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Faça você mesma o seu plano de carreira

Não deixe a cargo da empresa a tarefa de traçar sua estratégia profissional. Especialistas mostram que é possível definir a própria rota

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 jan 2021, 16h09 - Publicado em 4 jan 2017, 09h31
 (master1305/ThinkStock)
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Qual é o trabalho dos seus sonhos? Quando pensa no futuro, em que posição você se enxerga? São essas perguntas que devem guiar sua trajetória profissional. As respostas serão ferramentas poderosas para construir um plano de carreira, que ajudará a traçar  um caminho mais pleno e satisfatório. Esse tipo de planejamento era comum em grandes empresas, que também o usavam para atrair talentos. “Vimos nossos pais passarem a vida toda em uma única companhia, que disponibilizava um projeto para uma ascensão vertical. Hoje, é raro isso acontecer e há muito mais mudanças horizontais”, explica Eliane Figueiredo, sócia-diretora da Projeto RH, consultoria de recursos humanos, de São Paulo.

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Sem essa perspectiva por parte do empregador, migrou para o funcionário a responsabilidade de criar a própria rota e atualizá-la. Não é tão difícil quanto parece e ainda pode ser bem eficiente para levar você ao seu objetivo final. “Nesse caso, é um erro esperar que o outro tome a frente e aja em seu favor”, explica Eliana Molina, vice-presidente de recursos humanos para América do Sul e Central na Herbalife. Segundo ela, o plano de carreira precisa ser vivo, adaptando-se aos momentos de vida e às necessidades de cada um. “O desenvolvimento é constante e deve ser recapitulado de tempos em tempos.” Confira como colocar seu projeto em prática.

1. Desenvolva o autoconhecimento

Após responder às duas perguntas que abrem esta reportagem e definir um objetivo, o próximo passo para construir um bom plano de carreira é se aprofundar em uma autoavaliação. Vale ser bem prática: em uma folha de papel, faça uma lista das suas habilidades e capacidades. Ao lado, escreva seus pontos fracos, aqueles que ainda estão longe de ser satisfatórios para o cargo que busca. Não se restrinja aos cursos do seu currículo. Avalie também conhecimentos subjetivos, tais como sua habilidade de se comunicar e quão resiliente você é. “Seja sincera consigo mesma, pois as aptidões listadas serão exigidas quando alcançar a posição”, indica Tânia Regina Abiko, sócia-diretora da Orientha Carreira, consultoria de recursos humanos, em São Paulo. Se ficar em dúvida, converse com antigos chefes, colegas e até amigos. O feedback pode trazer mais clareza sobre o tema. Outro quesito que precisa ser levado em consideração é seu estilo de vida. Se você faz questão de folgar nos fins de semana, mirar no cargo de diretora de eventos da empresa está fora de cogitação, pois nesses dois dias costuma concentrar-se o maior fluxo de trabalho. “Olhe para o mercado e veja o que a vaga exige antes de se decidir, já que planejamento de carreira e projeto de vida andam de mãos dadas”, explica Silvana Nardini Bock, sócia na Panelli Motta Cabrera, consultoria para a contratação de executivos.

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2. Invista em você

Uma vez ciente das próprias lacunas, busque aprimoramento. Foi o que fez Luciane Lucio Pereira, 53 anos, enfermeira e pró-reitora de pós-graduação, pesquisa e extensão da Universidade de Santo Amaro, em São Paulo. Mesmo durante a graduação em enfermagem, a paulistana já sabia que gostava de ensinar. “Quando tive a oportunidade de instruir uma equipe em um hospital, vi que aquela era minha área de interesse e busquei treinamentos que me dessem a capacitação necessária para construir minha carreira”, conta. Primeiro, dedicou-se a um curso de gestão na Fundação Getulio Vargas e, depois, inscreveu-se em licenciatura na Pontifícia Universidade Católica. “Ali, aprendi a administrar equipes e também adquiri conhecimentos sobre pedagogia”, diz. Completou com mestrado e doutorado. “Apesar de ter entrado para a área de gerenciamento, nunca deixei de dar aulas. É um plano B para quando eu quiser mudar de rota novamente.” Hoje, mesmo já tendo conquistado diversos cargos da hierarquia de gestão, ainda se mantém atualizada. “O próximo passo é estudar a tecnologia envolvida nos processos de aprendizado, pois preciso estar de olho no futuro”, completa.

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3. Melhore a comunicação

Em um tempo que valoriza os esforços coletivos, é irônico que os profissionais ignorem suas falhas de comunicação. Especialistas de recursos humanos apontam que esse é um dos pontos fracos mais comuns hoje. “Não basta serapenas um bom técnico. Quase 80% das profissões exigem trabalho em equipe. É essencial saber conversar com públicos distintos e construir relacionamentos”, afirma Eliane Figueiredo. Há cursos que colaboram nessa tarefa e, inclusive, ampliam sua rede de contatos. Não recuse convites para workshops, feiras ou fóruns.

