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“Sou casada com dois maridos e amo minha vida como um trisal”

Adabia Maria, de 38 anos, vive com Matheus, de 25, e Robert de 18 anos, em um relacionamento a três. Conheça aqui a sua história

Por Kizzy Bortolo 
Atualizado em 11 dez 2023, 12h46 - Publicado em 6 dez 2023, 10h17

Depois de muitos relacionamentos mal sucedidos, a dona de casa mineira, Adabia Maria da Silva, de 38 anos, conheceu Matheus, de 25 anos, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, onde mora. Logo depois veio o Robert, de 19, que era seu amigo virtual e passou a fazer parte desse triângulo amoroso. Conheça aqui como é o dia a dia desse trisal mineiro – e veja como eles driblam qualquer tipo de preconceito depois de assumir uma relação a três. 

Para começar, quatro filhos

“Nasci em uma família muito humilde. Meu pai trabalhava como pedreiro e minha mãe era doméstica. Com muita luta, eles conseguiram construir uma casa bem simples, porque antes disso, vivíamos num barraco feito de restos de madeiras, que chovia dentro. Mesmo com todas as dificuldades, ali a gente vivia feliz! Aos 14 anos, ainda me lembro de falar para uma amiga que, quando crescesse, eu teria dois maridos, um em cada casa, para eu poder ter aonde ir. Aos 16 anos, passei a estudar de noite, para começar a trabalhar em casa de família e, assim, ajudar em casa com alguma renda. 

Na escola noturna me encantei por um rapaz. Com o passar dos tempos, começamos a ficar e logo ele pediu aos meus pais para namorar comigo. Não demorou muito e engravidei. Eu acabara de completar 17 anos e não tinha para onde ir! Acabamos morando todos juntos na casa dos meus pais. Em julho de 2003 nasceu minha filha, Kethley. Quando ela completou um mês de vida, eu e o pai da minha filha tivemos nossa primeira e última briga. Ali mesmo, ele foi embora e me deixou com uma bebê recém-nascida. Ainda bem que meu pais sempre me apoiavam.

Em busca de um amor

Com o passar dos meses, conheci uma outra pessoa na fazenda onde passamos a viver. Era o segurança do lugar e, logo, começamos a sair. Pois um mês depois, já na nossa primeira transa, engravidei novamente. Quase enfartei quando soube! Minha primogênita tinha só seis meses de vida! Foi uma loucura. Quando contei ao rapaz, ele ficou assustado e sumiu. Depois soube que a esposa dele, que morava na cidade, também estava grávida. Ali, meu mundo caiu! Chorei muito, pois eu gostava dele. Nunca mais o procurei, nem ele a mim e ao bebê. Minha segunda filha, Kristyhellen, nasceu em dezembro de 2004. 

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Naquela época, meu pai havia conseguido montar um barzinho na frente de casa, onde eu e minha irmã trabalhávamos. Três meses depois que abrimos o bar, lá mesmo conheci um cara e me encantei. E lá fui eu, de novo, tentar ser feliz num relacionamento. Ele amava as minhas filhas, muito mais que os próprios pais delas. Depois de três meses, ele me chamou para morarmos juntos: eu, ele e minhas duas filhas. Um ano depois, engravidei novamente – pela primeira vez porque eu quis de verdade. Minha terceira filha, Kamily, nasceu em julho de 2007. Foi uma felicidade imensa do meu marido pela chegada da sua primeira filha. 

Com o passar do tempo, foram vindo as brigas e os desentendimentos entre nós. Ainda assim, acabei engravidando pela quarta vez. Meu filho nasceu em outubro de 2008, meu único menino, o Kayaky, e logo decidi fazer uma laqueadura, já que engravido muito facilmente. Mas meu casamento andava péssimo. Descobri várias traições dele, que engoli porque era dependente financeiramente. Quando meu filho completou 10 meses, consegui arrumar meu primeiro emprego, em um frigorífico. Logo me separei e me tornei mãe e pai dos meus quatro filhos. Voltei a estudar e minha mãe ficava com as crianças para eu trabalhar e estudar. 

O início da vida a três

Dois anos depois, me casei de novo. Fui viajar com a minha irmã e lá conheci o Matheus, que veio a se tornar meu marido. Estamos juntos desde agosto de 2020. Quando voltei pra minha cidade, ele quis vir junto comigo. Tínhamos o hábito de jogar ‘Free Fire’ juntos e, um dia, um amigo nosso passou a jogar conosco. 

