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Sérgio Barbosa: “Condenado ou não, todo homem deve rever esse jeito de pensar”

O casamento, acredita o filósofo Sérgio Barbosa, virou um palco de disputas que precisa ser desmontado

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 out 2016, 22h30 - Publicado em 30 Maio 2016, 12h14
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  • O filósofo Sérgio Barbosa prefere chamar o agressor de mulheres de “autor de violência doméstica” por acreditar que ele “não é violento 24 horas por dia”. Também por uma razão estratégica: quando o homem não é rotulado, crescem as chances de educá-lo para um novo papel. Sua tese é a de que a truculência e a supremacia masculina só terminarão na hora em que o homem se aliar à parceira e rever, com ela, a disputa pelo poder que aprisiona os dois. Especializado no estudo do comportamento de homens autores de violência, Sérgio coordena grupos de réus encaminhados pela Vara de Violência Doméstica e Familiar do bairro paulistano da Barra Funda. O que ele diz vale também para o casal que nunca se pautou por tapas e farpas.

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    O réu sente-se punido por ter que ir ao grupo? Como você desmonta ali os estereótipos masculinos?

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    Ele chega revoltado com a punição pela violência praticada. Nós o ouvimos. Falamos de trabalho, sexo, filhos, amor e ódio. Mostramos a sua responsabilidade no fato e que a agressividade não está no DNA masculino. É construída. Em geral, suas relações anteriores tinham interdições do direito da mulher, ciúme, possessividade. Ele nota que sente raiva não só da parceira mas de tudo que o ameaça, o deixa inseguro. E vê que a cultura impõe um estilo que o deixaria confortável no domínio. Na verdade, ele sofre ao agredir, cala-se dentro de si, sem portas para sair daquela prisão. Condenado ou não, todo homem deve rever esse jeito de pensar.

    O índice de reeducação é significativo?

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    Sim. Poucos recaem, alguns repassam o que aprendem. Um deles, dono de uma oficina, ouviu um mecânico sugerir ao colega que reagisse à traição batendo na mulher. Ele baixou as portas, chamou os funcionários e começou uma reflexão sobre formas de resolver sem bater. Outro dia, um rapaz chegou ao grupo armado dizendo que iria à casa da ex e a mataria. Os demais contiveram sua ira; ele jogou a arma fora. Falar de sentimentos não faz parte da vida dos homens: o diálogo, para eles, é prática feminina. Como o choro. Numa caminhada que fiz com amigos na Chapada dos Veadeiros, chorei de dor ao bater o pé numa pedra. Meu amigo, espantado, perguntou: “O que é isso? Lágrimas?”

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    A principal queixa do homem é a ascensão da mulher?

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    Ambos estão perdidos diante do novo status dela. A mulher agride com palavras, diz que ele é um zero à esquerda, sabe ser violenta. Está em jogo o poder – um jogo perverso que impede a afetividade. O casamento virou palco de confrontos. Cada um guarda os sentimentos para si, não há troca. A mulher leva a pior sob a força dele. Que relação pode vir daí?

    Como desmontar essa armadilha?

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    O homem deve participar da conquista dos direitos femininos. Se ela se liberta do jugo patriarcal, ele está livre do que o oprime, da obrigação de ser durão. A mulher tem que entender que não adianta melhorar apenas para ela. Só faz sentido avançar se ele puder ir junto. E o Estado precisa adotar ações preventivas que eduquem meninos e meninas para uma sociedade de pesos e direitos iguais.

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