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Acabou a brincadeira: mais mulheres precisam chegar ao topo

A certeza de que, enquanto CEOs, conselheiras e donas de empresas forem exceção, vamos ter que bater nessa tecla

Por Tatiana Schibuola
Atualizado em 12 abr 2024, 11h24 - Publicado em 9 jun 2016, 18h39

Uma onda de irritação percorreu meu corpo, mal saí do elevador. Uma folha sulfite, colada com durex na parede branca, tinha os dizeres, escritos em caneta hidrocor rosa: HOTEL. Era o prenúncio da bagunça que encontraria assim que abrisse a porta. Carol, minha caçula, aos 9 anos, tem a terrível mania de usar móveis (geralmente revirados), toalhas, edredons, utensílios de cozinha –além de brinquedos, claro – para criar os cenários de suas brincadeiras. Que só ficam mesmo divertidas se ocuparem uma grande parte da sala. Dito e feito. Foi só entrar em casa e encontrei unidades de atendimento e hospedagem espalhadas, com requinte, por todo o apartamento.

Diferentemente de outros dias, respirei fundo. E então pedi que me explicasse o seu novo negócio. Depois da minha jornada no dia de ontem, a última coisa que eu poderia fazer era reprimir seu instinto criativo e empreendedor. Às 22hs, eu tinha acabado de voltar do “Seminário Mulheres Líderes”, organizado pelo LIDE Mulher (Grupo de Líderes Empresariais). Ao lado das empresárias Luiza Trajano e Sonia Hess, a convidada da noite era a brilhante Paula Bellizia, CEO da Microsoft no Brasil. Assim como fez em CLAUDIA deste mês, que trouxe o especial #MulheresNoTopo, ela contou à audiência, formada por empreendedoras de todo o Brasil, como chegou à presidência de uma gigante da tecnologia – que, hoje, tem apenas 16,9% de mulheres entre seu corpo técnico. (O objetivo de Paula é alcançar 50%.) O problema, disse, não é exclusivo de países em desenvolvimento, como o nosso: “Até dois anos atrás, 47% das empresas do Vale do Silício, nos Estados Unidos, não tinham sequer UMA mulher entre suas executivas”, apontou. Mais que criar metas e programas corporativos, Paula destacou a importância de uma mudança no jeito de criar as filhas e filhos, de ressaltar as conquistas de mulheres e de remover obstáculos comuns à autoestima feminina. Tudo isso muito bem ilustrado com este vídeo aqui (em inglês).

Foi ontem, também, que estive presente no Café Itaú Mulher Empreendedora, uma iniciativa que coloca em contato empresárias e seus cases de sucesso com mulheres em busca de respostas e inspiração. Foi lá que ouvi, por exemplo, a história de Ana Luisa Siqueira, médica e proprietária do Grupo Santa Celina. Ela mostrou, em slides cheios de jargões dos negócios e da medicina, como transformou o hospital de seu pai em um grupo que oferece serviços médicos integrados, tem 3.500 funcionários e a ambiciosa missão de transformar indústria da saúde no país, reduzindo custos e aumentando o acesso da população a atendimento médico de qualidade. Mais que a estruturação de um bom plano de negócios, o que a audiência presente (todas mulheres) realmente tentava entender era: como outra mulher conseguiu chegar lá?

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O que me leva à manhã de hoje, em que atendi a outro evento: “Empoderamento Econômico da Mulher: Inclusão, Liderança e Empreendedorismo”, promovido pela Unilever, no belo auditório do MASP. Ali, a empresa apresentou o seu relatório de sustentabilidade, que se traduziu em cumprir metas de diversidade e tentar espelhar, dentro de seu quadro de colaboradores, a pluralidade da sociedade em que vivemos. No telão, um desfile de números sinistros, a que já estou habituada. Tais como: as mulheres representam 66% dos trabalhadores no mundo, mas só detêm 1% das propriedades; os salários da mulher no Brasil são 27,5% inferiores aos dos homens nas mesmas posições; levaremos mais de 100 anos para atingir a equidade em cargos de liderança…

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Raquel Espírito Santo Raquel Espírito Santo

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Andrea Salgueiro (na foto), vice-presidente global de dressings (outra personagem do especial de CLAUDIA de junho/16), contou, orgulhosa, que está à frente dos programas da empresa que promovem a igualdade – a Unilever já atingiu a marca de 49,4% de mulheres em cargos de chefia, inclusive em fábricas. Ela quer multiplicar casos de sucesso como o dela: sua vitoriosa trajetória profissional conta com duas promoções imediatamente após duas licenças-maternidade. Um dos pilares dos programas que promovem a inclusão está na criação de modelos inspiradores: um levantamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apontou que, antes de empreender, desenvolver alguns skills tão básicos quando autoconfiança e autoestima fazem a diferença para mulheres latinoamericanas.

A executiva reforçou que, mais que sociais, iniciativas como essas têm prerrogativa econômica – 2 milhões de mulheres compram produtos de sua empresa todos os dias. (Imagine se o contingente aumenta. Ou se cresce o poder de compra das consumidoras ativas). A apresentação culminou em um debate, com a presença de Lorrana Scarpioni, dona do aplicativo Bliive, Camila Achutti, uma militante da causa das mulheres na tecnologia e Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora – todas finalistas do Prêmio CLAUDIA 2015. Também participou Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil e líder do Comitê de Diversidade: “Quer me ver triste? É ver um indivíduo que não atingiu seu potencial máximo. E isso vale para homens, mulheres, qualquer um”, concluiu.

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Mais que livrar a minha filha Carol de uma bronca, acompanhar de perto esse intensivão sobre mulheres, liderança e empreendedorismo me encheu de esperança. Há muita gente falando das mesmas coisas, batendo nas mesmas teclas, repetindo constatações quase óbvias, mas que – ainda – carecem de atenção e compromisso de mudança. Também me enchi de orgulho: como diretora de CLAUDIA, tive a certeza de que estamos no centro desse debate, identificando as personagens certas para falar sobre esse assunto e revelando os melhores cases. E, o melhor: como a maior revista feminina do país, temos o poder de fazer essa mensagem se espalhar ainda mais rápido.

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