Não é fantasia: confira o que não usar no Carnaval
Trajes e adereços que remetem a etnias ou traços culturais de determinadas populações, por exemplo, devem ser respeitados
Carnaval é sinônimo de festa, alegria, purpurina e fantasia. Seja nos bloquinhos de rua, camarotes, nos sambódromos ou atrás dos trios elétricos, quase todo mundo quer cair na farra, e com looks pensados para a ocasião. As opções são muitas, mas tem aquelas são close errado e transmitem ideias racistas, homofóbicas e desrespeitosas com diversas culturas. Para você não cair nesses erros, CLAUDIA indica o que não é e nem deve ser fantasia, não só no Carnaval, mas em qualquer época do ano.
Indígenas
Já batemos nessa tecla há alguns anos, mas ainda tem quem erre e apareça no rolê com um cocar de penas coloridas na cabeça. Ou pior, com pinturas supostamente “indígenas” no rosto e no corpo. Mas os povos originários não são fantasia! E não vale usar o pretexto de que se trata de uma homenagem a eles. Nos últimos anos, os povos indígenas sofreram ainda mais ameaças e ataques às suas existências e modos de vida. As denúncias sobre genocídio do povo Yanomami são apenas o capítulo mais recente e triste dessas violências. Quer apoiar esses povos? Deixe os adereços de lado e se engaje em projetos humanitários de preservação das florestas e seus povos, fomente o debate sobre direitos indígenas nas redes sociais e espalhe informação que os ajude.
Blackface
Fazer blackface sempre foi racista, mas, em 2023, com tanta informação sobre o assunto, não dá mais. E não só é errado pintar a pele de um tom mais escuro ou usar peruca blackpower, como também vestir roupas e adereços que remetam a culturas afro-brasileiras se você não tem nenhuma proximidade com elas. Orixá, por exemplo, tampouco é fantasia!
Pessoas LGBTQIAP+
O Brasil ainda é, infelizmente, o país que mais mata pessoas LGBTQIAP+ no mundo. Em 2022, 256 pessoas dessa comunidade foram assassinadas ou cometeram suicídio, o que dá uma média de uma morte a cada 34 horas, de acordo com um levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB). Pessoas transexuais e travestis são as principais vítimas. Por isso, é uma ridicularização e uma grande falta de respeito querer usar a expressão sexual ou de gênero de alguém como acessório de festa. Sem contar que, desde 2019, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), homofobia é um crime imprescritível e inafiançável.
Serial killers e outras pessoas violentas
Sabemos que as histórias de true crime estão cada vez mais em alta. E, por mais que elas prendam a nossa atenção e rendam altos debates entre amigos, não devem servir de inspiração na hora de se fantasiar para o Carnaval. No Halloween, até dá para brincar de algum personagem fictício, como Freddy Krueger, mas usar a folia carnavalesca para se vestir de Jeffrey Dahmer, Ted Bundy, Charles Manson, Suzane Von Richthofen é de muito mal gosto. Isso porque geralmente se interpreta a fantasia como uma espécie de homenagem, e ninguém quer fazer apologia à violência, né?
Elementos culturais e religiosos de outros povos e etnias
Já explicamos que blackface é racismo, que indígenas não são fantasia e que não se deve usar como adereços elementos de religiões de matriz africana. Mas é importante lembrar que roupas e outros itens que marcam outras etnias e grupos culturais também devem ser respeitados. Mulheres amarelas ou asiáticas, por exemplo, também são vítimas de sexualização, por isso, vestir-se de gueixa não é uma opção. O mesmo vale para “fantasias” de muçulmanas e ciganas. Pode ser que alguém que pertença a esses grupos não se sinta incomodada em ver alguém vestida assim, mas para outras pessoas, isso pode ser ofensivo pelo fato de alguém de outra cultura se apropriar de elementos seus, resumindo-os a um estereótipo.
Referências à pandemia de Covid-19
A pandemia de Covid-19 matou milhões de pessoas em todo o mundo. Só no Brasil, foram 698 mil, de acordo com o Ministério da Saúde. É tanto sofrimento que fantasias relacionadas a esse tema, mesmo as que possam parecer engraçadinhas, como as de vacinas, devem ser evitadas. Afinal, ainda é um assunto muito sensível e presente na vida de milhares de famílias afetadas. Se você quer homenagear profissionais da saúde que estiveram na linha de frente dessa luta, que tal vestir aquela camisa de apoio ao SUS? Ah, brincar de Zé Gotinha, herói nacional, está valendo.