“Todo lugar guarda potencial para conhecer alguém que será indispensável no futuro de sua carreira. É assim que pessoas de sucesso mantêm seu dinamismo e tornam-se capazes de montar equipes harmoniosas quando necessário”, diz Tânia Abiko. A dica é ainda mais valiosa para profissionais que estejam tentando se recolocar, já que um bom marketing pessoal começa em sua capacidade de se apresentar ao mercado. “Se você tivesse um minuto para falar de sua trajetória e de seus interesses profissionais, o que diria?”, questiona Eliana Molina. Esse discurso deve ajudar a vendê-la tanto em uma rápida conversa de elevador como em uma entrevista de emprego.

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4. Revisite o plano regularmente

É natural que interesses e desejos mudem com o decorrer do tempo. Para manter seu projeto atualizado e não perder o foco, recomenda-se rever seu roteiro ao menos uma vez ao ano. Marceli Passoni, 33 anos, administradora e especialista em planejamento estratégico da empresa de telefonia Vivo, usa esse recurso para sair de sua zona de conforto. “Eu tinha um cargo de gerência em uma companhia que adorava. Sabia, porém, que teria mais chance de crescer se migrasse para outra área. Optei por aceitar um cargo técnico. Na prática, é um downgrade, mas encontrarei mais desafios para me desenvolver”, afirma a profissional. Essa revisão também serve para prestar contas: qual a diferença entre o que idealizou e o que realmente realizou?

“É um exercício que ajuda a definir metas mais realistas. Não adianta prometer a si mesma matricular-se em três cursos de línguas e mais um MBA se você simplesmente não tem tempo para tudo”, diz Eliane Figueiredo. Com novos objetivos estabelecidos, marque o prazo para alcançá-los e pesquise o caminho até lá. “Use essa dinâmica para trabalhar a ansiedade. Toda carreira tem um tempo. Não existe virar presidente de um dia para o outro”, explica Eliana Molina. É importante também estar a par da conjuntura do mercado: seu plano precisa levar em consideração fatores externos, como crises ou reformulações dentro da empresa ou do mercado em que pretende atuar. Dessa maneira, você estará preparada para oportunidades inesperadas.

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5. Siga o mestre

Ao longo de sua trajetória, é essencial contar com alguém de nível sênior, que já tenha passado pela sua cadeira e possa lhe dar conselhos específicos sobre como agir. No momento de fazer ou atualizar seu plano de carreira, essa pessoa é ainda mais importante, pois conhece o contexto de suas opções e poderá lhe dar conselhos proveitosos. “É um mentor, alguém com quem você tem uma relação de confiança e que servirá como um guia, mesmo sem receber pelo serviço. Pode ser até da sua empresa”, explica Eliana Molina. Se sua carreira estiver mais consolidada e você tiver recursos, contrate um coach. Esse profissional lhe apresentará técnicas e metodologias para transformar seu projeto em realidade.

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6. Encontre o líder dentro de você

Você se torna chefe muito antes de assumir a coordenação de uma equipe: em casa, gerenciando os filhos ou a empregada doméstica; no trabalho, observando seus superiores. “Quando se convive com chefes ruins, podemos destacar os padrões que não queremos repetir e nos espelhar apenas naqueles que admiramos”, aconselha Silvana Bock. Esse aprendizado também pode ser potencializado ao reparar em presidentes de outras empresas, acompanhar uma figura pública que estima ou ler biografias e livros de negócios.

Na sua vez, vale investir em aprendizado. Cursos de liderança ensinam a comunicar-se com a equipe, o que dizer e como. Também ajudam a encontrar a postura ideal para épocas de crise. Ainda assim, não espere sentir-se totalmente pronta ou ter todas as respostas. “Um líder de sucesso é aquele que nunca se acha preparado ou completo. Dessa forma, ele estará sempre aberto às oportunidades de aprender e de conhecer o que é novo”, diz Eliana Molina. Além de compreender as pessoas do time, ele deve ter domínio da cultura da empresa. Se é uma multinacional, por exemplo, vale tentar visitar a sede e procurar absorver os valores.

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7. Planeje o salário

Previsões salariais também devem estar atreladas ao plano de carreira e precisam ser calculadas de acordo com sua idade e o momento de vida. Por exemplo: aos 35, comprando o próprio apartamento; aos 45, mudando para um maior. Estime o valor necessário para bancar sua meta e, aí, veja qual cargo precisaria ocupar para isso. “Quando há mais movimentações laterais que verticais, uma nova posição nem sempre estará vinculada a um aumento, mas talvez os benefícios sejam melhores”, explica Tânia Abiko.

O próximo passo é ver se a realidade almejada é possível naquela empresa. Se a recompensa esperada demorar, avalie o contexto. Leve em consideração a situação do mercado, o tamanho da empresa e a cultura interna. “Antes de aceitar um novo posto, conheça alguém que já trabalha na companhia e converse sobre suas expectativas. Se não der para negociar o salário na contratação, verifique se o gestor deixa abertura para retomar a conversa depois”, sugere Eliana Molina.

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