Após dois meses, Regina Duarte deixa o cargo de Secretária da Cultura
A atriz deixa o comando da pasta do governo Bolsonaro e assumirá a Cinemateca Brasileira; outro ator pode assumir o cargo
Nesta quarta-feira (20), em vídeo publicado no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou a saída da atriz Regina Duarte do comando da Secretaria Especial de Cultura, ligada ao ministério do Turismo. Agora deve assumir a Cinemateca Brasileira, em São Paulo. “Acabo de ganhar um presente que é um sonho de qualquer pessoa de comunicação, de audiovisual, de teatro”, continua ela, se referindo ao cargo na instituição, que é responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira que é controlada pelo governo federal.
Sobre sua saída, a atriz postou no Instagram: “Continuo acreditando no sonho de achar o caminho do meio. Vou lutar sempre por escapar do ambiente raivoso que acomete parte do setor, um grupo que trabalha quotidianamente não para construir nada mas para separar os criadores de arte, impondo o atraso, impedindo a conexão de todos. Tudo isso é feito em nome de ideologias e ressentimentos partidários que nada tem a ver com o fazer cultural, com a mais nobre arte que mora nos corações e mentes da grande maioria da gente brasileira”.
A saída de Regina ocorre pouco menos de três meses após assumir o cargo, em 4 de março. Desde então, não foram poucos os momentos polêmicos. Mais recentemente, Regina abandonou uma entrevista no canal CNN Brasil após ser questionada sobre as ações de sua pasta no auxílio a artistas durante a pandemia da Covid-19. Na mesma entrevista, Regina ainda minimiza ações da ditadura e as mortes na pandemia.
Em diversos vídeos postados nas redes sociais, artistas como Maitê Proença e Marcos Caruso cobraram melhor atuação da atriz na defesa da classe. A cantora Zélia Duncan ainda enviou um recado à Regina sobre o compositor Aldir Blanc, uma das vítimas da Covid-19, após o silêncio da Secretaria em uma semana em que vários artistas morreram.
A saída de Regina já vinha sendo aventada nos últimos dias por, na visão de integrantes do governo, ela não ter cumprido o objetivo de retirar nomes do setor cultural considerados de esquerda. Além disso, a pasta já vinha passando por rotatividade e embates. No primeiro dia da atriz no cargo, ela exonerou o maestro Dante Mantovani da presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte); em 5 de maio, ele foi renomeado pelo ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, a quem a secretária especial respondia.
“Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias”, afirmou Bolsonaro no vídeo postado no Twitter. A atriz vinha trabalhando em uma série de vídeos para apresentar o resultado do trabalho executado por ela nos dois meses em que esteve no governo.
Ainda não foi anunciado quem deve assumir o cargo, mas, na terça-feira (19), o presidente compartilhou um vídeo nas redes sociais em que o ator Mario Frias diz estar à disposição para substituir a atriz no órgão. “Eu torço demais pra Regina, eu sou fã dela, mas pelo Brasil eu estou aqui, o que for preciso”, afirmou o ator em entrevista à CNN no início do mês. Frias atuou em diversas novelas e programas de TV. Em 2019, esteve à frente de uma game-show na Rede TV! Em seu perfil do Instagram, ele se mostra apoiador do governo e reproduz diversos conteúdos políticos.
– Mário Frias e a Cultura. https://t.co/xfEu0ruMDI
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) May 19, 2020
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