25 filmes e artistas brasileiros que foram indicados ao Oscar
Muito além de "Central do Brasil", "Cidade de Deus" e "Democracia em Vertigem", o Brasil já apareceu entre os indicados várias vezes. Você lembra de todas?
Faltam apenas três dias para o Oscar 2020 e estamos ansiosíssimas para saber quem serão os consagrados do ano. Entre os indicados, temos a brasileira Petra Costa concorrendo na categoria de Melhor Documentário, por “Democracia Em Vertigem”, que retrata desde a ascensão do Partido dos Trabalhadores, com Lula sendo eleito em 2002, até o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Enquanto esperamos pelo resultado e para saber se o Brasil vai ganhar uma estatueta ou não, podemos relembrar outras vezes em que os brasileiros marcaram presença nas indicações da maior premiação cinematográfica do mundo. As categorias são bem variadas, incluindo as mais importantes, como Filme, Direção, Ator, Atriz e Roteiro. Confira abaixo e prepare a pipoca para a maratona!
Ary Barroso, “Brazil” – Melhor Canção Original (1945):
A nossa estreia no Oscar foi com a música “Rio de Janeiro”, do lendário Ary Barroso. A canção era tema do filme norte-americano “Brazil” e disputou a estatueta de Melhor Canção Original. Acabou perdendo para “Swinging on a Star”, de Jimmy Van Heusen, tema do filme “O Bom Pastor “.
Orfeu Negro – Melhor Filme Estrangeiro (1960):
“Orfeu Negro”, do diretor Marcel Camus e com roteiro adaptado por ele e por Jacques Viot a partir da peça “Orfeu da Conceição”, de Vinícius de Moraes, chegou a vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1960.
O enredo é inspirado na mitologia grega e ambientado em uma favela do Rio de Janeiro, durante o Carnaval. Conta a história de Eurídice, que foge do sertão nordestino para morar com sua prima Serafina e apaixona-se perdidamente por Orfeu, que já tem uma noiva.
Este prêmio ainda gera muita polêmica entre os cinéfilos, pois, apesar de se tratar de um co-produção entre Brasil, França e Itália, de ter sido gravado no Rio de Janeiro e de ser totalmente falado em português, a França foi representada pela estatueta, não o Brasil. Então essa é uma “quase vitória” do Brasil no Oscar, mas merece estar na lista.
O Pagador de Promessas – Melhor Filme Estrangeiro (1963):
O país passou a ter o seu próprio representante entre os melhores filmes estrangeiros em 1963, com “O Pagador de Promessas”, dirigido por Anselmo Duarte e baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes. A obra tem como protagonista Zé do Burro, um homem humilde que enfrenta a intolerância da Igreja ao tentar cumprir uma promessa, feita em um terreiro de Candomblé, de carregar uma pesada cruz de madeira por um longo percurso.
Infelizmente, o filme perdeu a estatueta para “Sempre aos Domingos”, produção francesa dirigida por Serge Bourguignon. Em 2015, a obra entrou para a lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), ficando em 9º lugar.
Raoni – Melhor Documentário (1979):
Em 1979, foi a vez de outra co-produção ser indicada. “Raoni” é um documentário que retrata a vida do líder indígena brasileiro Raoni Metuktire e disputou a categoria de Melhor Documentário. A direção foi assinada pelo belga Jean-Pierre Dutilleux e pelo brasileiro Luiz Carlos Saldanha. A dupla também escreveu o roteiro.
Mais uma vez não levamos a estatueta para casa. O ganhador do ano nesta categoria foi “Scared Straight!”, produção estadunidense dirigida e escrita por Arnold Shapiro.
El Salvador: Another Vietnam – Melhor Documentário (1982):
Mais uma co-produção de documentário foi indicada ao Oscar. Dessa vez, é ainda mais especial, pois se trata da primeira mulher brasileira a ter uma obra concorrendo. Estamos falando de “El Salvador: Another Vietnam”, dirigido pela cineasta Teté Vasconcellos e pelo norte-americano Glenn Silber.
Como o próprio nome sugere, o documentário examina o envolvimento dos Estados Unidos na guerra civil de El Salvador, remetendo a semelhanças com conflitos anteriores, como a Guerra do Vietnã. No entanto, quem levou a estatueta para casa como Melhor Documentário foi “Genocide“, de Arnold Schwartzman.
O Beijo da Mulher-Aranha – Melhor Filme e Melhor Direção (1986):
Mais um filme co-produzido por brasileiros e estadunidenses e que gera discussão se representa ou não o Brasil no Oscar. “O Beijo da Mulher Aranha” foi indicado, na verdade, a quatro categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator. Nessas duas últimas, as pessoas que recebem a nomeação não são brasileiras – o roteirista Leonard Schrader e o ator William Hurt, que chegou a levar a estatueta para casa.
