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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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O que fazer diante do aumento do analfabetismo entre crianças brasileiras?

Taxa de alunos que não sabem ler ou escrever cresceu 66,3% no Brasil entre 2019 e 2021

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 fev 2022, 08h52

No início de fevereiro, a imprensa divulgou um estudo mostrando que o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever cresceu 66,3% no Brasil entre 2019 e 2021. Ao todo, 2,4 milhões de brasileiros dessa faixa etária não estão alfabetizados, o que corresponde a 40,8% desse grupo. A pesquisa, feita com base em dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi divulgada pela organização Todos Pela Educação. Fiquei muito impactada com esse dado.

Essa é mais uma estatística que mostra como a pandemia impactou negativamente a educação brasileira. Estudos internacionais mostram que o nosso país foi o que ficou mais tempo com as escolas fechadas – na maioria dos estados, os colégios ficaram de um ano e meio a dois anos com as portas fechadas.  Além disso, muitos estudantes, principalmente os mais vulneráveis, não conseguiram acompanhar as aulas remotas. Como resultado de tudo isso, temos a alta taxa de analfabetismo entre crianças de 6 e 7 anos, algo que, no futuro, pode trazer diversos problemas de aprendizado para esses jovens – segundo a pesquisa, eles têm mais chances de reprovar ou abandonar a escola nos próximos anos. 

Ao mesmo tempo, o levantamento do IBGE deixa claro aquilo que outras pesquisas já vinham mostrando: a pandemia intensificou ainda mais a desigualdade entre raça e classe. De acordo com o estudo, no período de 2019 a 2021 o analfabetismo entre crianças que moram em áreas pobres cresceu de 33,6% para 51%. Já entre aqueles que vivem em regiões de maior poder aquisitivo, o aumento nesse mesmo espaço de tempo foi menor: subiu de 11,4% para 16%E quando fazemos o recorte por raça, vemos que as crianças pretas e pardas também foram mais impactadas pela pandemia do que as brancas. Em 2019, o número de pretos e pardos que não sabiam ler e escrever era de 28% e em 2021 passou para 47%. Já entre os brancos, no mesmo período, o analfabetismo foi de 20,3% para 35,1%.

O que fazer agora?

Para a coluna desta quinzena, conversamos com Ivan Gontijo, coordenador de políticas educacionais da Todos Pela Educação, que deu algumas sugestões do que pode ser feito para minimizar os impactos da pandemia na aprendizagem dos alunos. Para ele, o primeiro passo seria manter as escolas abertas e não voltar ao modelo remoto, que não se mostrou muito eficiente no Brasil. 

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De fato, esse é um ponto extremamente importante, na minha opinião. É claro que a volta deve ser feita de maneira responsável, respeitando todos os protocolos de segurança contra a covid-19 – principalmente porque muitas crianças ainda não estão plenamente vacinadas. Mas, realmente, não podemos permitir que os jovens voltem a ficar em casa e coloquem ainda mais em risco a sua formação. Isso seria agravar um cenário que já está ruim. 

Além de manter as escolas abertas, Ivan sugere que as instituições de ensino identifiquem os alunos que estão com mais defasagens de aprendizagem e ofereçam uma atenção especial para eles, com o objetivo de recuperar o tempo perdido. “Temos que adotar ações para acelerar o aprendizado desses estudantes e diminuir os impactos que a pandemia teve na vida deles”, disse. “Precisamos fazer avaliações para saber quem são e quantos são os alunos não sabem ler e escrever ainda. A partir daí, talvez possamos colocá-los em salas menores, para terem uma atenção maior dos professores, e dividi-los por níveis – os que estão com mais dificuldade ficam em um grupo e os que estão com menos problemas, em outro. Além disso, precisamos ter materiais específicos, preparar os professores e aumentar o número de aulas de reforço.”

Se conseguirmos colocar em prática essas medidas sugeridas por Ivan, tenho certeza de que vamos ser capazes de minimizar os impactos da pandemia na vida desses alunos. Além do poder público, que deve fazer a sua parte, acredito que todos nós, cidadãos, precisamos agir também. O futuro do nosso país está nas mãos das novas gerações, e não podemos deixar que eles tenham tantos prejuízos em sua formação. Na prática, isso pode trazer prejuízos não só para a educação brasileira, como para o futuro da nação como um todo. 

Para ajudar de alguma forma, não é preciso ir muito longe. Podemos nos prontificar a auxiliar uma escola que está passando por necessidades, doar livros e materiais escolares, ajudar a construir bibliotecas, apoiar os professores, entre outras ações. Acredito que só com o esforço coletivo vamos conseguir enfrentar essa batalha e poupar os jovens de maiores prejuízos a longo prazo. Todos nós vamos sair ganhando com isso. 

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