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Annie Ernaux ganha Nobel de Literatura 2022

Escritora francesa, de 82 anos, é considerada pioneira e revolucionária da autoficção, com obras como 'Os Anos', 'O Lugar' e 'O Acontecimento'

Por Joana Oliveira
Atualizado em 6 out 2022, 13h09 - Publicado em 6 out 2022, 13h08

A francesa Annie Ernaux, de 82 anos, foi anunciada, nesta quinta-feira, como vencedora do Prêmio Nobel de Literatura 2022. Pioneira da autoficção, a escritora também é considerada uma revolucionária desse gênero, ao contar histórias autobiográficas que refletem, além dos dramas pessoais, o contexto sociopolítico no qual foram vividas e/ou escritas. Filha única de comerciantes pobres no sul da França, ela saiu de casa para se formar como professora na Universidade de Rouan, onde aprimorou seu senso crítico e político, que fica muito evidente em suas obras mais populares, como O Lugar, Os Anos e O Acontecimento.

Especialista em vasculhar memórias da própria vida, Ernaux é o principal nome na programação da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que acontece de 23 a 27 de novembro. A francesa estreou no Brasil com Os Anos, publicado em 2008 pela editora Três Estrelas, no qual ela narra, entre 1941 e 2006, sua autobiografia impessoal, costurada com as transformações sociais, políticas, culturais e econômicas que ela mesma viveu e observou ao longo de todas essas décadas. É sua história individual circunscrita na grande História. Por feitos literários como esse, a Academia Sueca louvou a “coragem e acuidade clínica pela qual desvenda as raízes, as estranhezas e constrangimentos coletivos ligados à memória pessoal”. No discurso de anúncio do Nobel de Literatura, a instituição também citou uma das mais famosas autodefinições de Ernaux, que se considera mais uma “etnóloga de si mesma” do que uma autora de ficção. 

Atualmente publicada pela editora Fósforo no país, Ernaux causou rebuliço com O Acontecimento (lançado este ano, juntamente com A Vergonha), uma obra visceral que relata o aborto ilegal realizado pela escritora quando ela era universitária e expõe as inúmeras violências, a solidão e o desamparo que acometem mulheres que passam por uma gravidez indesejada. Ao remexer nesse tabu, sem concessões, Ernaux choca ao descrever as dores físicas e emocionais que a atravessam antes, durante e dois desse acontecimentoO livro ganhou uma adaptação cinematográfica, dirigida pela também francesa Audrey Diwan, venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza e estreou nos cinemas brasileiros em junho, com o Festival Varilux. Neste mês, a Mostra de Cinema de São Paulo exibirá Os Anos Super 8, que Ernaux dirigiu ao lado do filho David e foi exibido no Festival de Cannes. O público brasileiro conhecerá mais uma faceta de sua autoficção. 

Confira todos os vencedores do Nobel de Literatura:

2022: Annie Ernaux (França)
2021: Abdulrazak Gurnah (Tanzânia)
2020: Louise Glück (EUA)
2019: Peter Handke (Áustria)
2018: Olga Tokarczuk (Polônia)
2017: Kazuo Ishiguro (Reino Unido)
2016: Bob Dylan (EUA)
2015: Svetlana Alexijevich
2014: Patrick Modiano (França)
2013: Alice Munro (Canadá)
2012: Mo Yan (China)
2011: Tomas Tranströmer (Suécia)
2010: Mario Vargas Llosa (Peru)
2009: Herta Müller (Romênia-Alemanha)
2008: Le Clézio (França)
2007: Doris Lessing (Reino Unido, mas nasceu no Irã e cresceu no Zimbábue)
2006: Orhan Pamuk (Turquia)
2005: Harold Pinter (Reino Unido)
2004: Elfriede Jelinek (nasceu na Áustria)
2003: J.M. Coetzee (África do Sul)
2002: Imre Kertész (Hungria)
2001: V.S. Naipaul (nasceu em Trinidad e Tobago, mas vive no Reino Unido)
2000: Gao Xingjian (China)
1999: Günter Grass (Alemanha)
1998: José Saramago (Portugal)
1997: Dario Fo (Itália)
1996: Wislawa Szymborska (Polônia)
1995: Seamus Heaney (Irlanda)
1994: Kenzaburo Oe (Japão)
1993: Toni Morrison (Estados Unidos)
1992: Derek Walcott (Santa Lúcia, ilha do Caribe)
1991: Nadine Gordimer (África do Sul)
1990: Octavio Paz (México)
1989: Camilo Jose Cela (Espanha)
1988: Naguib Mahfouz (Egito)
1987: Joseph Brodsky (EUA, de origem russa)
1986: Wole Soyinka (Nigéria)
1985: Claude Simon (França)
1984: Jaroslav Seifert (Tchecoslováquia)
1983: William Golding (Reino Unido)
1982: Gabriel García Márquez (Colômbia)
1981: Elias Canetti (Reino Unido, de origem búlgara)
1980: Czeslaw Milosz (Polônia)
1979: Odysseus Elytis (Grécia)
1978: Isaac Bashevis Singer (EUA, de origem polonesa)
1977: Vicente Aleixandre (Espanha)
1976: Saul Bellow (EUA)
1975: Eugenio Montale (Itália)
1974: Eyvind Johnson (Suécia) e Harry Martinson (Suécia)
1973: Patrick White (Austrália)
1972: Heinrich Böll Alemanha)
1971: Pablo Neruda (Chile)
1970: Alexander Soljenítsin (URSS)
1969: Samuel Beckett (Irlanda)
1968: Yasunari Kawabata (Japão)
1967: Miguel Ángel Asturias (Guatemala)
1966: Samuel José Agnon (Israel) e Nelly Sachs (Alemanha)
1965: Mikhail Sholokhov (URSS)
1964: Jean-Paul Sartre (França; recusou o prêmio)
1963: Giórgos Seféris (Grécia)
1962: John Steinbeck (EUA)
1961: Ivo Andric (Iugoslávia)
1960: Saint-John Perse (França)
1959: Salvatore Quasimodo (Itália)
1958: Boris Pasternak (URSS; renunciou ao prêmio)
1957: Albert Camus (França)
1956: Juan Ramón Jiménez (Espanha)
1955: Halldór Kiljan Laxness (Islândia)
1954: Ernest Hemingway (Estados Unidos)
1953: Winston Churchill (Reino Unido)
1952: François Mauriac (França)
1951: Par Lagerkvist (Suécia)
1950: Bertrand Russell (Reino Unido)
1949: William Faulkner (EUA)
1948: T. S. Elliot (Reino Unido, nascido nos EUA)
1947: André Gide (França)
1946: Hermann Hesse (Alemanha)
1945: Gabriela Mistral (Chile)
1944: Johannes V. Jensen (Dinamarca)
1940-1943: não foi concedido
1939: Frans Eemil Sillanpää (Finlândia)
1938: Pearl Buck (EUA)
1937: Roger Martin du Gard (França)
1936: Eugene O’Neill (EUA)
1935: não foi concedido
1934: Luigi Pirandello (Itália)
1933: Ivan Bunin (URSS)
1932: John Galsworthy (Reino Unido)
1931: Erik Axel Karlfeldt (Suécia)
1930: Sinclair Lewis (EUA)
1929: Thomas Mann (Alemanha)
1928: Sigrid Undset (Noruega)
1927: Henri Bergson (França)
1926: Grazia Deledda (Itália)
1925: George Bernard Shaw (Irlanda)
1924: Wladyslaw Reymont (Polônia)
1923: W.B. Yeats (Irlanda)
1922: Jacinto Benavente (Espanha)
1921: Anatole France (França)
1920: Knut Hamsun (Noruega)
1919: Carl Spitteler (Suíça)
1918: Não foi concedido
1917: Karl Gjellerup e Henrik Pontoppidan (ambos da Dinamarca)
1916: Verner von Heidenstam (Suécia)
1915: Romain Rolland (França)
1914: não foi concedido
1913: R. Tagore (Índia)
1912: Gerhart Hauptmann (Alemanha)
1911: M. Maeterlinck (Bélgica)
1910: Paul Heyse (Alemanha)
1909: Selma Lagerlöf (Suécia)
1908: Rudolf Eucken (Alemanha)
1907: Rudyard Kipling (Reino Unido, mas nasceu na Índia)
1906: Giosuè Carducci (Itália)
1905: Henryk Sienkiewicz (Polônia)
1904: Frédéric Mistral (França) e José Echegaray (Espanha)
1903: Bjornstjerne Bjornson (Noruega)
1902: Theodor Mommsen (Alemanha)
1901: Sully Prudhomme (França)

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