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Mulheres cosplayers falam do assédio que sofrem em eventos do mundo geek

Estivemos na CCXP 2018 e conversamos com as garotas que enfrentam o machismo - ainda bem presente - nesse universo.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 16 jan 2020, 04h18 - Publicado em 8 dez 2018, 09h00

“Posso tirar uma foto com você?”. Com certeza é essa a frase que os cosplayers mais ouvem, principalmente em eventos como a Comic Con Experience (CCXP), que começou na última quinta-feira (6).

A maior feira de cultura pop e geek tem sido um palco importante para essas pessoas que amam a ideia de homenagear personagens – de séries, filmes, jogos – se vestindo como eles. Porém, esse momento de diversão nem sempre sai como o esperado, principalmente para as mulheres.

Um exemplo disso é a história de Núbia Marques, de 19 anos, que estava fantasiada de Pennywise, em versão feminina, no evento. A jovem contou que ao se vestir de Arlequina anteriormente, ela sofreu assédio.

“Ao tirar foto, a pessoa coloca a mão na sua bunda. E não é só assédio físico, mas de fala também, moral. ‘Ah, gostosa. Se eu visse, eu tacava o…'”, explicou.

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Núbia Marques, cosplay na CCXP
(Alice Arnoldi/MdeMulher)

O mesmo aconteceu com Thamires Valache, de 23 anos, no último evento em que participou, o Brasil Game Show (BGS). “A pessoa te abraça para tirar foto, pega na sua cintura sem pedir licença e aí já começa um assédio. Aí ela vai sair da pose e passa a mão na sua bunda. Dá aquela deslizada, sabe?”.

A jovem, que estava vestida de Ravena (de “Jovens Titãs”) na CCXP, contou que o choque nessa situação é tão grande que ela não soube como reagir. A saída que encontrou foi pedir para as pessoas seguintes não encostarem nela na hora de fazer o clique, com a desculpa de que o cosplay era sensível.

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Thamires Valache, cosplay da CCXP
(Alice Arnoldi/MdeMulher)

Como aconteceu com Núbia e Thamires, nunca é fácil lidar com o assédio e, muitas vezes, ele pode se transformar em um trauma. Quem viveu isso na pele foi Keisy Constantino, de 19 anos.

Na CCXP, estar vestida de Ahri Star Guardian (do jogo “League of Legends”) significou o seu retorno ao mundo dos cosplays depois de dois anos sem se fantasiar nem uma única vez.

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Keisy Constantino, cosplay da CCXP
(Alice Arnoldi/MdeMulher)

Isso porque a jovem passou por uma situação extremamente constrangedora. “Eu estava de Blair, do anime Soul Eater, e eu estava com um vestido muito curto. Aí um cara me pegou no colo e saiu correndo comigo. Aí todo mundo viu minha calcinha e foi horrível”.

O desconforto com o que havia acontecido foi tão grande que ela tirou o cosplay assim que o homem a soltou.

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Assim como Keisy, que se sentiu vulnerável ao ser assediada, Rayanne Dias, de 23 anos, passou por algo semelhante, só que ainda mais grave. Ela precisou ir ao tribunal de justiça para se defender.

Quando a encontramos na CCXP seu cosplay era inspirado em “The Purge”, mas na época do assédio, sua fantasia era de Mulher-Gato.

Rayanne Dias, cosplay da CCXP
(Alice Arnoldi/MdeMulher)

“Algumas fotos minhas pararam em um site de Zentai, fetiche com quem estava de lycra. […] Primeiro [a sensação] foi de constrangimento, de olhar minhas fotos em um site daquele em que vários homens estava ‘fetichando’ uma coisa que para a gente é tão comum, é um hobby e eles acabaram com isso. Então primeiro veio o constrangimento e depois recorri aos meus direitos”, afirmou.

As mulheres cosplayers estão constantemente lutando contra esse cenário machista, então vale ressaltar um conselho de Núbia: estar fantasiada de um personagem não obriga ninguém a ter que tirar foto com todo mundo. É permitido dizer não.

O mesmo afirma Ana Cezimbra, de 23 anos, que estreou uma fantasia incrível de Hera Venenosa, da versão de 1996 de “Batman e Robin”.

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Ana Cazimbra, cosplay da CCXP
(Alice Arnoldi/MdeMulher)

“Pede para encostar, pede para abraçar para tirar foto. Eu não me incomodo. Eu tiro foto dando beijo no rosto, eu tiro basicamente a foto que você quiser. Só pede para poder encostar. Porque não é todo cosplayer que gosta. Não é toda pessoa que gosta de chegar e ser agarrada assim”, pontuou.

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