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Ex-diretor do Instagram revela que filha sofreu assédio na plataforma

Em depoimento, Arturo Béjar, que comandou o setor de Engenharia do Instagram, também disse que notificou Mark Zuckerberg sobre a situação

Por Tainá Goulart
10 nov 2023, 16h39

Segue forte a discussão sobre o impacto das redes sociais na saúde mental das crianças e, principalmente, adolescentes. O Congresso dos Estados Unidos está investigando esses e outros riscos da utilização, com foco no Instagram. Agora, os senadores ouviram o depoimento de Arturo Béjar, ex-diretor da rede social, que alegou ter visto sua própria filha sofrer com comentários abusivos na plataforma. 

O executivo, que foi Diretor de Engenharia do Instagram de 2009 a 2015 e consultor para combate ao assédio na rede de 2019 a 2021, disse que a filha e amigas dela tiveram “experiências terríveis” no Instagram e relataram os incidentes à plataforma, que não fez nada a respeito.

Aliás, a Meta, empresa de Mark Zuckerberg e dona do Instagram, acumula acusações formais em 41 estados americanos e na capital Washington, justamente por vetar os pedidos de funcionários para destinar mais recursos para proteger a saúde mental de adolescentes. 

É preciso ter cuidado com a utilização das redes sociais entre crianças e adolescentes
(Antonuk/ThinkStock)

Um alerta sem respostas do Instagram

Antes de deixar a empresa, Arturo enviou uma mensagem para os grandes executivos, contando a situação que a filha e suas amigas haviam passado. Os detalhes da mensagem foram divulgados pelo Wall Street Journal.

Na época, o executivo começou a passar mais tempo com a filha, com ambos se dedicando à restauração de carros, como um hobby familiar. Quando a menina fez as primeiras postagens sobre a novidade, alguns comentários foram indesejados, como o de um homem que disse só assistir aos vídeos dela “porque você tem peitos”.

Mesmo com a denúncia desta conta, o Instagram  não fez nada, pois afirmou que o comentário não violava suas diretrizes. 

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Além disso, em 2019, quando a filha de Arturo tinha apenas 14 anos, ela e as amigas receberam nudes indesejados e sofreram outras formas de assédio no Instagram.

Segundo Béjar, elas afirmaram que o Instagram até agia em alguns casos, mas as decisões nesse sentido eram tão raras que elas desistiram de enviar denúncias.

redes sociais
21 June 2019, Baden-Wuerttemberg, Stuttgart: The Instagram app is displayed on the screen of an iPhone. Photo: Fabian Sommer/dpa (Photo by Fabian Sommer/picture alliance via Getty Images) (Fabian Sommer/picture alliance/Getty Images)

A situação também foi notificada por ele em 2021 em um e-mail para Zuckerberg e outros executivos do alto escalão da empresa. “Quero chamar sua atenção para o que acredito ser uma lacuna crítica na forma como nós, como empresa, abordamos os danos e como as pessoas que servimos os vivenciam”, apontou o início da mensagem. 

No depoimento, ele lembrou que, duas semanas antes da notificação, sua filha tinha recebido um comentário que dizia que ela precisava voltar para a cozinha. Ao questionar a menina sobre o motivo de continuarem a fazer esse tipo de ação, ela respondeu que a única coisa que acontece é o bloqueio da conta e isso não muda nada.

“Ao mesmo tempo, o comentário está longe de violar a política, e nossas ferramentas de bloqueio ou exclusão significam que essa pessoa irá para outros perfis e continuará a espalhar misoginia. Não creio que políticas/relatórios ou maior revisão de conteúdo sejam as soluções”, continuou Arturo.

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Levantamento feito pelo ex-diretor traz dados alarmantes de assédio

Com os questionamentos feitos pelo então Diretor de Engenharia, ainda em 2019, o Arturo foi ‘destinado’ para um trabalho temporário de dois anos, desta vez, como consultor na equipe de Bem-Estar, criada justamente para diminuir experiências ruins dos usuários na plataforma. Como consultor, ele ajudou a conduzir uma pesquisa com 238 mil usuários sobre a experiência deles com o Instagram nos sete dias anteriores.

E os dados são alarmantes: Entre os usuários de 13 a 15 anos, cerca de 26% deles tiveram que lidar com hostilidades envolvendo sua etnia, religião ou identidade; e 13% deles receberam investidas sexuais indesejadas na rede.

Os números contrariaram outros dados fornecidos pela Meta, que apontam que só uma parcela muito pequena de posts problemáticos é, de fato, visualizada pelos usuários. Mas o alerta não foi bem recebido pelos gerentes da Meta, segundo Béjar afirmou em seu depoimento.

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Em resposta, a Meta elaborou uma nota que diz que, diariamente, inúmeras pessoas trabalham para manter jovens seguros na internet. A companhia também afirmou que tem mais de 30 ferramentas para ajudar adolescentes a terem experiências positivas na plataforma.

“As questões levantadas aqui em relação às pesquisas de percepção do usuário destacam uma parte desse esforço, e pesquisas como essas nos levaram a criar recursos como notificações anônimas de conteúdo potencialmente ofensivo e avisos de comentários”, disse a empresa.

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