanto, não deve ser praticado isoladamente para o tratamento de doenças físicas ou psicológicas, como explica a profissional: “ele é considerada uma prática integrativa, ou seja, funciona como um adicional responsável por permitir que o paciente possa se recuperar em casos de doenças crônicas, traumas psicológicos e problemas que exijam a estimulação cognitiva”.
Embora a ciência tenha apresentado informações suficientes para a comprovação da eficácia desse tipo de tratamento, ainda existem pessoas que o observam com estranhamento, segundo a profissional. Para ser um arteterapeuta, entretanto, é preciso ser licenciado e formado em psicologia ou psiquiatria. Além disso, o Ministério da Educação e Cultura certificou uma pós-graduação na área, além de cursos que seguem regras da União Brasileira das Associações de Arteterapia, a UBAAT.