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Empreender após a maternidade: desafios e as dicas para quem vai começar

Dany Junco, da B2Mamy, e Fernanda Caloi, gerente do Google for Startups, dão dicas para as mães empreendedoras

Por Camila Pati
29 mar 2021, 10h00

O empreendedorismo surge na vida de muitas mães brasileiras como uma opção de geração de renda quando o mercado de trabalho formal fecha as portas para elas. Demissões não são exceção na volta da licença-maternidade, nem casos em que a conta não fecha e pagar alguém para cuidar do filho sai mais caro do que abraçar a atividade e deixar de lado o crachá da firma.

A pesquisa “Licença maternidade e suas consequências no mercado de trabalho do Brasil”, da FGV, indica que quase metade das mulheres (48%) ficam desempregadas em até um ano após o parto, tanto pela via da demissão como por pela dos gastos na hora de terceirizar o cuidado com a criança.

Desse lugar de desconforto entre a carreira e maternidade, nasceu uma startup no Brasil pioneira na capacitação e conexão das mães ao ecossistema de inovação e tecnologia. Fundada em 2016 por Dany Junco, a B2mamy tem a missão de ajudar mães nessa transição de mercado. “Nosso propósito é tornar as mães líderes e livres através de educação digital”, diz Dany.

Segundo ela, habilidades de tecnologia são cruciais na recolocação no mercado de trabalho e no sucesso do empreendedorismo. Iniciativas da B2Many como, por exemplo, a de capacitar mulheres da periferia na área de social mídia e ou a de formar profissionais de tecnologia para atuar em nível de diretoria como CTOs seguem esse caminho. “A educação é um grande pilar nosso, assim como a geração de renda”, diz.

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Além de investir em capacitação, unir-se a uma comunidade para ganhar conhecimento e contatos profissionais é uma das principais dicas de Dany para as mães em transição de carreira. “Eu sempre digo: encontre a sua turma. Para quem está buscando geração de renda, estar em comunidade ajuda em tudo”, diz Dany.

Outro conselho da empreendedora vai na linha de arrumar casa a primeiro. “Cuide da sua saúde mental. Estamos esgotadas, precisamos pedir ajuda”, diz ela, mais uma das mães a sentir a exaustão da jornada tripla imposta há mais de uma pela pandemia. No seu caso, contar com o apoio da mãe e do marido tem sido fundamental para dar conta de trabalho, casa, cuidados com o filho de seis anos e suas aulas online.

Visibilidade como estratégia de atratividade

Contar histórias de mulheres que conseguiram, entre fraldas e mamadeiras, se dar bem nessa jornada empreendedora é uma das estratégias da aceleradora de startups do Google para atrair mais diversidade ao seu ecossistema.

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“Eu acredito na força da visibilidade, quando começamos a contar casos de mulheres, outras se sentem empoderadas para também estarem lá”, diz Fernanda Caloi, gerente de programas do Google for Startups Brasil. Ela é uma das responsáveis pela execução do programa de capacitação técnica para startups que neste ano, pela primeira vez, terá uma turma totalmente formada por empresas lideradas por mulheres.

São dez startups escolhidas terão sessões de mentorias online com especialistas do Google e empresas parceiras durante os próximos três meses, que serão dedicados a resolver desafios técnicos e de liderança. “É um programa técnico que tradicionalmente tinha presença masculina predominante”, diz Fernanda para justificar esse recorte na seleção das empresas.

A proatividade na busca pela diversidade trouxe resultados animadores para a comunidade do Google for Startups. Em 2016, eram 31% de mulheres entre todas as pessoas que participavam dos eventos e que frequentavam o prédio na região da Paulista – fechado desde 2020 por conta da pandemia- hoje são 43%.

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O avanço é notável em um mundo ainda completamente dominado pelos homens. Apesar do crescimento do ecossistema de startups e venture capital no Brasil, com recordes alcançados nos últimos anos, apenas 4,7% das startups brasileiras foram fundadas exclusivamente por mulheres e 5,1% por mulheres e homens. Ou seja, mais de 90% desses negócios possuem somente homens em seus quadros de fundação.

A oferta de capacitação também é citada como estratégia necessária para maior atratividade de mulheres para o ambiente das startups. Para a turma de 2021, haverá módulos especiais sobre liderança e foco em comunicação.

“Mulheres não falam naturalmente sobre as suas conquistas. Mesmo quando ela é muito boa, ela se coloca com modesta e humilde. Os homens, mais naturalmente, falam que são bons”, diz a executiva e mãe de três filhos.

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O estilo de comunicação é crítico para os empreendedores em busca de investimento. O risco é a mulher acabar não vendendo tão bem o seu negócio em um ambiente que já é dominado pelo viés inconsciente.

Pesquisa de Harvard, indica que investidores e investidoras fazem perguntas diferentes para homens e mulheres. Aos homens, questiona-se para onde querem levar suas empresas. Às mulheres, se pensaram em todos os riscos que envolvem seu negócio. “Perguntas detratoras para as mulheres e impulsionadoras para os homens”, diz Fernanda.

Por isso, uma das dicas dela para as mulheres empreendedoras é que saibam muito bem seus pontos fortes. A comunicação pode ajudar a mudar uma triste estatística: estudo divulgado pela Crunchbase em 2020 indicou que, mesmo apresentando um aumento de oito vezes nos últimos dez anos, os investimentos em empresas fundadas por mulheres representam apenas 2% do total.

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Para quem quer tocar o próprio negócio e a quem está em busca de uma recolocação no mercado e mira o mundo das startups, Fernanda também indica o foco em capacitações para o sucesso no ambiente digital. Adicione uma camada digital às suas habilidades e novos campos e oportunidades aparecerão, recomenda.

A maternidade, diz Fernanda, traz habilidades valiosas, afinal, toda mãe é uma gestora de crises. Empatia, capacidade de planejamento e de atuação em cenários complexos também são pontos importantes entre as virtudes conquistadas pelas mães.

As conquistas são possíveis, mas ela, assim como a fundadora da B2mammy, cita o cuidado com a saúde mental, como fundamental. “Tenho três filhos, e nos últimos anos continuei sendo promovida, se eu não tivesse pensado na minha saúde mental, não teria conseguido”, conta.

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