Dieta do sexo: entenda a perigosa prática que virou moda entre os famosos
Técnica consiste em transar três vezes por semana, por cinco horas seguidas, sem uma alimentação adequada
Transar por cinco horas, três vezes na semana, sem se alimentar adequadamente, com o intuito de emagrecer: essa é a proposta da “Dieta do Sexo”, prática polêmica que vem sendo amplamente divulgada por famosos e influenciadores nas redes sociais, como Kim Kardashian, Cameron Diaz e Pamela Anderson.
Segundo inúmeras postagens e declarações de teor duvidoso, a técnica, quando seguida à risca, pode gerar uma perda de até oito mil calorias. Será mesmo? A seguir, especialistas comentam sobre a veracidade e riscos envolvendo o método:
Dieta do sexo funciona?
De acordo com o Doutor Leonardo Valladão, ginecologista e obstetra, o sexo pode sim ocasionar uma perda calórica — mas jamais da maneira que vem sendo propagada: “A literatura científica diz que a atividade sexual, com duração média de 25 minutos, incluindo preliminares, tem um gasto energético médio de 100 kcal para os homens e 70kcal para as mulheres.”
Sendo assim, mesmo que alguém seguisse a infame “dieta do sexo” por cinco horas, três vezes por semana, jamais chegaria a uma perda de 8 mil calorias. Aliás, tentar alcançar tal façanha pode trazer riscos à saúde física. “Transar por muito tempo, especialmente quando rola penetração, causará no mínimo dor, ardência e desconforto nos genitais devido ao atrito excessivo. Existe um limite humano que devemos considerar antes de sair abraçando essas ideias”, alerta Dani Fontinele, terapeuta sexual e sexóloga clínica.
Alimentação inadequada acoplada ao sexo intenso é perigosa
E não para por aí: de acordo com Leonardo Valladão, a ausência de uma alimentação adequada, especialmente ao embarcarmos em horas de sexo intenso, pode levar a quadros de hipoglicemia, provocando sintomas como tonturas, desmaios e, em casos mais sérios, convulsões.
“Além disso, após um certo período de atividade sem reposição energética adequada, inicia-se o processo de gliconeogênese, que é a síntese de nova glicose a partir de aminoácidos advindos tanto do tecido adiposo quanto do lactato proveniente das hemácias. Em outras palavras? Sofremos com a perda de massa magra para compensar o gasto energético”, complementa o ginecologista.
Relação entre sexo x emagrecimento não é saudável
Mas para além dos malefícios físicos, encaixar o sexo na rotina apenas para atingir padrões estéticos é uma dinâmica extremamente tóxica. “Existe uma pesquisa, realizada pela Universidade do Texas em meados de 2007, que reúne 237 razões pelas quais as pessoas transam. O engraçado: ninguém citou emagrecimento entre elas. Há motivos emocionais, como se sentir mais conectada, físicos, como o alívio do estresse, e até vingativos, como provocar ciúmes em um ex. Mas emagrecer ninguém citou”, brinca Dani Fontinele.
O que a terapeuta quer dizer é: existem diversas outras maneiras (muito mais simples, diga-se de passagem) de buscar o emagrecimento: “Faça exercícios que queimem mais calorias em um intervalo menor de tempo, que não te causem danos ou desconforto. As opções são infinitas”, declara.
Leonardo traz alguns exemplos: “Apenas 30 minutos de corrida leve queimam 315 kcal. Caminhar pelo mesmo período queima 200 calorias. Até mesmo dormir por uma hora já queima 50kcal”, exemplifica.
“Transar não é malhar, por mais intenso que seja. E não adianta ficar sem comer por horas: quando estamos desnutridas, não experimentamos os benefícios da limpeza celular que o jejum pode estimular”, conclui Cynthia Howlett, nutricionista clínica.