Mães contam como anunciaram a separação aos filhos

O casamento acabou. A família continua. Essa é mensagem que pais devem transmitir aos filhos. Mas, afinal, como conversar sobre este tema tão delicado? Para te ajudar neste dilema, consultamos três mães que já passaram por isso.

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 28 out 2016, 08h41 - Publicado em 3 nov 2014, 22h00

Foto: Getty Images

Manuela enfatizou que não são os filhos que se separam

Após três anos de muitas desculpas, vi que a separação não seria amigável e resolvi sair de casa. Foi nesse momento que sentei para conversar com meus trigêmeos. Fui direto ao ponto, disse que eu e o pai deles não estávamos nos entendendo, que estávamos brigando muito e que isso não era legal. Expliquei que, quando duas pessoas estão assim, o melhor a fazer é cada uma morar em uma casa. Como já tinha lido a respeito, lembrei-me de enfatizar que os pais estavam se separando, mas que filhos não se separam. Informei que haveria discussões, mas que ninguém estava com raiva deles. Tentei logo animá-los, dizendo que eles teriam duas casas, dois quartos, tudo em dobro. Para minha surpresa, não demonstraram tristeza e me disseram que já sabiam que isso ia acontecer.

Manuela Costa Lima, consultora de vendas e mãe de Gabriel, Cecília e Beatriz, 11 anos, mora em Natal

Denize disse que a vida mudaria para melhor

Estávamos tomando café da manhã, apenas eu e meu filho, e informei − como em uma conversa comum sobre coisas importantes − que o pai dele sairia de casa em breve. Não seríamos mais casados e, por isso, não moraríamos mais juntos. Em um primeiro momento, ele se desesperou e reagiu dizendo: “Esse é o meu maior pesadelo! Eu não quero ter pais separados!”. E foi com esse mote que desenvolvi o assunto. Falei que não era um pesadelo, que essa era uma decisão que mudaria nossas vidas para melhor. Tinha chegado a hora de mudar a dinâmica da casa, pois não estávamos mais felizes juntos, e disse que ele iria ganhar muito mais do que perder, porque teria mais tempo junto com o pai e com a mãe nos fins de semana e que ambos estariam mais aliviados. Nessa hora, é importante colocar a razão e o coração para funcionar em harmonia, sem expor demais as questões que competem apenas ao casal, mas inserir o grande interessado na história de forma acolhedora e cuidadosa.

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Denize Barros, designer, é mãe de Teodoro, 10 anos, e mora em São Paulo

Kiara contou junto com o pai de suas filhas

Tomamos juntos a decisão de dizer às nossas meninas que nos separaríamos, dar a notícia de que não sabíamos o que seria agora. Falaríamos sobre ter duas casas e sobre nosso amor por elas. Minhas queridas, vamos mudar. Eu, seu pai, nossa vida, vocês. Vamos mudar de casa, de caminhos, de escolhas. Talvez a gente faça coisas que nunca imaginou. Talvez seu pai pule de bungee jump (e ele pulou). Talvez a mamãe nunca mais infernize vocês com últimas colheradas e cenas de controle (bem, só muito de vez em quando). Talvez a gente vire pais e mães diferentes agora. Talvez vocês aprendam coisas inimagináveis e nós também. A gratidão que eu sinto pelo pai delas é também por termos tido juntos a coragem de partir. Honestos com nós mesmos e com nossas meninas. E se pudesse agora falar com as mulheres que minhas filhas se tornarão, eu diria que todas as histórias desse mundo, mesmo as mais incríveis, terminam. Que a gente saiba ter coragem para amar e também para partir.

Kiara Terra, contadora de histórias, é mãe de Luiza, 10 anos, e Thereza, 7 anos, e mora em São Paulo