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Injeções de emagrecimento: elas funcionam? Existem contraindicações?

Medicamentos indicados para tratamento da diabetes e da obesidade têm ficado famosos entre mulheres que buscam emagrecer

Por Julia Minhoto
Atualizado em 2 abr 2024, 14h33 - Publicado em 10 fev 2023, 05h31

Dentro da incessante busca pelo “corpo perfeito”, muitas mulheres têm se submetido a procedimentos estéticos e medicamentos diferentes, como as injeções de emagrecimento. Febre nos consultórios, a verdade é que elas nem sempre são supervisionadas como deveriam e muita gente fica em dúvida se realmente funcionam. Quer entender melhor esse assunto?

Conversamos com as endocrinologistas, Dra. Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP e coordenadora da pós-graduação em Endocrinologia do Instituto Superior de Medicina (ISMD), e Raquel Quevedo, médica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, para compreender todos os pormenores.

O que são as injeções de emagrecimento?

As principais, como Saxenda e Victoza (liraglutide) e Ozempic (semaglutida), são medicamentos utilizados para tratar pacientes com diabetes tipo 2, mas, recentemente, estudos mostraram que podem ser prescritos para cuidar da obesidade.

Mesmo possuindo diferentes princípios ativos, as três agem da mesma forma no organismo: fazem parte de uma classe de medicamentos, os análogos do peptídeo semelhante ao Glucagon-1 (também conhecido como GLP-1), um hormônio produzido no estômago após refeição.

Como funcionam as injeções  de emagrecimento?

Ao receber alimento, o corpo que está sob a medicação tem uma inibição na área do cérebro (hipotálamo) responsável pela fome, dando sensação de saciedade. Além disso, elas retardam o esvaziamento do estômago, fazendo com que a vontade de comer seja reduzida.

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De acordo com Raquel, elas foram aprovadas inicialmente para o tratamento do diabetes, graças a sua capacidade de melhorar a ação da insulina. Como levavam a uma perda de peso significativa e não causavam baixos níveis de glicose no sangue, foram também aprovadas para tratar obesidade, inclusive em pacientes sem a doença.

Até o momento, no entanto, nenhum estudo demonstrou que esse tipo de medicação é capaz de quebrar gordura. “O fato de se aplicar o medicamento na região abdominal em nada se relaciona com a quebra de gordura no local. É a perda de peso como um todo que levará à redução de gordura corporal, principalmente nesta região”, conta.

Para quem elas são indicadas?

Além de pacientes com diabetes, os análogos do GLP-1 são indicados para pacientes com obesidade (IMC > 30 kg/m2) ou sobrepeso (neste caso, com IMC > 27 kg/m2), associados a uma ou mais comorbidades, dentre elas: disglicemia (pré-diabetes ou diabetes mellitus do tipo 2), hipertensão arterial, dislipidemia, esteatose hepática, síndrome da apnéia do sono e doença cardiovascular.

Raquel sublinha: “Em casos de história familiar de câncer medular de tireóide, essas são proscritas”, ou seja, são contraindicadas.

De acordo com Chang, os riscos são inerentes à própria medicação. “Indicamos para pacientes obesos ou com sobrepeso que necessitam de suporte medicamentoso”, defende. Além disso, os efeitos colaterais podem variar entre diversos sintomas gástricos, como queimação, náuseas e vômitos. A constipação intestinal também pode estar presente.

“O cálculo biliar que pode levar a quadros de pancreatite também faz parte dos riscos, apesar de raro, por isso, o uso deve ser sempre supervisionado por um médico de referência”, aponta.

Posso fazer o uso pós-gestação, caso tenha havido ganho de peso?

Caso o ganho de peso pós-gestação ou pós qualquer evento específico for importante a ponto de levar a paciente às classificações de obesidade ou sobrepeso, ela deve receber a medicação para auxiliar no emagrecimento. 

Existem restrições de idade?

Atualmente, a Liraglutida e a Semagultida são liberadas para o tratamento de Obesidade a partir de 12 anos pelo FDA (Federal Drug Administration).

