Assine CLAUDIA por R$2,00/semana
Ana Claudia Paixão A jornalista Ana Claudia Paixão (@anaclaudia.paixao21) fala de filmes, séries e histórias de Hollywood
Continua após publicidade

Renée Zellweger e o Oscar que Judy Garland nunca ganhou

Renée Zellweger 'incorpora' Judy Garland nas telas, mas o filme não nos conecta com a lenda

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 21 set 2020, 14h17 - Publicado em 30 jan 2020, 13h03
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Atribuem ao ator Spencer Tracy uma das melhores frases sobre o público de Judy Garland:  “os fãs de Judy Garland não apenas ouvem, eles sentem”.

    Publicidade

    Esse parece ter sido o objetivo do filme Judy – Muito Além do Arco-Íris, que estréia hoje (30) (às vésperas do Oscar 2020) e que rendeu à Renée Zellweger mais uma indicação de Melhor Atriz. O longa é até discreto na abordagem dos últimos meses da vida de Judy Garland, sem julgá-la por seus excessos. A princípio a discrição é boa, mas logo fica a impressão de que o roteiro assume que você já conheça a vida da cantora e atriz, o que dificulta um pouco uma profunda conexão com ela (se você não for fã. Eu sou.). Aliás, os fãs vão se emocionar, mas quando (finalmente) ela canta Over the Rainbow, a gente percebe que o filme está atrás daquela lágrima que seria impossível de evitar, por isso a emoção dissipa rápido.

    Publicidade

    Não é de hoje que Hollywood maltrata suas estrelas em vida para depois ganhar dinheiro as homenageando depois que se vão. Judy foi lançado nos Estados Unidos ano passado, em tempo para o marco 50 anos de morte de Garland.  O filme não foi aprovado pelos filhos da cantora antes de ser feito, eles se recusaram a falar com Zellweger, e no final das contas foi  bobagem deles porque Judy é respeitoso com todos, acima de tudo com a prórpria Garland.

    Em um universo de muitas estrelas, não é um feito pequeno superar a barreira do tempo. Judy Garland foi uma dessas raras artistas que viraram atemporais. Considerada uma lenda ainda quando era viva, ela morreu aos 47 anos por overdose de remédios e bebidas. Ela abusou das substâncias químicas desde muito cedo, antes mesmo de chegar à adolescência, e não é uma surpresa que aparentasse ter mais idade do que tinha quando faleceu.

    Publicidade
    Continua após a publicidade
    Renée Zellweger ganhou todos os prêmios a que foi indicada por sua interpretação de Judy Garland (Paris Filmes/Divulgação)

    Jamais imaginaria que Renée Zellweger fosse incorporá-la tão perfeitamente. Assim como Marion Cottilard fez com Edith Piaf em La en Rose e Jamie Foxx com Ray Charles em Ray, o que está na tela não é apenas interpretação. Quando Zellweger subir no palco para receber seu segundo Oscar saibam: ela merece.

    Enquanto Garland foi a definição de exagero, o filme optou pelo ‘menos é mais’. Uma das suas maiores ousadias, no entanto, foi a de aproveitar que Zellweger canta bem para não dublar Garland. Isso mesmo, é Zellweger cantando, mesmo sem o alcance da voz de Garland. Não passa vergonha e até impressiona.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    Como filme, Judy, Muito Além do Arco-Íris não é incrível. Aliviou bastante muito dos fatos que foram registrados durante o período londrino da vida da cantora, que culminou com sua morte. Não que tire completamente o mérito do longa, mas depois da grandiosidade de Bohemian Rhapsody e Rocketman, é até curioso que tenham escolhido fazer uma versão quase intimista para de um ícone do cinema e da música. Talvez até, um alívio.

    Judy Garland entrou para o cinema aos 13 anos, quando já tinha uma carreira de cantora, ao lado das irmãs. Ela recebeu um Oscar juvenil por O Mágico de Oz. Foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz duas vezes: por Nasce uma Estrela e Julgamento em Nuremberg (onde dá show. Recomendo ver), e foi a primeira mulher a receber o prêmio Cecil B. DeMille, 7 anos antes de sua morte.

    Publicidade
    A verdadeira Judy Garland, em Londres, durante uma das apresentações que aparecem no filme (Reprodução/Youtube)

    Garland, como mostram em flashbacks no filme, cresceu ouvindo que era feia e gorda.

    A crença absoluta nessas duas afirmações contribuíram muito para sua famosa insegurança e autodestruição. Sua autoestima foi sabotada desde cedo e não houve recuperação. Mas não se explora isso, o que vemos na tela é a fase onde ela quase não é mais funcional, afundada em uma depressão profunda. Não vemos nada do período em que ela ainda era sucesso no cinema nem mesmo vemos sua vida pessoal caótica (Judy se casou 5 vezes e tentou suicídio em mais de uma oportunidade).

    Publicidade

    Não que precisasse mostrar tudo, mas contextualizaria melhor a tensão e adoração das pessoas ao seu redor.

    Continua após a publicidade
    Renée Zellweger canta ela mesma todas as canções do filme, mesmo sem o alcance vocal da verdadeira Judy Garland (Paris Filmes/Divulgação)

    O que compensa é a atuação de Zellweger. O Oscar certamente será dela, criando uma óbvia e boa oportunidade para homenagear a lenda de Judy Garland.

    Ano passado, Lady Gaga fez uma homenagem à Garland no Globo de Ouro, usando uma reedição de um dos vestidos da atriz em Nasce uma Estrela de 1964.  Tivesse ganho o Oscar de Melhor Atriz, Gaga poderia ter feito outra alusão, mas não foi em 2019. Será compensado esse ano por Renée Zellweger. Esse é meu palpite.

    Continua após a publicidade
    Lady Gaga com o vestido azul que é semelhante ao que Judy Garland usou no filme Nasce Uma Estrela, em 1964 (Daniele Venturelli/Getty Images)

          

    Publicidade
    Publicidade

    Essa é uma matéria fechada para assinantes.
    Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

    Domine o fato. Confie na fonte.
    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    Impressa + Digital no App
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital no App

    Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!

    Receba mensalmente Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições
    digitais e acervos nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.

    a partir de R$ 12,90/mês

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.