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Otimismo: como ver o noticiário e não ficar deprimida depois

Confira algumas maneiras de gerenciar seu estresse da próxima vez que a negatividade da mídia parecer um fardo pesado demais

Por Alena Hall (colaboradora)
Atualizado em 21 jan 2020, 23h52 - Publicado em 16 abr 2015, 14h10
Reprodução / Os Delírios de Consumo de Becky Bloom (/)
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Sabemos empiricamente que um excesso de notícias ruins pode nos deixar esgotados, estressados e atordoados. Mas também há muitos dados detalhando os efeitos negativos de nossa exposição a manchetes e notícias que se concentram exclusivamente – e sem piedade – no que é negativo.

É um assunto que Mary McNaughton-Cassill vem estudando há décadas. Psicóloga clínica da Universidade do Texas, ela pesquisa notícias traumáticas e o impacto delas no público, incluindo por que o noticiário nos estressa tanto e por que temos dificuldade para lidar física e psicologicamente com os efeitos delas. Como ela observa, quanto mais central é a tecnologia em nossas vidas, mais conectados estamos com tudo de ruim que acontece no mundo.

“No mundo moderno não temos de encarar apenas o estresse local e pessoal: também somos constantemente bombardeados por informações sobre coisas horríveis que acontecem em outros lugares do mundo e sobre ameaças catastróficas futuras”, disse McNaughton-Cassill ao The Huffington Post. “Quando estou trabalhando com universitários, sempre tenho de lembrá-los de que a internet, os computadores pessoas, os celulares e a mídia 24 horas são invenções relativamente recentes.”

Em seu livro “Mind the Gap: Coping With Stress in the Modern World” (“Cuidado com o vão: lidando com o estresse no mundo moderno”, em tradução livre), McNaughton-Cassill afirma que o estresse ocorre quando há uma diferença entre o que temos e o que queremos ou precisamos. Muitas vezes não queremos ouvir notícias ruins; ainda assim, é o que acontece assim que ligamos a TV. Essa exposição não só gera novo estresse – ele se soma ao estresse que já temos no cotidiano.

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“De várias maneiras, nossas vidas tecnológicas e midiáticas dificultam a tarefa de lidar com desastres”, diz ela. “Mesmo que não estejamos vivenciando um desastre, o revivemos várias e várias vezes por meio da mídia e ficamos com a impressão de que o mundo é um lugar muito mais perigoso do que realmente é.”

Confira abaixo quatro maneiras de gerenciar seu estresse da próxima vez que a negatividade da mídia parecer um fardo pesado demais para você:

Simplesmente desligue.

Depois de captar a mensagem principal de uma notícia, não é preciso deixar o letreiro rodando num loop eterno no pé da tela. Tome controle da sua ligação com as notícias, em vez de deixar que elas tomem conta de você. O conselho vale para o consumo de tecnologia em geral, segundo McNaughton-Cassill.

“Temos de ser muito mais conscientes no gerenciamento das nossas interações com a tecnologia”, afirma ela. “A maioria de nós precisa de pausas tecnológicas. Evitar checar o email constantemente, desligar o celular a certa hora da noite e silenciar os avisos automáticos pode aliviar o estresse.”

Tenha empatia – mas não a ponto de ficar paralisado.

“É claro que, quando acontece uma grande tragédia, todos temos de pensar em perda e mortalidade”, diz McNaughton-Cassill. “Quando isso acontece longe da gente, muitas vezes nos sentimos impotentes, o que pode nos levar a tentar ignorar a situação (a chamada fadiga da compaixão), ou então somos dominados pelo medo, o que pode nos levar a assistir ao noticiário de forma compulsiva. Se o desastre parece ser causado pelo homem ou então evitável, essa sensação avassaladora é muito mais poderosa, pois ficamos pensando como a tragédia poderia ter sido prevenida.”

Desligar-se do noticiário depois de um certo ponto não significa resolver o problema, mas limitar sua exposição a ele pode ser uma boa saída. Isso evita que a empatia se transforme em uma reação emocional improdutiva. McNaughton-Cassill diz que temos de pensar na diferença entre reconhecer as dificuldades dos outros e permitir que informações negativas se tornem uma força destrutiva em nossas vidas.

Mude seus hábitos.

Olhe bem para seus hábitos cotidianos. Se você acha que se expõe ao noticiário de forma pouco saudável, considere uma mudança. Em vez de assistir TV, ler notícias no smartphone ou ouvir rádio, caminhe na rua, durma uma hora a mais ou interaja com pessoas (ou bichos de estimação!). Isso não só ajuda a reduzir o estresse como melhora sua saúde em geral.

“A chave é olhar para suas prioridades e estar disposto a aguentar a ansiedade que ocorre inicialmente quando você se desconecta dos seus eletrônicos”, diz McNaughton-Cassill. Tirar o foco das coisas ruins que existem no mundo também ajuda: pense em melhorar as coisas no curto prazo. “Anúncios sobre animais abusados me enlouqueciam. Mas, quando eu e minha filha começamos a fazer trabalho voluntário em um abrigo de animais, consegui lidar melhor com a situação e passei a sentir que estava contribuindo para a solução.”

Descubra o que funciona para você.

O limite para notícias negativas é diferente para cada pessoa. Descobrir suas necessidades e limitações é essencial para lidar com o estresse induzido pela mídia.

“Para algumas pessoas, isso significa evitar a TV, pois as imagens podem ser gráficas”, diz McNaughton-Cassill. “Para outros trata-se de limitar a exposição total ao noticiário. Acredito que isso também envolva pensar mais no aqui e no agora. Por que esperamos um desastre acontecer para mudar nossas vidas? Desenvolver nossa resistência emocional, alimentar relacionamentos fortes e acreditar que vamos estar à altura dos acontecimentos quando for necessário ajuda a melhorar nossa saúde mental. No fim das contas, somos humanos e prosperamos quando nos sentimos parte de um grupo, envolvidos em atividades significativas. A tecnologia pode nos ajudar, mas só se soubermos claramente o quanto vamos deixá-la ditar nossas escolhas.”

Matéria publicada em Brasil Post.

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