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Devo seguir dietas que acompanham o tratamento?

Toda medicação faz parte de um amplo processo de mudança de vida, que inclui uma medicação saudável e a prática de atividades físicas. Portanto, não adianta utilizar dessas injeções de emagrecimento como único método: é necessário combiná-las com uma rotina não apenas baseada nos seus objetivos com a balança e autoestima, mas sim com a saúde do seu corpo. O remédio nunca deve ser visto como fator isolado para perda de peso.

“É extremamente importante fazer uma dieta equilibrada durante o uso da medicação para uma melhor resposta. Se não houver controle na alimentação, não haverá perda de peso adequada ou ainda a perda de músculo será maior do que o esperado. Dependendo da escolha alimentar, o paciente pode ter mais efeito colaterais, como constipação, náusea e até vômitos”, ressalta Raquel.

injeções de emagrecimento - dieta saudável
Não caia em falsas promessas: para que funcionem, injeções de emagrecimento necessitam de dietas balanceadas. (Yaroslav Shuraev/Pexels)

Quais são os riscos de utilizá-las sem a supervisão de um especialista?

Além dos efeitos colaterais que a medicação pode apresentar, o especialista também avaliará se o paciente tem história familiar de um tipo específico de câncer de tireóide (tipo medular), já que essas medicações podem acelerar o crescimento e a evolução do câncer.

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O aumento dessas medicações deve ser gradual e pode ser necessário um especialista para avaliar caso a caso. Além disso, ter algum efeito indesejável e não ter a orientação correta de como amenizá-lo ou resolvê-lo podem ser questões importantes para quem o faz sem acompanhamento médico. 

Outro ponto importante é o desabastecimento dessa medicação pelo uso indevido de quem a utiliza clandestinamente, colocando em risco os que realmente precisam da medicação. “Isso infelizmente pode acontecer em breve”, alerta a Raquel.

Em janeiro deste ano, a empresa Novo Nordisk fez um alerta à Anvisa e aos médicos sobre o risco de faltar a caneta de 1 mg de Semaglutida, devido à grande demanda da medicação no país. E a grande culpa do desabastecimento pode ser carregada por aqueles fazem o uso estético dessas injeções.

Quais são os riscos de uma pessoa saudável utilizá-la?

De acordo com Raquel, o risco de uma pessoa saudável utilizar esta classe de medicação é perder peso de uma forma não saudável, com redução da massa magra e déficit de nutrientes, além de apresentar os efeitos colaterais citados acima.

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Como é feito o uso? De quanto em quanto tempo se aplica? 

Victoza/Saxenda: aplicação injetável diária, com doses que variam de 0,6 mg a 3,0 mg (aumento de 0,6 mg em 0,6 mg até a dose desejada).

Ozempic: aplicação injetável semanal, com doses que variam de 0,25 mg a 1,0 mg (2 canetas disponíveis, uma com dose de 0,25 mg e 0,5 mg e outra com dose de 1 mg apenas).

Wegovy: aplicação injetável semanal, com dosagem até 2,4 mg (ainda não disponível no Brasil).

Trulicity: aplicação injetável semanal de 1,5 mg (dose única), com menor efeito em relação à perda de peso quando comparada com as acima e aprovada apenas para o tratamento do diabetes. 

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Qual a duração possível do tratamento?

Não existe um tempo certo para o uso. Estudos revelam que a suspensão da medicação pode levar ao reganho de peso, portanto esses medicamentos podem ser usados continuamente. Porém, cada caso deve ser avaliado por um especialista, pois em alguns casos é possível suspender a medicação sem aumentar o peso (geralmente em pacientes com uma mudança do estilo de vida adequado, incluindo dieta balanceada e hipocalórica e atividade física otimizada). 

Quando costumamos ver resultados?

De acordo com a endocrinologista, o resultado depende de algumas variáveis como: o peso inicial, a idade, adequação da dieta e atividade física. “Estudos mostram perdas de peso próximas a 9% com a Semaglutida até 1 mg em 52 semanas e cerca de 17% com 2,4 mg em 68 semanas”, reforça.

 

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