Por isso, pode-se dizer que apenas nas categorias de Melhor Filme e Melhor Direção o Brasil foi representado – mas há quem discorde, pois o diretor Hector Babenco é um argentino naturalizado brasileiro. Além disso, o cinema de Babenco também é declaradamente brasileiro e foi ele que assinou grandes sucessos do nosso cinema, como “Pixote” e “Carandiru”.
“O Beijo da Mulher Aranha” conta com dois protagonistas americanos, mas o filme tem DNA nacional. Ele foi totalmente filmado no Brasil, tendo Sônia Braga como uma das estrelas do elenco. Ela, inclusive, foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante pelo papel da Mulher Aranha que dá título ao filme. Infelizmente, a atriz foi esnobada pela Academia do Oscar.
O longa gira em torno de dois prisioneiros em uma cela. Um deles é gay e foi preso por conduta imoral, o outro é preso político. Tentando fugir da realidade, o primeiro narra filmes inventados, que se mesclam com sua vida. Uma curiosidade interessante é que William Hurt foi o primeiro ator a vencer o Oscar através de um personagem homossexual.
Luciana Arrighi, “Retorno a Howards End”, “Vestígios do Dia” e “Ana e o Rei” – Melhor Direção de Arte (1993, 1994 e 2000):
Luciana Arrighi figura na nossa lista como uma menção honrosa. Ela nasceu no Rio de Janeiro, mas sua nacionalidade é australiana. Como diretora de arte, concorreu três vezes ao Oscar e venceu em 1993, por “Retorno a Howards End”, um drama de época que retrata a luta de classes no início do século 20, na Inglaterra.
Em entrevista concedida ao G1 em 2018, Arrighi afirmou que o Oscar que ganhou “é um pouco brasileiro”. “Eu tenho certeza de que o Brasil me deu um brilho a mais”, diz ela.
O Quatrilho – Melhor Filme de Língua Estrangeira (1996):
Finalmente, mais um filme produzido e estrelado por brasileiros concorre ao Oscar, dessa vez como Melhor Filme de Língua Estrangeira. O longa foi dirigido por Fábio Barreto, que também trabalhou em “Luzia Homem” e “Lula, o Filho do Brasil”. Lamentavelmente, ele faleceu no ano passado, após 10 anos em coma.
No elenco, há grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Glória Pires, Patricia Pillar, Alexandre Paternost e Bruna Campos. Na trama, dois casais amigos se unem para poder sobreviver e decidem viver na mesma casa em uma comunidade rural do Rio Grande do Sul. Com o passar do tempo, a esposa de um se apaixonada pelo marido da outra, sendo correspondida – e eles fogem para recomeçar a vida.
“O Quatrilho” perdeu a estatueta para a obra “A Excêntrica Família de Antonia”, da Holanda.
O Que É Isso, Companheiro? – Melhor Filme de Língua Estrangeira (1998):
Dois anos depois da indicação de “O Quatrilho”, o Brasil volta a aparecer na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Estrelado por Pedro Cardoso e Selton Mello, o longa conta a história de dois amigos que abraçam a luta armada contra a ditadura militar no final da década de 60. A direção é assinada por Bruno Barreto, cineasta que dirigiu também “Dona Flor e Seus Dois Maridos”.
Mais uma vez, perdemos a estatueta para a Holanda, com a obra “Caráter”, dirigido e escrito por Mike van Diem.
Central do Brasil – Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (1999):
Um dos mais importantes filmes do cinema brasileiro, “Central do Brasil” nos rendeu duas indicações ao Oscar: Melhor Filme de Língua Estrangeira e Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro.
Dirigido por Walter Salles, escrito por João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein, e estrelado, também, por Vinícius de Oliveira, o longa conta a história de Dora, uma professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas analfabetas na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Ela ajuda Josué, um garoto que perdeu a mãe, a encontrar seu pai no Nordeste.
Infelizmente, o filme não levou nenhuma estatueta, mas a obra é um legado importante para o cinema nacional.
Uma História de Futebol – Melhor Curta-Metragem (2001):
A estreia do Brasil no Oscar nos anos 2000 foi com um curta-metragem sobre futebol. “Uma História de Futebol” foi produzido e dirigido por Paulo Machline e, de forma ficcionalizada, conta passagens da infância de Pelé, narradas por um amigo de infância.
A estatueta acabou indo para “Quiero Ser”, de Florian Gallenberger, mas a obra brasileira inspirou um livro infantil de mesmo nome, escrito por José Roberto Torero, que também assina o roteiro do filme.
