Quem é Janja, nova primeira-dama do Brasil
Socióloga é filiada ao PT desde os 17 anos, foi peça fundamental na campanha de Lula e pretende atuar em políticas de gênero e combate à fome
A partir deste domingo, o Brasil passa a ter um novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e uma nova primeira-dama: a socióloga Rosângela Silva, 56. Janja, como prefere ser chamada, vive às voltas com esse título, que considera patriarcal, e tampouco gostou da sugestão de “primeira-companheira”, sugerida por alguns. Ela, como disse mais de uma vez, quer ser “apenas a Janja”. O fato é que ela, uma das principais articuladoras da campanha que levou à terceira eleição de Lula à Presidência, é, hoje, uma das mulheres mais influentes na política brasileira.
Janja é filiada ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde 1983, quando tinha 17 anos. Nascida em União da Vitória, no Paraná, em 27 de agosto de 1966, mudou-se para Curitiba ainda na infância. Formou-se em ciências sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde trabalhou como como professora e, posteriormente, em 2003, foi contratada como socióloga de campo na usina hidrelétrica Itaipu Binacional, no início do primeiro mandato de Lula. “Petista de carteirinha”, milita, há décadas, pelos direitos animais e, principalmente, pela equidade de gênero. Foi durante as caravanas da cidadania feitas por Lula no início dos anos 1990, após a derrota de sua primeira eleição presidencial para Fernando Collor, que Janja conheceu o marido.
O romance entre os dois começou em 2017, após a morte de Marisa Letícia, primeira mulher do presidente. Quando Lula foi preso, entre 2018 e 2019, Janja ajudou a organizar a vigília em frente à superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, e visitava o então namorado todas as quintas-feiras. Ela fazia a triagem, inclusive, de quem teria contato com o ele nas visitas no cárcere. Em maio de 2022, quando já moravam juntos em São Paulo, o casamento foi celebrado e, desde então, Janja esteve cada vez mais ao lado de Lula, inclusive nas decisões políticas.
Ela foi fundamental para a articulação de alianças na segunda fase da campanha eleitoral, principalmente na aproximação com Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno e que declarou, posteriormente, apoio a Lula. Também foi dela a ideia da “Superlive”, evento na reta final do primeiro turno da campanha, para o qual articulou-se com diversos artistas e influenciadores, incluindo nomes como Paulo Vieira, Pabllo Vittar, Kondzilla e Ludmilla.
Responsável por organizar a cerimônia de posse de Lula, que acontece neste domingo (e que contará com shows de vários desses artistas, além de uma feira gastronômica e cultural), Janja teve uma sala instalada ao lado do gabinete do marido e do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB-SP), na sede do governo de transição, em Brasília. Em mais de uma ocasião, a primeira-dama afirmou que pretende ressignificar esse título e atuar diretamente para fomentar políticas de combate à fome, soberania alimentar e defesa dos direitos das mulheres. Aliados de Lula dizem, por exemplo, que ela é também responsável pelo número de o futuro Executivo ter o maior número de mulheres nomeadas para ministérios.