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Mulheres-rei: Aisha Mbikila e Yaminah Mello

Primas realizam pesquisa musical sobre os sons da diáspora e viajam o mundo com ritmos brasileiros que conectam pretos e pretas de todos os lugares

Por Joana Oliveira
11 nov 2022, 09h27
Yaminah Mello (esquerda) e Aisha Mbikila, discotecando juntas.
Yaminah Mello (esquerda) e Aisha Mbikila, discotecando juntas.  (Arquivo Pessoal/Reprodução)
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Mulheres-rei. Esse é o melhor adjetivo para apresentar Aisha Mbikila, 24, e sua prima Yaminah Mello, 25. Descendentes de uma linhagem de avós, mães e tias que fizeram da cultura uma ferramenta de resgate identitário, elas carregam esse legado na música, discotecando juntas os ritmos da diáspora africana que, no Brasil, ganharam mais vertentes e novas densidades.

“Nosso projeto de pesquisa sonora, o Marujada, estuda esses sons que fazem a gente se conectar com outras pessoas negras em qualquer lugar”, conta Aisha. Quando conversaram com CLAUDIA, elas haviam acabado de chegar do carnaval de Notting Hill, no Reino Unido, o segundo maior do mundo, onde foram convidadas a tocar. “É uma festa que enaltece a cultura caribenha e, portanto, afrolatina. Fomos apresentar o funk, o pagodão baiano, mostrar essa aliança ancestral sonora internacional”, comenta Yaminah. Ela, que é saxofonista e toca instrumentos de sopro desde os 13 anos, foi a companhia ideal para que Aisha, modelo e dançarina, se lançasse também nesse universo.

Netas de Lydia Garcia, musicista, arte-educadora e ativista do movimento negro, elas cresceram entre o Bazafro, ateliê cultural de moda africana, e as cenas do hip hop do Rio de Janeiro e Brasília. “Nossa família sempre esteve envolvida com música, dança e artes visuais. O Bazafro era uma espécie de embaixada, a primeira embaixada africana do Brasil”, diz Yaminah. “E também crescemos em berço de rap”, brinca Aisha, lembrando que ambas frequentavam a famosa Batalha do Real, nos Arcos da Lapa.

Todas essas referências estão no DNA dos sound systems que elas pesquisam, resgatam e reverenciam. “Nesse caminho misturado de sons, queremos aquilombar a cultura e lembrar que ela é alimento, é resgate”, fala Aisha. Um caminho de resistência.

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