Cidade de Deus – Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Edição (2004):
Outro filme que foi um marco para o cinema nacional, “Cidade de Deus” conquistou quatro indicações no Oscar, em 2004. Foi dirigido por Fernando Meirelles e escrito por Bráulio Mantovani. César Charlone concorreu a Melhor Fotografia e Daniel Rezende a“Melhor Edição. A produção não levou nenhuma das quatro estatuetas, pois “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” fez estrago naquele ano – foi indicado em 11 categorias e levou todas.
Uma curiosidade é que a Ancine, que pré-seleciona quais filmes brasileiros podem concorrer a Melhor Filme de Língua Estrangeira, não escolheu “Cidade de Deus” para essa categoria. Como o longa foi exibido, também, nos Estados Unidos, passou a poder concorrer a outras categorias.
O enredo gira em torno de dois jovens que vivem na mesma favela e seguem caminhos opostos: Buscapé é um fotógrafo que registra o cotidiano violento da comunidade, enquanto Zé Pequeno é um ambicioso traficante.
Carlos Saldanha, “A Aventura Perdida de Scrat” e “O Touro Ferdinando” – Melhor Curta-Metragem de Animação (2004) e Melhor Animação (2018)
2004 foi mesmo o ano do Brasil no Oscar, pois também fomos representados por Carlos Saldanha na categoria de Melhor Curta-Metragem de Animação. “A Aventura Perdida de Scrat” gira em torno das trapalhadas do esquilo de “A Era do Gelo”. Acabou perdendo a estatueta para “Harvie Krumpet”.
Quatorze anos depois, em 2018, ele recebeu sua segunda indicação, dessa vez na categoria de Melhor Animação (longa-metragem). “O Touro Ferdinando” conta a história de um touro muito amável e pacífico, que acaba sendo escolhido por engano para as touradas de Madri. Perdeu o Oscar para “Viva: A Vida é uma Festa”.
Lixo Extraordinário – Melhor Documentário (2011):
Estreamos na década de 2010 com um documentário que registra o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina, localizado em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Ele produz retratos dos trabalhadores, enquanto aprende sobre suas vidas.
A obra é uma co-produção entre Brasil, França e Itália, sendo dirigido por João Jardim, Lucy Walker e Karen Harley e acabou perdendo a estatueta para “Inside Job”, de Charles Ferguson e Audrey Marrs.
Carlinhos Brown e Sergio Mendes, “Rio” – Melhor Canção Original (2012)
Os dois músicos brasileiros concorreram ao Oscar com a música “Real in Rio”, da animação “Rio”. A composição também foi assinada pela americana Siedah Garrett. O trio perdeu o prêmio para “Man or Muppet”, de Bret McKenzie, canção do filme “Os Muppets”.
O Sal da Terra – Melhor Documentário (2015):
Mais um documentário co-produzido por um brasileiro e que aborda a trajetória de um artista daqui. “O Sal da Terra” segue os passos do renomado fotógrafo Sebastião Salgado, desde os seus primeiros trabalhos em Serra Pelada, até a produção da obra “Gênesis”.
O filme foi co-produzido por Juliano Salgado, cineasta, produtor e escritor que é filho de Sebastião. Dessa vez, quem venceu a categoria foram Laura Poitras, Mathilde Bonnefoy e Dirk Wilutzky, com o documentário “Citizenfour”, uma co-produção norte-americana, francesa e alemã.
O Menino e o Mundo – Melhor Filme de Animação (2016):
A primeira indicação brasileira em Melhor Filme de Animação foi com “O Menino e o Mundo”, em 2016. O longa mostra um menino que mora com os pais em uma pequena cidade do campo. Seu pai sai em busca de emprego na cidade grande, o que deixa o garoto triste e confuso, até que ele faz as malas, pega o trem e vai em busca de seu pai e do novo universo onde ele mora. Para sua surpresa, o menino se depara com uma sociedade pobre e infeliz.
A direção e roteiro são assinados por Alê Abreu, mas quem levou a estatueta foi Peter Docter e Jonas Rivera por “Divertidamente”.
Democracia em Vertigem – Melhor Documentário (2020):
Finalmente, chegamos à indicação atual. “Democracia em Vertigem” acompanha, através do passado da cineasta Petra Costa e de gravações e entrevistas que ela realiza, a eleição de Lula em 2002 até o processo de impeachment de Dilma Rousseff, analisando a ascensão e queda do Partido dos Trabalhadores e a crise político-econômica do Brasil.
Além de Petra, o filme foi co-escrito pelas brasileiras Carol Pires e Moara Passoni. Ele concorre ao lado de “Indústria Americana”, de Steven Bognar, Julia Reichert e Jeff Reichert e é produzido pelo casal Michele e Barack Obama; “Honeyland”, de Ljubo Stefanov, Tamara Kotevska e Atanas Georgiev, que também está concorrendo na categoria de Filme Internacional; “The Cave”, de Feras Fayyad, Kirstine Barfod e Sigrid Dyekær; e “For Sama”, da diretora Waad al-Kateab.
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