Reforma redesenha apê em prédio icônico de SP para um casal de escritores
No Edifício Louveira, um dos destaques da arquitetura moderna paulista, o imóvel ganhou um projeto charmoso e cheio de memória afetiva
É do edifício Louveira, de 1946, assinado por Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, o apartamento reformado de 140 m², cujo projeto foi norteado pelo respeito e diálogo com a estética original do prédio. De autoria de Ana Sawaia, arquiteta do elenco CASACOR, a reforma levou em consideração a concepção arquitetônica do mestre Artigas.
O apartamento de três quartos passou a ter um quarto grande para abrigar o casal morador. Além dos dois quartos transformados em um, o terceiro foi aberto para a sala, onde está a sala de jantar. Seus dois pilares sustentam uma estrutura metálica desenhada para apoiar um buffet.
Uma divisória de concreto, com 2,20 m de altura, define o espaço entre a sala e a cozinha, com uma abertura horizontal, de vidro, que emoldura a vista para o vale do Pacaembu. As esquadrias foram pintadas na cor ocre, a mesma da fachada, e o piso da cozinha tem o mesmo material do piso da área externa do Louveira – uma pastilha verde de porcelana fosca.
O escritório, integrado à sala, é delimitado pela estante de chapa de ferro branca, que se desdobra na altura de 2,20 m, como se fosse um origami, até chegar a parede da sala de TV, onde sete prateleiras metálicas abrigam a coleção de 2 mil CDs dos moradores.
“No lavabo, usamos ladrilho hidráulico com um desenho do próprio Artigas, feito como um estudo de paginação de piso para a Casa dos Triângulos” afirma Ana Sawaia. O banheiro do casal, também com ladrilho hidráulico, tem uma área para leitura, o box com um jardim e uma pequena sauna seca. O closet divide o banheiro do quarto apenas por armários, sem alvenaria.
O piso do apartamento, de taco de madeira perobinha, conserva, apesar de novo, a mesma padronização e tamanho do original. As portas da cozinha e área de serviço foram feitas de ferro e vidro, e seguem o mesmo desenho das esquadrias da fachada.
Móveis e peças com valor afetivo para o casal estão em harmonia com obras de arte, com destaque para as de Gilvan Samico, Iberê Camargo, Daniel Sambo-Richter, Vania Toledo, Burle Marx, Francisco Brennand, Lasar Segall, Claudio Edinger, Cássio Vasconcelos e de mestres artesãos da Ilha do Ferro.