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Índios dizem que filha de Damares foi retirada da aldeia sem autorização

Segundo a família biológica, a menina foi levada da aldeia por uma amiga de Damares Alves, sob o pretexto de que faria um tratamento dentário.

Por Júlia Warken
Atualizado em 16 jan 2020, 01h32 - Publicado em 31 jan 2019, 10h23
 (Reprodução/Revista Época/Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Uma reportagem publicada pela revista Época foi atrás da família biológica da filha adotiva de Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Hoje com 20 anos, a menina é indígena e a adoção jamais foi plenamente regularizada, como a própria Damares já revelou em entrevistas. 

“A branca levou a Lulu”, diz Tanumakaru, a avó biológica da garota. A frase estampa a capa da revista e Tanumakaru conta que Kajutiti Lulu Kamayurá, com seis anos na época, foi levada da aldeia Kamayurá por Márcia Suzuki, amiga e braço direito e Damares. Ambas são fundadoras ONG Atini, que se propõe a salvar crianças indígenas do infanticídio. 

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(Revista Época/Reprodução)

De acordo com a avó e outros membros da aldeia, que fica no Xingu, Márcia havia dito que levaria Lulu para fazer um tratamento dentário. Depois disso, a menina sumiu. 

“Márcia veio na Kuarup (festa tradicional em homenagem aos mortos), olhou os dentes todos estragados (de Lulu) e falou que ia levar para tratar”, disse Mapulu, pajé e irmã do cacique kamayurá.

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Era a avó quem criava Lulu, pois a mãe não tinha condições de fazê-lo. A reportagem conta que a menina vivia de maneira precária e que chegou a ser tratada por causa de desnutrição. Isso, porém, não justifica uma adoção irregular. Segundo a reportagem, a adoção de uma criança indígena precisa passar pelo crivo da Justiça Federal e da Justiça comum. Também depende do aval da Funai.

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Questionada pela Época sobre o tema, Damares não se posicionou quanto à já declarada irregularidade na adoção de Lulu e respondeu apenas parcialmente às perguntas, de acordo com a revista. “Todos os direitos de Lulu Kamayurá foram observados. Nenhuma lei foi violada. A família biológica dela a visita regularmente. Tios, primos e irmãos que saíram com ela da aldeia residem em Brasília. Todos mantêm uma excelente relação afetiva”.

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Quanto às alegações de que a menina apenas faria um tratamento dentário e depois retornaria à aldeia, a ministra respondeu: “Lulu Kamayurá já retornou à aldeia. Ela deixou o local com a família e jamais perdeu contato com seus parentes biológicos”. Segundo os kamayurás que ainda moram no Xingu, a primeira visita da garota só foi acontecer há cerca de dois anos. 

“Chorei, e Lulu estava chorando também por deixar a avó. Márcia levou na marra. Disse que ia mandar de volta, que quando entrasse de férias ia mandar aqui. Cadê?”, declarou Tanumakaru. Ao ser perguntada se Márcia fez menção de que a menina seria retirada da aldeia permanentemente, a idosa respondeu: “Nunca”. 

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