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Com o passar do tempo, essa amizade entre nós três foi evoluindo e ficando cada vez mais íntima. E com esse amigo eu passei a ter um lance: namorávamos via chamada de vídeo e passei a gostar dele. Pedi ele em namoro mesmo sem o Matheus saber. 

selfie do trisal
O trisal enfrenta olhares estranhos na rua, mas já se acostumou (Arquivo pessoal/Reprodução)

Um ano se passou, e comecei a ter crises com o Matheus e optei por me separar dele. Ele não queria aceitar de forma alguma. Então eu falei que iria arrumar outro homem e que ia chamar meu amigo virtual para nossa casa. Queria que o Matheu fosse embora. Mas ele apenas disse: ‘Chama’. Matheus tinha certeza de que o amigo não viria – mas ele não sabia que, há quase um ano, a gente já namorava pela internet. 

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Uma semana depois, em 1 de outubro de 2021, Robert chegou na minha casa. Não esperava que ele fosse vir! Mas ali estava, em carne e osso, o meu amigo virtual bem na minha porta. Matheus logo começou a chorar achando que eu iria largar ele porque o ‘rival’ havia chegado. Algumas horas depois, naquele mesmo dia, fomos os três e as minhas filhas ao supermercado fazer compras. Ali ficamos observando um ao outro porque a gente nunca tinha se visto pessoalmente. Robert tinha acabado de completar 18 anos. 

Confesso que nos primeiros dias foi meio estranho, mas desde o começo ele já dormiu comigo e com o Matheus na nossa cama de casal. Pra gente ter contato íntimo, porém, demorou um pouco mais, por eu ter um pouco de vergonha. Só lembrando que eles são héteros, apenas eu me relaciono com eles, os dois entre si não rola nada. 

O trisal contra o mundo

Assim que meus pais ficaram sabendo, minha mãe ficou com muito medo de as pessoas falarem e me evitarem. Meu pai só falava que a gente tava pirado e que éramos sem juízo. Já os meus quatro filhos no começo acharam estranho, mas nunca questionaram nada. Inclusive, hoje em dia, já se acostumaram com o fato de terem dois padrastos. 

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Ter dois maridos é parecido com ter um: temos altos e baixos, ‘DRs’, brigas de casal, tudo normal. Mas, no geral, eles são super amigos e até confidentes um do outro. Todos os dois trabalham e ajudam com as despesas de casa. Matheus é mestre de obras e Robert trabalha com coleta e reciclagem de lixo. Na hora de fazer amor, eles também se dividem superbem. O importante é não faltar nada a nenhum deles. 

Na nossa casa vivem cinco pessoas: eu, os dois maridos e meus dois filhos mais novos, de 15 e 16 anos. Não tenho filhos com os dois maridos, porque já sou laqueada. Mas, por eles, eu até teria um de cada. Principalmente, do Robert, que queria muito ser pai. O sonho dele é que eu faça uma inseminação in vitro. 

Quando saímos juntos, os três de mãos dadas, reparamos nos olhares curiosos e os julgamentos das pessoas na rua. Normal! Já estamos acostumados. Nos trabalhos deles, tem sempre um colega que ri e zoa. Na internet alguns os chamam de corno, mas eles nem ligam. Muitas mulheres me perguntam como eu consegui unir a minha família assim com dois homem. Eu só respondo que foi obra do destino, do acaso. Porque eu mesma nem imaginava que poderia conseguir manter uma relação a três. 

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Na minha formatura, os dois foram me prestigiar e muitos ali ficaram nos olhando espantados! Cheia de orgulho, peguei meu diploma nas mãos e fiz uma linda foto com meus dois amores, como está aqui registrado nessa entrevista. Amo muito os dois e já não me imagino viver sem eles. Cada um deles, a seu modo e com seu jeitinho, me completa de forma única e diferente! 

A melhor parte de uma relação a três é ter os dois maridos que me amam e me paparicam demais! Muitos me chamam de ‘Dona Flor e seus dois maridos’ e eu nem ligo! No fundo, admiro essa personagem do escritor Jorge Amado. Mas aqui em casa é vida real mesmo, nada de ficção. Aqui vivemos a realidade mesmo! E se hoje moro com dois maridos, mesmo com muitas críticas alheias, é porque sigo vivendo minha vida de cabeça erguida e com dignidade!” 

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